Meu Diário
13/01/2019 02h01
ASSASSINO ECONÔMICO (7) - IRAQUE, 2003

            Continuação da entrevista com o economista John Perkins.

            O Iraque é um exemplo perfeito de como esse sistema trabalha. Nós, assassinos, somos a primeira linha, vamos primeiro e tentamos corromper o governo, fazendo com que aceitem enormes empréstimos por meio dos quais nós os controlamos. Se falhamos, como falhei no Panamá com Omar Torrijos e no Equador com Jaime Roldós, que se recusaram a ser subornados, aí enviamos a segunda linha de defesa, é o envio dos “chacais”. Eles são os que derrubam governos ou assassinam líderes. Em seguida, começa um novo governo no qual ditamos a política, afinal de contas, o novo presidente sabe o que acontecerá se não obedecer. No caso do Iraque, ambas as estratégias falharam. Os assassinos econômicos não conseguiram fazer contato com Saddam Hussein. Nós tentamos fazê-lo assinar um acordo muito similar ao que temos com os sauditas na Arábia, mas ele não aceitou. Então mandamos os chacais para mata-lo, mas não conseguiram: a segurança era eficiente, e além disso ele já havia trabalhado para a CIA, ele foi contratado para assassinar o presidente anterior do Iraque, mas falhara. Portanto, ele conhecia o sistema. Então, em 1991 mandamos as tropas e vencemos o exército iraquiano. A partir disso, presumimos que Saddam Hussein mudaria de ideia. Nós poderíamos tê-lo matado naquela época, mas não queríamos perder sua liderança. Pensamos que ele poderia controlar os cordos, manter os iranianos em seu país e continuar nos abastecendo com petróleo, e já que tínhamos derrotado seu exército, ele cederia. Os assassinos econômicos voltaram nos anos 90, e falharam. Se tivesse dado certo, ele ainda estaria governando seu país. Estaríamos vendendo a ele todas as armas que quisesse, mas eles não conseguiram. Os chacais não conseguiram derrubá-lo de novo, então enviamos o exército para terminar o trabalho e dessa vez, deu certo. Nós o derrubamos e no processo se criaram contratos de construção civil muito lucrativos para reconstruir o país que tínhamos destruído, o que é um ótimo negócio se você é uma empresa do ramo de construção. Então, o Iraque ilustra as três etapas: os assassinos econômicos que falharam, os chacais que falharam por fim, o exército foi enviado.

            Parece que isso é o que vemos na realidade. Talvez com o nome trocado, não é o presidente dos EUA que está tomando tal decisão baseado nos votos conquistados em sua eleição. Talvez sejam aqueles que patrocinaram sua eleição é quem tenham o poder de decisão. Mas, o que aconteceu no Brasil? O Estado pagava propinas às empreiteiras, que por sua vez financiava a campanha de quem facilitava o recebimento de propinas. Torna-se um ciclo vicioso: o povo ´paga os impostos que irão ser administrados pelos políticos corruptos; o político corrupto paga propinas às empresas; as empresas financiam a campanha dos corruptos... e o ciclo se fecha. Quem tem o poder dentro dessa rede? Deveria ser o povo, pois é com o seu dinheiro arrecadado que se forma o caixa para tudo começar. Mas quem pretende o poder é o político, que é o administrador desse dinheiro. Dessa forma, o político arrecada o dinheiro e “compra” fraudulentamente as empresas. Essas se sentem obrigadas, pois se não concordarem deixam de faturar com o trabalho honesto, tudo é direcionado para os desonestos. Quem fiscalizaria ara isso não acontecer, se todos se tornam vítimas da corrupção, e quem não aceita e denuncia termina sendo assassinado como aconteceu com o prefeito Celso Daniel?

            Nesse impasse, vejo a figura do imperador, como foi D. Pedro II, uma saída para o problema. O imperador é educado dentro de uma família cujo objetivo é servir ao país, é uma missão dentro de uma vocação, imune à corrupção, pois não depende de votos para o seu reinado. Um reinado assim, voltado para os interesses do povo e vacinado contra a corrupção, é aquele que se aproxima mais do Reino de Deus.


Publicado por Sióstio de Lapa em 13/01/2019 às 02h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr