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(AI-03) SEMENTE DA DÚVIDA
Vou colocar agora o exemplo pessoal para mostrar como o cristão, preparado com os atributos do Bem, sabendo que deve aplicar a Lei do Amor Incondicional em quaisquer circunstâncias, sempre usando a bússola comportamental do Cristo quando se sentir em dúvida (amar ao próximo como a si mesmo), como forma de fazer a vontade do Pai e se aproximar dEle.
Casei dentro dos princípios culturais do ocidente, para formar a família nuclear e ficar dentro dela, aplicando o amor exclusivo, uma fidelidade mútua quanto aos relacionamentos íntimos. Os meus estudos espirituais não encontravam obstáculos, até que um dia tudo começou a ter outra dimensão.
Na época eu era plantonista dentro de um hospital psiquiátrico, ainda como estudante de medicina, casado, com 3 filhos, dois homens e uma mulher. Tinha uma vida harmônica com minha esposa e filhos, e demais parentes. Não tinha nenhuma intensão de quebrar o compromisso original do casamento, mesmo que sentisse algum desejo pelas mulheres que se relacionavam comigo. Eu não tomaria a iniciativa para tentar viabilizar a concretização desses desejos eróticos.
Tudo passou a mudar quando eu conheci uma auxiliar de enfermagem que trabalhava comigo durante os plantões noturnos no hospital psiquiátricos. Tínhamos oportunidade de ficar sozinhos na sala de atendimento e nesses momentos ela passou a insinuar que deveríamos sair juntos qualquer dia para namorarmos. Apesar dela ser uma mulher sensual, também casada como eu, nas minhas considerações não avaliava que isso seria correto, eu estaria quebrando o compromisso original do meu casamento, estaria sendo infiel, traindo a minha esposa e ela o seu marido. Com esse nível de consciência, eu refutava os convites que ela me fazia, apesar do desejo ficar mais aguçado do que antes. Ela argumentava que ninguém iria saber, que nós iríamos usufruir de um desejo que ambos sentíamos, que isso não iria trazer prejuízos para ninguém, pelo contrário, iria nos dar o prazer que já sentíamos previamente em nossos corpos. Ninguém iria saber que tínhamos saído em algum momento para trocar afetos e fluidos.
Essa foi a semente da dúvida que ela jogou em minha consciência e que eu, evocava a Lei do Amor e a bússola do Cristo para referendar a negação que eu dava ao convite de namorar: era uma ação afetiva que iria nos dar prazer, a mim e a minha colega de trabalho – portanto atende a Lei do Amor; era uma ação que eu iria fazer ao próximo o que gostaria que fizessem comigo – portanto atende à bússola do Cristo; porém seria uma traição, tanto para a minha esposa quanto para o seu marido que não esperavam que nós fizéssemos isso. Dessa forma, se eu tirasse o foco da minha colega de trabalho e colocasse sobre a minha esposa, iria perceber que eu estaria dando a ela o que eu não queria receber, isto é, eu estaria saindo para namorar com outra pessoa enquanto não queria que ela fizesse o mesmo.
Dentro desse contexto, fiquei encucado... como pode a Lei do Amor poder ser aplicado num caso e não em outro? Então, eu não posso Amar livremente, quando esse Amor for coerente com as duas pessoas que se propõem a aprofundá-lo até a intimidade sexual? Parecia existir uma incoerência em algum ponto das minhas elucubrações... e eu teria que encontrar e desamarrar esse nó, sob pena de não poder cumprir a principal Lei que o Pai espera que nós façamos, de acordo com o que ensinou o mestre Jesus.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 08/04/2018


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr