Meu Diário
13/05/2018 02h31
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

            No passado as doenças mentais não existiam, eram simplesmente loucura, os enfermos eram temidos e perseguidos. Como não existia a doença, não existia também o tratamento. Essas pessoas doentes eram contidas e geralmente torturadas, uma ação bem próxima do assassinato. A ideia que se tinha é que essas pessoas se comportavam de forma estranha porque estavam dominados por espíritos malignos, pelo próprio diabo.

            O pensamento evoluiu para se imaginar que a pessoa doente era atacada por forças externas, e daí veio a primeira tentativa biológica de tratamento, com a técnica da t

Trepanação, fazer uma abertura no crânio para tirar a influência que havia se interiorizado e que adoecia a pessoa.

            Em sociedades mais sofisticadas como a romana, podia-se pensar na influência dos astros, como a lua, daí o termo Lunático. A pessoa sofria uma influência que deixava o seu comportamento fora da normalidade, que a deixava exposta aos tratamentos da época, mas se a pessoa tivesse um cargo elevado, um poder social, então tudo era tolerado, como aconteceu com alguns imperadores dementes, como Nero e Calígula.

            A vinda do Cristo trouxe um divisor de águas para esse tipo de tratamento cruel para os doentes mentais. Ele usava frases amistosas e a imposição das mãos para tratar os doentes possessos pelas forças malignas. No entanto, os seus seguidores não tiveram essa mesma conduta, e muitos cristão, padres e assemelhados, promoveram a morte de milhares de pessoas nas fogueiras, acusando-as de feitiçaria e de pacto com o demônio.

            No século XVI da nossa era, se continuava à procura de uma solução para esses doentes mentais. Acreditava-se que nos fluidos vitais dos indivíduos estava o local onde se abrigava as enfermidades, e por isso a Sangria se tornou um tratamento muito popular entre os médicos. Também se usava o artifício de Ventosas para provocar uma congestão ou uma bolha que deveria ser perfurada em seguida para liberar os venenos.

            Com a mesma preocupação de expulsar os venenos corporais, foi inventada a Cadeira Rotatória, que sob o efeito da força centrífuga, deslocava as impurezas do corpo para a periferia e auxiliava na sua excreção.

            No século XVII era construído o Manicômio, Hospício, estabelecimento ou Hospital especializado na internação e no tratamento de pessoas loucas, com problemas mentais – que evoluiu para o atual Hospital Psiquiátrico.

            Essa terminologia termina por ser confusa até a atualidade pelo leigo e às vezes pelos próprios profissionais que trabalham na área. Na Reforma da Assistência Psiquiátrica isso ocorreu de forma abusiva. O Hospital Psiquiátrico foi acusado ter outras destinações, como Manicômio, para manter pacientes por ordem judicial, ou de asilo, para manter pacientes que não tinham outra destinação social.

            No século XVIII, 1796, o médico Phillipe Pinel assume o Hospício de Salpêtrière, e inicia a moderna psiquiatria, ao tirar o paciente das algemas e promover um tratamento mais humanizado.

            Podemos considerar também o início científico da Psiquiatria no começo do século XIX, também com Pinel que publicou o “Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou mania”. Pinel foi o primeiro a classificar as diferentes formas de psicose e sintomas como alucinações, ausências, delírios e outros. Aboliu tratamentos como cárcere, sangrias, surras e banhos frios, propondo tratamento humanizado e amigável com o paciente.

            Franz Mesmer (1734 a 1815) defendia que se podia canalizar a energia mental do paciente através do magnetismo dos olhos, deixando os paciente em transe, criando assim o Mesmerismo. Foi o primeiro passo para a criação da Hipnose, pelo médico Jean Charcot (1825-1893) que deu maior credibilidade ao transe magnético e explorava os pensamentos mais profundos do paciente. A Hipnose fazia desaparecer sintomas histéricos de conversão (paralisia, cegueira), mas que duravam os efeitos terapêuticos enquanto persistisse o transe. Isso levou a conclusão que os sintomas, aparentemente neurológicos, não era devido a uma doença somática.

            Sigmund Freud, que chegou a estudar com Charcot, descobriu que não precisava da hipnose para atingir os problemas mais profundos do paciente. Deu o nome de Psicanálise ao trabalho que ele iniciou e pelo qual trazia à consciência do paciente o que havia de recalcado no seu inconsciente. Mostrava que a doença estava sendo gerada no psiquismo e que pela associação de ideias ele chegou a organizar o psiquismo em três instâncias: id, ego e superego Considerava assim o consciente, subconsciente e inconsciente.

            Mesmo assim, técnicas como a Hidroterapia, que levava o conforto do banho quente, mas também usada em jatos para servir como uma bofetada para impactar o paciente, continuavam a ser utilizadas.

            A neuro-sífilis terciária que levava a uma lesão neurodegenerativa do cérebro, que produzia encefalite, tremores, convulsão, afasia, paresia, paralisia, demência e morte, podia ser curada pela febre alta produzida pela Malária, a primeira vez que se observou a cura em psiquiatria.  

            A observação de que pacientes epilépticos tinham certa proteção contra sintomas psicóticos, levou a pensar que as convulsões podiam prevenir doenças mentais tipo esquizofrenia. A partir daí passou a ser usada a insulina e o cardiazol para a produção das convulsões, o que também melhorava os sintomas depressivos. Com esses sucessos, mas com uma técnica cheia de consequências biológicas, chegou-se a um método mais seguro, a eletroconvulsoterapia, que e usada até hoje com muito sucesso e segurança, apesar de cheia de preconceitos por parte de quem não conhece os seus benefícios e foca no uso abusivo e criminoso que foi feito no passado, como método de tortura.

            Nesse panorama de procura por técnicas mais apropriadas para o tratamento das doenças mentais, chegou-se às pseudociência como Penologia (estudo das penas, punições e medidas de prevenção de crimes), Frenologia (mapeamento do crânio), Quiromancia (leitura das linhas das mãos), Fisionomia (conjunto dos traços do rosto), Metoscopia (conjunto das linhas da testa associado aos planetas) e Demonologia (considerava a pessoa com demônio no corpo).

            A técnica mais próxima dos critérios científicos foi a Lobotomia, que chegou a dar o Prêmio Nobel ao seu criador, Egas Moniz, porém, era um procedimento afastado de critérios humanistas, com sérias sequelas comportamentais, cognitivas e afetivas.

            Finalmente chegamos a era da Psicofarmacologia com o uso pela primeira vez da Clorpromazina em 1952 e gerando o arsenal químico: antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos, hipnóticos, anticonvulsivos, etc.

Dessa forma podemos elencar da seguinte forma os diversos recursos atuais em psiquiatria, primeiro do ponto de vista institucional: Hospital psiquiátrico, CAPS I, II, III, AD, Infantil, Residência Terapêutica, Hospital Geral, Hospital de Custódia, Clínica Especializada e Comunidade Terapêutica; e segundo, do ponto de vista pessoal: Psicofarmacologia, Psicoterapia, Terapia Ocupacional, Psicoeducação (diagnóstica, espiritual), Eletroconvulsoterapia e Psicocirurgia.

            Considerando o futuro, podemos imaginar que a maior arma que teremos no tratamento das doenças mentais, será a associação do mundo material com o mundo espiritual e na utilização do Evangelho como a melhor forma de integração do homem ao seu entorno e às motivações conscientes e inconscientes do seu psiquismo.


Publicado por Sióstio de Lapa em 13/05/2018 às 02h31


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr