Meu Diário
09/06/2017 23h59
OVELHA DESGARRADA

            Para seguir as lições do Cristo necessitamos de muita coragem e discernimento. Mesmo que já tenhamos conhecimento do Evangelho e da importância de aplica-lo para a nossa evolução espiritual, sempre ficamos temerosos e fazemos apenas o trivial ao nosso alcance.

            Sabemos que é importante a solidariedade, a compreensão do nosso irmão que sofre, que entrou pelos caminhos errados e agora emaranhado nos cipoais dos erros sofre a punição da justiça e o ódio de muitos que se sentem prejudicados. O Mestre nos ensinou que não devemos desamparar esses irmãos perdidos, são como as ovelhas que se afastam do redil e não conseguem mais voltar. É preciso que o pastor vá à sua procura e a traga nos braços, se necessário for.

            Temos o caso de uma “ovelha” política que se perdeu nos caminhos da corrupção e foi alcançada pelo braço da justiça. A polícia foi até sua casa e o levou escoltado para a cadeia. Muitos se juntaram nos apupos à sua saída do apartamento onde mora e podemos imaginar o grau de sofrimento que ela passou nesse momento, inclusive seus parentes. Seus crimes se tornaram públicos, sua moral caiu ao chão...

            Que podemos fazer num caso como esse, sabendo que essa pessoa faz parte da família universal, que é minha irmã e que precisa de solidariedade? Nesse momento é importante usar a bússola comportamental que o Cristo nos ensinou: “Fazer ao próximo aquilo que gostaríamos que fizessem conosco”. Então, ficando eu no lugar dele, sabendo os crimes que cometi, que eu gostaria que fizessem comigo? Gostaria que eu fosse compreendido em minhas argumentação, mesmo que eu tivesse entrado por um caminho errado, que eu tivesse a chance de me recuperar, de pagar pelo erro cometido. Gostaria de ser esclarecido sobre as leis espirituais da mesma forma que hoje eu tenho a compreensão, para que eu tivesse uma tomada de decisão sintonizada com a lei do Amor.

            Pensando dessa forma, não posso tergiversar, tenho que procurar esse irmão e oferecer minha solidariedade na forma de levar à luz da Verdade, os caminhos que o Cristo nos apontou e realçar que a vida real não se processa aqui no mundo material, onde tudo serve de escola ou de hospital dentro de nossas necessidades. Levarei a chance dele refletir sobre o mal que fez e procurar um caminho para se redimir. Ele irá aprender a partir do meu comportamento, uma nova forma de servir, sem esperar recompensa material e sempre sintonizado com o nosso Pai que quer que todos tenham chance de recuperação de seus erros.

            Muitos dizem que essa pessoa tinha consciência do mal que praticava durante tantos anos, em cargos importantes na estrutura da República, que não é um inocente e que não tem nenhum interesse em se arrepender de algo que lhe parece correto fazer, de corromper os vários níveis de relacionamento em busca de benefícios pessoais para si, sua família ou seu grupo político. Sim, pode ser que essas pessoas que pensam assim tenham razão, mas nós, enquanto cristãos, não podemos deixar de fazer a nossa parte.

            Devemos levar a luz do Evangelho e ensinar a forma de evolução que todos estamos submetidos e deixar que essa pessoa, essa ovelha desgarrada do redil do Cristo, tenha oportunidade de rever suas ações. Depois, ela não poderá se justificar: “mas ninguém nunca me explicou que a vida se processa dessa maneira...”.


Publicado por Sióstio de Lapa em 09/06/2017 às 23h59


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr