Meu Diário
15/04/2017 10h02
O AMOR – KHALIL GIBRAN

            Depois que o Mestre Jesus nos ensinou sobre o amor, almas sensíveis como Paulo de Tarso, Camões, e Khalil Gibran escreveram sobre ele. Irei transcrever um poema de Khalil Gibran que eu ainda não conhecia para refletir sobre os sentimentos do autor associados aos meus...

            O AMOR

            E alguém disse: fala-nos do Amor:

            - Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis. E quando suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.

            E quando vos falar, acreditai nele; apesar de a sua voz poder quebrar os vossos sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins.

            Porque assim como o vosso amor vos engrandece, também deve crucificar-vos. E assim como se eleva à vossa altura e acaricia os ramos mais frágeis que tremem ao sol, também penetrará até as raízes sacudindo o seu apego à terra.      

            Como braçadas de trigo vos leva. Malha-vos até ficardes nus. Passa-vos pelo crivo para vos livrar do joio. Mói-vos até a brancura. Amassa-vos até ficardes maleáveis.

            Então entrega-vos ao seu fogo, para poderdes ser o pão sagrado no festim de Deus.

            Tudo isto vos fará o amor, para poderdes conhecer os segredos do vosso coração, e por este conhecimento vos tornardes o coração da Vida.

            Mas, se no vosso medo, buscais apenas a paz do amor, o prazer do amor, então mais vale cobrir a nudez e sair do campo do amor, a caminho do mundo sem estações, onde podereis rir, mas nunca todos os vossos risos, e chorar, mas nunca todas as vossas lágrimas.

            O amor só dá de si mesmo, e só recebe de si mesmo.

            O amor não possui nem quer ser possuído.

            Porque o amor basta ao amor.

            E não penseis que podeis guiar o curso do amor; porque o amor, se vos escolher, marcará ele o vosso curso.

            O amor não tem outro desejo senão consumar-se.

            Mas se amarem e tiverem desejos, deverão se estes: fundir-se e ser um regato corrente a cantar a sua melodia à noite.

            Conhecer a dor da excessiva ternura. Ser ferido pela própria inteligência do amor, e sangrar de bom grado e alegremente.

            Acordar de manhã com o coração cheio e agradecer outro dia de amor.

            Descansar ao meio dia e meditar no êxtase do amor.

            Voltar à casa ao crepúsculo e adormecer tendo no coração uma prece pelo bem amado, e na boca, um canto de louvor.

            Geralmente se associa esse poema ao amor romântico, pode até ser feito assim, mas quem esperar que ele irá funcionar ao longo do tempo com as mesmas características, irá se decepcionar. O amor não possui nem quer ser possuído, e essa é uma característica do amor romântico. Que for praticar esse poema na sua essência e completude, irá perceber mais adiante que estará praticando o Amor Incondicional. O amor que só dá de si mesmo, e só recebe de si mesmo.

            Tem muita gente que ainda confunde este Amor Incondicional com o amor romântico, e termina decepcionado no decorrer da vida, decidindo nunca mais amar outra vez. Erro enorme devido a ignorância. Decide não amar nunca mais, não sabendo que nunca soube o que era o amor, nunca experimentou o verdadeiro amor. E como é difícil reeducar uma pessoa assim traumatizada, pois não consegue entender que exista uma forma de amar tão desprendida dos valores materiais, dos condicionamentos, e ainda assim proporcionar tão grande prazer.

            Esta foi a lição que o Mestre Galileu veio nos ensinar e que a lição tão pouco penetrou no coração de quem o leu ou escutou, com a pureza que é necessária à nossa ligação com o Pai.  


Publicado por Sióstio de Lapa em 15/04/2017 às 10h02


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr