Meu Diário
10/12/2017 09h05
ENFRENTAMENTO ESPÍRITO X MATÉRIA - RESULTADO

            O homem, cujo espírito estava em enfrentamento com os impulsos instintivos da materialidade, foi para a conversa que havia combinado com a mãe e os dois filhos, inclinado para decidir pelo lado espiritual, fazer o empréstimo que eles estavam pretendendo. Porém, sem esquecer a advertência feita pelo Mestre, de ser “simples como as pombas e prudentes como as serpentes”.

            Ele chegou pontualmente no horário combinado. Apenas a mãe estava pronta, na expectativa da conversa. Os filhos foram chamados, só veio um, atrasado. Esta foi uma primeira observação, o envolvimento dos principais interessados. Parecia que o benefício solicitado, seria recebido sem qualquer demonstração de empenho. Foi informado que o outro irmão havia desistido do negócio, mas que um primo iria participar e com mais importância, pois ele era quem tinha a carteira de motorista.

            Esta nova condição que estava surgindo, desmontou no raciocínio do homem o mínimo grau de segurança que existia. O homem sentia que a força materialista agora subjugava as intenções espirituais. Colocou as suas argumentações e preocupações.

            - Existem dois problemas nesse negócio que vocês querem fazer: o primeiro é a questão do crédito bancário para ser feito o empréstimo; o segundo é a capacidade financeira de honrar os pagamentos das parcelas durante os 4 anos vindouros. O primeiro pode ser resolvido com facilidade com o crédito que tenho do banco. O segundo é o mais difícil. Como honrar esse pagamento durante os quatro anos, se eu não posso fazer isso caso vocês não possam, por qualquer motivo? Tenho também os meus compromissos financeiros, posso conceder o crédito, mas não o pagamento dessas parcelas. Vocês contam com o trabalho no Uber para honrar os pagamentos. Isso será possível, se vocês estiverem trabalhando com harmonia e o carro não apresentar nenhum problema. A dependência do trabalho estará nas mãos de outra pessoa, já que você não tem a carteira de habilitação. Seu irmão desistiu do negócio. O carro pode apresentar um defeito qualquer e ter necessidade de parar na oficina, é custo a mais e dias parados. Sem falar que pode se envolver em acidente de trânsito com as mesmas consequências. Portanto é um investimento de altíssimo risco, sem nenhuma garantia desse pagamento.

            Foi notado que o filho não apresentou nenhuma contra argumentação capaz de viabilizar o negócio, de garantir que o pagamento seria feito, mesmo que o carro não estivesse produzindo. A mãe foi quem colocou o argumento de que a avó poderia fazer esse pagamento, caso o carro ficasse parado. Pediu para o filho entrar em casa e pedir a avó, que se encontrava deficiente física, se poderia fazer esse compromisso, de honrar esse pagamento. Ele entrou e voltou com uma resposta positiva. Achei muito fácil essa decisão, como se fosse feita no escuro, sem saber na realidade do que se tratava. Perguntei se não era a avó que com os seus recursos bancavam as necessidades da casa e se ela fosse tirar para fazer esse pagamento, como é que eles ficariam? O filho ficava calado com a força dos argumentos, mas a mãe procurava escapar com novas possibilidades, sem consistência.

            O homem notou que havia uma necessidade enorme de atender os desejos do filho na compra desse carro para esse objetivo, sem considerar o risco que estaria colocando o seu amigo. Afinal, os recursos financeiros que cada pessoa que se inclui dentro do Reino de Deus possui, pertence ao próprio Deus, deve ter o cuidado de não os dispersar, pois ao seu lado pode surgir outras necessidades mais coerentes com a vontade do Pai.

            Falou com firmeza sobre a obrigação que temos de ser realistas com as situações que nos envolvem, para não desperdiçar os poucos recursos ao nosso alcance e não deixar os nossos amigos em dificuldades intempestivas.

            Finalmente, a decisão foi pela busca da paciência e prudência. O filho terminar o curso de bombeiros, fazer sua carteira de motorista para não depender de terceiros, a mãe procurar um emprego para que possa colaborar em qualquer necessidade financeira, e os amigos ficarem fora de riscos que podem ser contornados.

            Acredito que mesmo a decisão espiritual não tendo sido tomada, a condução da conversa e as circunstâncias observadas, deixou satisfeito o espírito, pois sentiu que estava pronto para servir ao próximo, mas deixando os interesses do Pai em primeiro lugar. Daí ficou entendido a sabedoria das lições do Mestre: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo”.


Publicado por Sióstio de Lapa em 10/12/2017 às 09h05


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr