Meu Diário
26/06/2017 13h21
OS DEZ TOUROS

            Na filosofia Zen a história dos 10 Touros é contada para explicar a evolução humana. Tem certa semelhança com o Mito da Caverna, de Platão, onde pessoas acorrentadas vêm sombras na parede projetadas por uma fogueira que está atrás deles. Pensam que essas seja a realidade e fazem estudos magníficos sobre elas. Até que um dia, uma dessas pessoas consegue se libertar das correntes e foge para o mundo exterior. Essa pessoa ver outra realidade, a luz do sol e um mundo brilhante ao seu redor. Volta à Caverna para dizer às pessoas o que viu, como é a realidade lá fora, mas todas não acreditam, o ironizam e tentam prendê-lo como louco. Ninguém acredita que exista lá fora um mundo como foi descrito.

            A história dos 10 Touros começa pela primeira figura onde um jovem vaqueiro sai pelo mundo à procura do Touro, o seu animal. Esta história Zen já começa num nível mais adiantado, pois a pessoa vai à procura de uma coisa que sabe que existe, enquanto as pessoas na Caverna de Platão continuam presas às suas correntes, sem aceitarem a existência de um mundo novo lá fora.

            Na segunda figura o jovem encontra as pegadas do Touro. Já imagina que seja um animal bem maior do que ele pensava, tendo em vista o material que ele levava para prender esse Touro, imaginava ser um animal bem mais frágil, material mais apropriado para prender um cãozinho poodle.

            Finalmente o vaqueiro ver o Touro à distância, ver o seu enorme corpo, mas ainda não consegue ver a cabeça. É o momento que nós nos deparamos com nossos instintos que possuem a força para nos arrastar para onde eles acreditam que exista o prazer.

            O vaqueiro não se intimida e parte para o enfrentamento do Touro. Corresponde ao momento que nós estamos frente a frente com o animal que dorme dentro da gente e que sentimos que é necessário enfrenta-lo. Mesmo o animal sendo enorme, o vaqueiro tem a determinação, e isso é o suficiente para a sua vitória, mesmo que demore muito tempo.

            Na quinta figura o vaqueiro tem o Touro dominado, mas é preciso que ele tenha muito cuidado, o animal está vigilante, raivoso e a qualquer momento ele pode arrastar o seu dono. Esta é a fase que o apóstolo Paulo experimentava, de querer fazer o bem, mas terminava fazendo o mal que ele não queria.

            Na figura seguinte o animal está domesticado, o vaqueiro pode seguir serenamente sobre ele, pois o Touro irá para o vaqueiro queira ir, e ele pode ir tocando sua flauta sem preocupações. É o momento que nós dominamos nossos instintos e eles não ameaçam que nós façamos alguma coisa que não queremos

            Na sétima figura vemos o vaqueiro sem o Touro. Ele não precisa mais dele. Foi um momento que ele precisava saber administrar a energia do seu animal para atingir determinado propósito. É como alguém que vai à procura de um barco para atravessar um rio, e depois de atravessado não precisa mais o carregar.

            O vaqueiro sabe que tem um animal dentro de si, que o obedece e fortalece, por isso essa figura é em branco, o vaqueiro pode ir para qualquer lugar, está livre.

            A penúltima figura mostra a Natureza e agora o vaqueiro pode olhar e apreciar tudo que existe sem ter o incômodo do animal dentro de si.

            Por fim ele vai pelo mundo a mostrar a importância de cada um encontrar o seu animal e com ele viver uma vida de qualidade. É semelhante a pessoa que consegue fugir da prisão da caverna, no mito de Platão, e que volta para instruir seus companheiros sobre a realidade da vida. Foi o que Jesus fez conosco, já estava vivendo no êxtase de paraíso, mas obedeceu a vontade do Criador, dentro da sua consciência, para voltar à Terra e nos ensinar como fazer para dominar o nosso animal poderoso e seguir com liberdade a vontade do Pai.


Publicado por Sióstio de Lapa em 26/06/2017 às 13h21


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr