Meu Diário
05/01/2019 02h01
TROTSKY (09) - FINANCIAMENTO DA REVOLUÇÃO

            Série Netflix.

            A cena se desloca para um passeio arborizado onde Alexander caminha ao lado de um patrocinador de suas causas e interesses.

            - A. Plekhanov é importante, mas está velho. Não é muito racional apostar nele. Eu apostaria em Lenin. É mais confiável na escolha dos meios.

            - P. Lenin é muito teimoso e obcecado com vingança. Isso pode atrapalhar o objetivo principal.

            - A. Temos outra opção.

            - P. É mesmo? Pelo que eu sei, o movimento revolucionário russo só tem Plekhanov e Lenin.

            - A. É verdade. Um novo sujeito está ganhando poder nos círculos revolucionários. Se investirmos nele...

            - P. Não temos tempo. Não sei quando haverá outra guerra, mas haverá. Estamos no século 20. Não é possível ganhar só com canhões. Precisamos de influência para desestabilizar a Rússia. Por outro lado, se transformarmos esse Trótski no nosso revolucionário... É uma ideia interessante. Quanto dinheiro precisamos para quebrar a Rússia com uma revolução?

            - A. Essa pergunta é sempre difícil de responder. Mas eu acho que... um bilhão de marcos seria suficiente.

            - P. Eu queria lhe perguntar, Gelfand. Por que escolheu o nome Alexander Parvus? Tem vergonha da sua origem judia?

            - A. Tenha um bom dia.

            - P. Até logo.

            Mais uma lição interessante. Costumamos ver a revolução como um movimento ideológico, romântico, onde se procura o bem comum, a libertação do homem escravizado seja de qual maneira for. Não pensamos que por trás do movimento revolucionário existe investimento financeiro de magnatas de qualquer coisa que quer fazer o seu dinheiro render. E o dinheiro vai render com o trabalho antes escravizado que era direcionado para alguém e agora deve ser direcionado para outro alguém, com a melhora das condições de vida de quem vivia sem qualquer dignidade. Isso não deixa de trazer certo tipo de evolução para todos os envolvidos. O perigo é quando os novos dirigentes, aqueles que conseguiram tornar vitoriosa a revolução, esquece esses princípios norteadores da ação e se tornam iguais ou piores que aqueles senhores do passado. E como o povo mal alimentado e mal-educado pode se precaver quanto a isso? Muito difícil. Apenas com a aplicação do Evangelho ou algo parecido, poderemos evoluir sem esse risco. Será esse o papel do novo Brasil que estará surgindo?


Publicado por Sióstio de Lapa em 05/01/2019 às 02h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr