Meu Diário
06/12/2017 00h59
ENFRENTAMENTO ESPÍRITO X MATÉRIA

            Na nossa vida cotidiana estamos em constantes embates espirito x matéria. No começo da vida era mais difícil, a nossa condição de criança ia encontrar os recursos corporais cheios de instintos de sobrevivência, sem o devido questionamento do cérebro imaturo, da consciência. É dever dos pais e da cultura ir podando os excessos de egoísmo para não prejudicar o próximo, a coletividade.

            Quando atingimos um nível de maturidade consciencial para entender os diversos aspectos da vida, podemos aceitar os paradigmas mais coerentes com a nossa forma de pensar e nos comportar conforme eles. No meu caso, aceito os paradigmas espirituais como hierarquicamente superiores e aos quais privilegio nos meus relacionamentos diversos. Sempre colocando os fatores espirituais acima dos materiais, mesmo que isso me traga prejuízo neste campo, mas se traz benefícios espirituais, é o que importa.

            Essa forma de pensar leva a influência em todas as áreas do meu comportamento, inclusive na área profissional onde tenho atuação como psicoterapeuta e procuro colaborar na resolução dos conflitos psíquicos dos meus pacientes. Dessa forma, vou avaliar o caso de um embate dessa natureza que está sendo realizado agora em tempo real.

            O homem teve relacionamento cum uma mulher que concomitantemente, praticamente no mesmo período de tempo, teve contato com outro homem e gerou com ele dois filhos, gêmeos. O pai dessas crianças não dá o devido suporte e o primeiro homem é quem atende algumas necessidades pontuais.

            Acontece que chegou um momento crítico. As crianças cresceram, se tornaram homens, e estão desempregados. Pela dificuldade que o país atravessa em empregos, até agora nenhum dos dois conseguiram nenhuma colocação. Surgiu a possibilidade da compra financiada de um carro para que eles possam trabalhar no sistema Uber, mas esbarra no financiamento. O pai não tem como ajudar, e o resto da família idem. Foi lançado um pedido de ajuda nesse sentido ao homem que sempre está colaborando, mas agora, atendendo este pedido de fazer um empréstimo em seu nome, sem ele ter capacidade de honrar o pagamento durante quatro anos, caso aconteça uma falha qualquer no planejamento, os riscos são grandes. Se for visto pelo lado material a resposta seria de imediato negativa. Mas existe o lado espiritual que entra no embate com a visão materialista.

            Existia um relacionamento afetivo desse homem com a mãe desses dois filhos, tanto é que eles poderiam ter sido dele. E se acaso fosse dele, qual seria a resposta? Acredito que seria positiva. Então, com esse argumento biológico, se fosse seus filhos, ajudaria, entra o contraponto espiritual. Porque, então, não fazer o empréstimo, considerando esse relacionamento material profundo. Por que não considera-los como filhos espirituais, já que está nos paradigmas desse homem a construção do Reino de Deus e da família universal? Afinal, já existem diversas pessoas que ele ajuda e que entra nesse critério, de parentes espirituais, sem nenhuma ligação sanguínea, material.

            Essa foi o cerne da discussão que fermentou a reflexão mental. O homem partiu para uma conversa com a mãe e os dois filhos, bem mais inclinado por uma decisão espiritual do que material.


Publicado por Sióstio de Lapa em 06/12/2017 às 00h59


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr