Meu Diário
14/12/2018 02h01
O MÉDIUM FALIDO

               Encontrei um texto com o título acima, assinado por José Maria Alencastro, que aborda a falência daquelas pessoas que possuem o dom de comunicação com o mundo espiritual, que devem ter um compromisso maior com a espiritualidade superior e que, no entanto, desviam da porta estreita por onde devem caminhar. Vejamos o que diz o texto para nossas reflexões:

O MÉDIUM FALIDO

               Muitos leitores perguntaram sobre o caso envolvendo acusações contra o médium João de Deus. As investigações apontarão o que há de verdade nesse caso. Caso seja verdade, infelizmente, não será o primeiro e nem o último caso. Muitos médiuns que trabalharam com o Dr. Fritz e outros espíritos, faliram espiritualmente pelos mais diversos motivos: busca por poder político, deslumbre com a mídia entre outros problemas que colocaram a espiritualidade em segundo plano.

               Sabemos que os médiuns são humanos e falhos e na sua grande maioria longe de serem os missionários que muitos espíritas e espiritualistas acreditam. Mas há uma diferença entre aqueles que entre erros e acertos buscam vencer as más inclinações, entre aqueles que se entregam ao equívoco com a desculpa de pecadores convictos. Pecadores ou falíveis todos somos, mas há que se lutar para não jogar fora todo um compromisso mediúnico por conta de questões menores,

               Quando o médium de cura começa a atender cada paciente em 15 ou 30 segundos ou ainda cobra de quase todos um “remédio” padronizado como essencial a cura “espiritual”, quando o médium começa a priorizar o atendimento de pessoas mais ricas ou socialmente poderosas, quando começa a fingir possuir determinadas mediunidades mais “vistosas” como a incorporação inconsciente mesmo claramente se observando que se trata de mediunidade 100% consciente mistificada de inconsciente, quando o médium preocupado com questões financeiras se obriga a lançar 4 ou 5 livros por ano (muitas vezes de qualidade literária duvidosa) para garantir a manutenção da empresa que criou, quando o médium começa a cobrar altos valores por cursos e eventos (mais preocupado com a aparência exterior da estrutura do que com o número maior de estudantes que poderia atrair), quando o médium se torna uma máquina comercial na qual estudos e ensinamentos todos envolvem alguma espécie de cobrança financeira e praticamente nada é gratuito, então definitivamente temos um médium falido. Quando se usa a mediunidade ou determinado poder, conhecimento ou fama advindas da mediunidade para matar, roubar, estuprar ou qualquer coisa do gênero, pior ainda.

               Que cada médium possa se erguer caso esteja enveredando por um desses caminhos e que as pessoas que buscam auxílio ou conhecimento espiritual tenham um olhar mais racional sobre os médiuns e os resultados que estes produzem, evitando fanatismos e defesas cegas. Infelizmente muitos usam de palavras doces para iludir e desejam arrogar um poder que verdadeiramente não possuem, por isso muita atenção e razão antes de acreditar totalmente em algum médium e naquilo que ele diz ser capaz de fazer, pois são as ações, tanto para o bem como para o mal é que mostrarão a verdadeira índole e a verdade capacidade mediúnica do médium. 

               Nos 15 anos de reuniões do Dr. Fritz que acompanhei, quando ele incorporava no meu pai, pude presenciar, infelizmente, muitos médiuns falindo na trajetória. Começavam com um belo trabalho, mas depois de 10, 20 anos sucumbiam e na maioria delas em definitivo. Por isso também alerto: tempo de mediunato não representa imunidade contra a queda e falência espiritual.

               Que cada um tenha essa consciência, pois em um mundo provacional como o nosso, atualmente a Espiritualidade Superior precisa não apenas lidar com as limitações mediúnicas e morais da maioria dos médiuns (que volto a dizer, em sua maioria não são missionários) como também precisar lidar com o constante assédio das trevas interessada em manipular os médiuns, tanto pela falência na difusão do conhecimento da vida espiritual, como também retirar do campo de combates possível soldados que poderiam trabalhar pelos ideais do Cristo em benefício de muitas pessoas.

               Mais razão e observação meus amigos, são os melhores remédios para evitar a manipulação da fé.

                                                                             José Maria Alencastro

               Um texto bem apropriado para refletirmos sobre nossa condição de médiuns, que todos nós somos. Aquela virtude que possuímos em grau maior, que pode trazer benefícios ao próximo, devemos saber lidar com muito cuidado, para que não se torne uma ferramenta do egoísmo e do sofrimento de quem deveríamos ajudar. Quanto mais ostensiva a nossa mediunidade, mais esse compromisso com a espiritualidade superior deve ser observado, para não sairmos das fileiras do Cristo e terminarmos como soldados de outros senhores.


Publicado por Sióstio de Lapa em 14/12/2018 às 02h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr