Textos

COMPANHEIRISMO
       Procurando inspiração nas palavras do Cristo e na festas juninas realizadas no mês passado, fui em busca do que o espírito Shaolin escreveu através do médium João Nunes Maia, no livro “Ave Luz”, sobre o que o Mestre falou a Pedro quando este perguntou o que queria dizer o tratamento de “Companheiro”.
Pedro! Ser Companheiro não é apenas ser amigo dos que comungam nossos ideais. É acompanha-los em alguns dos seus também. Não podemos dizer que é a fusão completa de todos os sentimentos de pessoas ou grupos de almas. Deixemos esse fenômeno difícil para o Amor. Acompanhar os outros é o que fazes, em alguns casos, no labor da tua pesca. É ajudar sempre dentro das possibilidades, aos que se envolvem em dificuldades sem se empenhar no ganho. O prazer de ajudar por ajudar é que nos torna verdadeiros companheiros do beneficiado.
(Reflexão) Sim, a pessoa pode pensar diferente de mim, mas posso ajuda-la nas suas pretensões sem que isso desvirtue o meu próprio pensamento, e ninguém deve exigir isso também de mim. Por isso é que não é possível fazer a fusão completa dos sentimentos, pois de alguma forma, em algum pontos, todos divergem uns dos outros. Isto é tão difícil que somente o Amor pode harmonizar tantas formas de divergência e assim podermos caminhar com harmonia, tolerando e compreendendo, sem exigir nada do outro. Estar com um grupo de pessoas dentro de uma reunião, num passeio, num lazer, é fazer companhia uns aos outros, é ajudar dentro das possibilidades, sem esperar com isso qualquer recompensa. Quando adquirirmos esse prazer de ajudar por ajudar, é que nos tornamos Companheiros uns dos outros, compreendi a lição.
Quando somos o alvo da assistência é que nos certificamos do quanto é bom ter Companheiros fiéis ao lema: um por todos e todos por um. O Amor, Pedro, se divide em modalidades infinitas, e uma delas representa o assunto levantado por ti. Essa virtude divina se ramifica em repartes sem conta, procurando despertar nos corações todos os tipos de sentimentos do bem, que uns veem como companheirismo; outros, como tolerância; procurando analisar mais, encontramos a bondade; indo mais além, o trabalho, a coragem, o otimismo, a fé, a confiança, a fidelidade e muitas outras virtudes. Pelas mencionadas, ficas sabendo as sequencias das qualidades provindas do Amor.
A resposta do Mestre nos deixa pensativos, e podíamos perguntar rapidamente ao Mestre: “Então a gente pode deixar de ser Companheiro de alguém, sem que isso se tome da nossa parte, um desprezo? E aí, onde está a amizade?
Tu és meu discípulo, em quem deposito a minha confiança pela fé com que despertas para a aliança com o Evangelho. Verdadeiramente te digo que podes deixar por algum tempo de ser Companheiro de alguém, ou de algum grupo de irmãos, quando estes se esfriarem em seus ideais mais nobres. O Companheiro do bem é aquele que alimenta nos outros o entusiasmo pelas coisas que o bom senso sempre aprovou. A amizade, pois, pode perdurar até que venha a se coadunar de novo com as qualidades de intenções. Mesmo vivendo distante um do outro, o elo da fraternidade pode vibrar, e por esse caminho, algum dia, o Amor é convidado a transitar. É bom não esquecermos que há casos em que dois amigos, dedicados ao bem comum, não são Companheiros na extensão profunda da palavra, porque do dever a que um foi chamado, o outro foi dispensado, e vice-versa. Porém, reconhecem que todo bem se converte para a felicidade. O Evangelho pede dedicação de todos vós e, em casos apropriados, sacrifícios. Sois os primeiros a se iluminarem. Portanto, é justo que deveis dar o testemunho de fidelidade a Deus. Nesta comunidade que ora se inicia e para a qual fostes escolhidos antes de nascerem, eu desejo que todos sejam meus Companheiros, e o regozijo é todo meu, se fizerdes o que eu faço. Continua, Pedro, a aderir as boas ações dos que desejarem praticar e aprende com eles o que ainda não sabes. E é bom que o faças com humildade, porque a pretensão escorraça o entendimento.  
(Reflexão) Compreendi que eu posso ter vários amigos, mas nenhum Companheiro. Mas as lições do Mestre não me deixa triste, pois Ele esclarece que isso pode acontecer com todos, pois “do dever que um foi chamado o outro foi dispensado, e vice-versa”. Por outro lado, se estamos todos dispostos a fazer o bem, seja qual for o caminho que tenhamos escolhido de acordo com nossas consciências, então somos, senso lato, Companheiros.
Compreendo então que todos que procuramos seguir o Evangelho, somos Companheiros do Cristo e Companheiros mutuamente, além de sermos amigos. Precisamos estar dispostos a cumprir nossa cota de sacrifício, de acordo com a iluminação que nós já alcançamos. O Mestre finaliza da seguinte forma:
Pedro, o que quero acrescentar, para que tenhas maior confiança, é que não deves esmorecer nas lutas que abraças pela Boa Nova do Reino do Deus. Se porventura perderes alguns Companheiros ou deixares de acompanha-los, por motivo de força maior, não perturbes o teu coração. Se a tua consciência estiver tranquila pelo ideal do bem que alimentas no coração, segue avante, que algum dia, em nome de Deus, haverá um só rebanho e um só pastor, onde todos, mas todos, se unificarão na Verdade, e a Verdade vos levará ao Amor. É muito justo que a tua preocupação cresça diante de tanto desajuste que presenciais no teu convívio com os outros. Não obstante, é bem mais justo que não deixes que esta preocupação prejudique as tuas sensibilidades, que foram feitas para trabalhos mais nobres. O que presencias é fração dos acontecimentos do mundo, e se pudesses vê-lo de uma só vez, esmorecerias, achando sem solução o problema da humanidade. Contudo, se queres dar a tua cooperação, podes fazê-lo logo, principiando por um sorriso aos enfermos, dividindo o teu alimento com o faminto e ofertando tua túnica ao nu, conversando com os desesperados e dando exemplo de trabalho aos preguiçosos. Nunca deves alimentar ideias negativas, porque se Deus, na nossa compreensão, pensou para fazer o mundo, a razão nos diz que os nossos pensamentos podem fazer alguma coisa de bom ou de ruim, dependendo do nosso estado de alma. A faculdade de pensar, que temos, é a maior que, por enquanto, desfrutamos, por misericórdia do Criador.
(Reflexão) O Mestre nos exorta para não esmorecer na luta, que o problema é imenso, mas que podemos fazer a nossa parte por mínima que seja em qualquer lugar que estejamos, e que o pensamento é nossa obra prima de ações, que devemos mantê-los sempre no bom estado de alma.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 04/07/2017


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr