Meu Diário
03/10/2019 00h01
UMA PAIXÃO INUSITADA

            Encontrei Angélica num sonho, foi uma viagem que pedi ao Pai. Não sei qual a intensão d’Ele ao ter me colocado dentro de tal dimensão ao invés de me ter proporcionado uma viagem pelo Cosmo, como fez na noite anterior e que tanto eu havia gostado. Mas, enfim, essa experiência foi muito mais marcante, é tanto que estou aqui tentando explicar o que aconteceu, o que não fiz com a viagem no Cosmo.

            Angélica estava casada com uma pessoa do meu convívio. A mesma atração que eu tive por ela nos primeiros dias que eu a vi nesta minha dimensão material, eu voltei a sentir por ela nessa dimensão onírica. Aconteceu o mesmo com ela, mas diferente do que acontecia comigo, que estava solteiro, ela estava casada e tinha que respeitar o marido dentro dos compromissos assumidos por eles. Sem considerar a probabilidade de agressão e até uma fatalidade, se descoberto uma traição conjugal, pois a cultura permitia os assassinatos em nome da honra.

Portanto, o amor que surgiu entre nós, no seu estágio mais forte da paixão, não podia se expressar. Os nossos olhares, fugazes, em algumas oportunidades, era o máximo de expressão que esse amor poderia ter. Qualquer forma de comunicação poderia ser descoberta e a tempestade acontecer. Nem uma orientação eu poderia dar, por exemplo: dizer para ela aparentar um comportamento sempre hostil com o marido, para ele desistir do relacionamento e pedir o divórcio. Ou então, se mostrar sempre apegada, colada, com ciúmes, sufocando, para que ele se incomodasse e tivesse o mesmo comportamento de pedir o divórcio.

O diálogo, explicando a situação, que seria o mais adequado entre pessoas maduras emocional e espiritualmente, não se aplicava a ele. Era uma pessoa bastante materializada, bruta, que entendia a parceira como mais uma das suas posses materiais e qualquer comportamento fora daquele padrão, que fora prometido na igreja, seria uma afronta pessoal, uma desonra que mereceria a correção com sangue, mesmo que se tratasse de um amigo, como nós nos considerávamos.

            Talvez esta tenha sido a intenção do meu Pai. Saber como eu me comportaria dentro de uma situação dessa, com a base do Amor Incondicional que eu digo possuir. Pois bem, vamos ao teste.

            Sei que o Amor deve estar acima dos preconceitos, agir com liberdade, fazendo ao outro aquilo que quero que seja feito comigo. No caso de Angélica estávamos sintonizados, ambos sentíamos o Amor um pelo outro, mas tinha o obstáculo do marido que possuía outros paradigmas dentro de uma animalidade muito forte. A pessoa mais prejudicada era Angélica, ela era a prisioneira e que corria risco de vida com a tentativa de liberdade ou de expressar o seu Amor. Poderíamos deixar tudo como estava, se eu interpretasse que esse era o caminho mais coerente com o Amor. Eu teria forças para fazer isso, tenho certeza. Mas acontece que minha consciência apontava o contrário. Eu teria que encontrar formas desse Amor que sentíamos não ser assassinado pelas forças dos preconceitos, da ignorância da lei de Amor do Criador. Esta é a essência do problema que eu percebia está colocado em minhas mãos.

            Lembro de um detalhe do sonho, o marido de Angélica querendo demonstrar externamente o afeto que tinha pela esposa, deu de público um valor considerável em dinheiro e o cheque seria recebido dentro de uma solenidade com muita gente e muitas fotos, num ambiente tipo uma exposição de arte. Eu era um dos convidados e via Angélica posando para fotos, sem tanta alegria, em quadros que evocava a serenidade, enquanto o marido estava em outros quadros que representava prazeres mundanos. Depois, em outro momento tumultuoso, eu a via levantando acima da cabeça das pessoas um desenho feito à mão onde mostrava uma casinha isolada, numa vereda por entre árvores, como se tivesse indicando um local de encontro.

            Acordei com essa sensação. Um coração apaixonado, querendo libertar a amada cujo coração também me espera, numa dimensão muito diferente desta que vivo, não sabendo como retornar, como nos comunicar.

            Acredito que a comunicação dela ou do Pai para mim, deva acontecer através dos livros que o Pai coloca à minha disposição. O teste do Pai deve implicar na memória. Se o amor que desenvolvemos nessa dimensão é tão forte quanto imaginamos, a comunicação deve ser reconhecida na leitura de qualquer livro. Então voltarei aqui e também testareis a memória dos meus leitores, colocando o prosseguimento dessa saga que não sei até onde irá ou se terá prosseguimento. Dependo exclusivamente do Pai para me dar as comunicações e de mim para lembrar a que se destina. A mim me compete ficar na expectativa, na vigilância e dizer ao Pai que aceitei o desafio. Que estou disposto a libertar Angélica e viver um romance interdimensional, respeitando a lei do Amor Incondicional.


Publicado por Sióstio de Lapa em 03/10/2019 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr