Meu Diário
05/04/2019 01h01
CÍRCULO DO MAL DE HITLER (17) – O MENTOR NA CADEIA

Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

XVII

Juntos na prisão de Landsberg, Hess incentivava as ambições de Hitler e começa a persuadi-lo a adotar um novo papel, o de líder autoritário, salvador da Alemanha. É exatamente o que Hitler que ouvir.

Estar preso em Landsberg com Hitler, seu herói, é uma ótima oportunidade para Hess. Estão forçados a ficarem juntos, então ele poderia ficar o dia todo ao lado do Hitler. Como resultado, o relacionamento entre eles fica extremamente próximo.

Hess utiliza o tempo juntos para seduzir Hitler com uma nova visão agressiva de uma Alemanha em expansão. Uma filosofia propagada por seu antigo tutor: Dr. Karl Haushofer.

Hess tinha sido aluno de Haushofer e aprendeu ideias geopolíticas esotéricas bem estranhas... difíceis de serem definidas, mas que tinham a ver com a ideia de a Alemanha ter um destino e o direito de se expandir.

Foi através de Hess e Haushofer que Hitler começou a ter ideias de lebensraum.

A teoria do lebensraum ou “espaço vital” torna-se uma poderosa motivação para Hitler. Planta a semente de um novo superestado germânico expandindo para o leste.

Então Hess se torna uma figura muito importante sobre o pensamento de Hitler. Mas talvez a maior contribuição de Hess para o nazismo tenha sido incentivar Hitler a escrever sua visão para o futuro da Alemanha.

Foi sugerido que Hitler poderia usar melhor seu tempo na prisão escrevendo suas ideias em forma de livro, que se tornariam o manifesto do movimento e, também, uma autobiografia inspiradora.

Hitler chama seu livro de Mein Kampf, ou Minha Luta, mas na realidade, Hess é o coautor. Ele tem duas grandes influências sobre Hitler, uma é emocional, e a outra, intelectual, ideológica. Ele foi um canal, um meio de dar a Hitler as suas ideias. Juntos, Hess e Hitler criam o que vem a ser uma Bíblia racista. Sonha com impérios germânico perdidos, culpando judeus e comunistas pelo atual fracasso do país.

Se ler o Mein Kampf hoje em dia, parece as palavras de um louco. Põe a culpa nos judeus por todos os problemas do mundo, problemas de capitalismo e de comunismo. Culpa os aliados por punirem excessivamente a Alemanha após a Primeira Guerra. Sugere que certas raças biológicas são melhores que outras. É uma fossa de ódio em forma de miscelânea vinda do cérebro nacionalista e entusiasmado de Hitler. E é o mais extraordinário tonel de veneno.

Embora orgulhoso de suas conquistas, Hess não leva crédito, alegremente dedicando seus esforços a servir seu líder da melhor forma. Ele tem a habilidade de acalmar Hitler e fazê-lo sentir-se bem consigo mesmo. Em termos de amigos de Hitler, Hess era o mais próximo a ele.

Hess se torna um importante mentor para tornar o que Hitler viria a ser. O tempo na prisão foi importante para consolidar essa condição e inclusive escrever um livro para lançar ao mundo um posicionamento de forma organizada.

Com Lula, esse período de preparação foi diferente. Não havia um tutor tão esclarecido como Hess, na formulação de uma política nacional. Existia um interesse sindicalista, cheio de conchavos, com uma visão sectária, usando as deficiências nacionais como forma de atingir o poder. Tanto é verdade, que assim que assumiu o poder, procurou logo cooptar os membros do Congresso na base da corrupção, o que veio à tona no escândalo do mensalão. Depois disso, conseguiu escapar do impeachment, na estratégia do “eu não sei, eu não vi”, e progrediu com os arranjos corruptos até deixar o país em amplo caos administrativo e político, mas bastante instrumentalizado para defender seus interesses, até mesmo estando dentro da prisão.


Publicado por Sióstio de Lapa em 05/04/2019 às 01h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr