Meu Diário
25/06/2017 23h08
A MULHER

            Pedro chegou perto de Jesus e indagou a Ele sobre a lei de Moisés que orientava o apedrejamento das mulheres que pecavam, que se deterioravam pela prostituição, já que as lições que o Mestre passava, de Amor e tolerância, parecia proteger essas pessoas.

            Jesus advertiu ao velho discípulo, que a maioria das mulheres que se encontram nessa situação de decadência moral, são devido as culpas dos próprios homens que a induziram entrar no mundo do pecado. Disse ainda que tanto o homem quanto a mulher foram criados de forma equânime, todos com a centelha do Criador dentro de si, mas a mulher tem uma responsabilidade maior com o Amor, pois é dela o dever de guardar dentro de si por nove meses o filho que foi gerado, e ainda alimentar no próprio seio, educar e proteger nos primeiros anos de vida. Esse esforço extra que toda mulher faz na sua vida, geralmente de forma anônima, não é reconhecido como é reconhecido o trabalho de políticos, filósofos, generais, nos livros de história. Isso faz ainda mais a mulher se aproximar de Deus, pois o Pai também não é reconhecido pela maioria das pessoas, que vivem na terra dominado pelos instintos animais. Por isso, Pedro, - explicou o Mestre - o rigor da lei de Moisés com as mulheres, que assim tenta preservar os interesses materiais dos instintos masculinos, não pode ter mais autoridade moral que a lei do Amor, que é baseada na Verdade e na Justiça divina. Como poderíamos compactuar com tal lei, se sabemos toda essa história e predestinação da mulher? E sabemos também do comportamento masculino?

            Pedro assentiu com as explicações do Mestre, sentiu a sabedoria e justiça que vinham de suas palavras e calou meditativamente.

            O tempo passou, e dois dias depois do sacrifício da crucificação do Mestre, os discípulos estavam desarvorados, sem entender porque o Mestre tão poderoso, tão próximo de Deus, se submeteu à tanto suplício, à desonra, à ironia, à crucificação entre dois ladrões. O pensamento chegava ao desespero, ao medo... como levar adiante as mensagens do Mestre, de uma pessoa que se viu tão humilhada e desonrada? O Amor que o Mestre ensinara não tinha espaço no coração desses discípulos.

            No terceiro dia Maria Madalena foi ao sepulcro do Mestre com flores nas mãos, lembrava das lições, do Amor que sentia em sua presença... Foi nesse momento que Jesus sentiu a vibração do Amor, o sentimento que liga o Céu com a Terra, e teve condições de se manifestar. Chamou Maria pelo nome e quando essa o reconheceu e tentou lhe abraçar, o Mestre disse que não o tocasse, que não havia ainda subido para o Pai.

            Maria Madalena levou a boa notícia aos demais discípulos, que após vencer o primeiro momento de dúvidas, sentiram grande alento em seus corações e despertou toda a energia de saírem pelo mundo divulgando o Evangelho.

            Há um historiador francês que faz a seguinte indagação: “Onde está o sábio da Terra que já deu ao mundo tanta alegria quanto a carinhosa Maria de Magdala?”. É uma amostra da força amorosa que a mulher possui, pois nenhum dos discípulos masculino conseguiram deixar o Amor em destaque e possibilitar a materialização do Mestre, provando que Ele continuava vivo e entre nós. Foi o portal amoroso que Maria Madalena abriu, uma mulher, condenada pela cultura e preconceitos humanos, que possibilitou a força necessária para a instalação dos princípios da Boa Nova em nossos corações.  


Publicado por Sióstio de Lapa em 25/06/2017 às 23h08


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr