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CÍRCULO DO MAL DE HITLER (11) – DOMÍNIO DA CERVEJARIA
Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
XI
A Baviera está nas mãos de um trio: o chefe de polícia, os militares e o primeiro-ministro Gustav von Kahr. Se conseguissem ter o apoio deles, teriam ajuda do Exército e da Polícia. Mas há um problema. Diferentemente de Mussolini, Hitler ainda é desconhecido fora de Munique. Para ter chance de sucesso, precisam de um testa de ferro provisório com apelo nacional. Eles abordam o general Erich Ludendorff, herói da direita alemã e um dos primeiros comandantes da Primeira Guerra.
Ludendorff tem aparência de um general prussiano e é altamente respeitado na Alemanha. Quando os nazistas descobrem que o primeiro-ministro von Kahr fará uma reunião pública na Burgerbraukeller, uma grande cervejaria de Munique, e que os chefes do Exército e da Polícia da Baviera estrão lá, eles precisam agir rápido.
Ao descobrir isso, os nazistas temem que von Kahr faça uma marcha. Eles suspeitam que von Kahr vai declarar a independência da Baviera, e os nazistas não querem isso. Eles pensam: “Temos de agir rápido, agora.”
Goring imediatamente mobiliza suas tropas de assalto SA. Ele e Hess liderarão um ataque à Burgerbraukeller. O plano deles é invadir a reunião e capturar os três figurões principais de uma vez só.
Após isso, as unidades da SA, incluindo de Rohm e Himmler, tomarão controle dos prédios do Exército e da Polícia na cidade. Eles aguardam a ordem para agir. Para Goring, é o momento que ele aguardava. Ele coloca sua melhor roupa, sua farda com a Blue Max. Era um momento crucial para ele, a chance de reafirmar sua posição militar.
Goring pensa grande, ele acha que essa será a faísca que acenderá a chama que será a tomada da Alemanha. Para esses homens do círculo íntimo de Hitler, é o momento pelo qual esperavam. É a chance de eles tomarem o poder à força e mostrar ao mundo o seu valor.
Goring chega à Burgerbraukeller com 100 milicianos altamente armados da elite de sua SA. Ao total, 600 milicianos cercam a cervejaria. As tropas de Goring são um grupo altamente disciplinado e bem-vestido. Quando descem dos caminhões em frente à Burgerbraukeller, a força policial local acha que são soldados normais e os deixa passar. Foi uma enganação fantástica.
Dentro, Gustav von Kahr está falando ao público e, como esperado, os chefes da Polícia e do Exército da Baviera estão lá. Goring e seus homens entram com tudo na Burgerbraukeller. Montam uma metralhadora Maxim em uma extremidade do local, podendo assim matar todo mundo na cervejaria. Depois irrompem até o meio, abrindo caminho para Adolf Hitler. Hitler entra com a SA, tomando controle. Ele atira no teto, o gesso e a madeira caem.
Hitler declara que começou a revolução nacional-socialista. Eles levam o triunvirato a uma sala e começam as negociações. Hitler tenta convencer os três líderes a se juntarem ao golpe, mas eles se recusam. Von Kahr e os outros dois não vão aceitar. Não vão dizer a Hitler que o apoiam.
Hitler precisa do poder persuasivo do seu testa de ferro, Ludendorff, mas ele ainda não chegou. Essa grande figura que foi recrutada para adicionar refinamento e autoridade não apareceu.
Com a arma em mãos, Hitler os ameaça, mas eles não cedem. Hitler percebe que ele e os nazistas não podem atirar em todo mundo. Isso não vai dar em nada. Está rapidamente virando um caos.
No salão principal, Hess escolhe altos oponentes políticos para sequestra-los para fora da cidade, enquanto Goring controla a multidão.
Goring tenta manter o controle na cervejaria. Para isso, ele demonstra sua autoridade abrindo sua jaqueta e mostrando sua medalha Blue Max. Ele brincou e disse para ficarem calmos, tinham cerveja para beber. Foi ali que Goring esteve em seu melhor momento, ou pior.
Com a cervejaria dominada, Rohm recebe ordens para agir. Ordena que seus homens marchem ao Ministério da Guerra bávaro. Himmler orgulhosamente carrega o antigo estandarte imperial. Dizem que ele ficava nas fileiras de trás para encorajar o pessoal a seguir em frente. Não sabemos ao certo se é uma difamação a ele, mas ele foi mesmo um porta-bandeira na marcha. “Estou tendo um papel de soldado, fazendo algo corajoso, estou com as tropas em campo.”
Em toda a cidade, unidades da SA abordam seus alvos. Mas na cervejaria, Goring se esforça para manter a calma. E as negociações de Hitler estão em um impasse. Em uma tentativa desesperada de mudar a situação, ele discursa fervorosamente, mentindo que o governo concordou em apoiá-los. Inacreditavelmente, o público acredita. E depois, como se tivesse sido ensaiado, Ludendorff chega.
Ludendorff faz sua mágica, e os líderes bávaros concordam em se juntar a eles. Foi dada a largada ao golpe nazista. Nas ruas, as tropas de Rohm e Himmler tomaram controle do Ministério da Guerra. Algumas unidades do Exército e da Polícia de Munique se juntam ao levante. Parece que o golpe de Estado será bem-sucedido.
Hitler decide deixar Goring e Ludendorff no comando para checar o progresso de Rohm. Sai da Burgerbraukeller e vai às barricadas, onde encontra Rohm. Ele abraça Rohm e diz: “Está acontecendo. O novo Reich está sendo formado.”
Na Burgerbraukeller, o clima está mais tranquilo, mas com Goring distraído, pegando cerveja para as tropas, Ludendorff comete um erro grave. Parece que Kahr convenceu Ludendorff a deixa-lo ir embora. Ludendorff disse: “Jure que não vai mudar de ideia.” Von Kahr garante a Ludendorff que não os trairá. Ele passa pelos milicianos bêbados de Goring e vai embora.
A semente de Hitler começa a germinar no arcabouço de uma pequena luta com pretensões megalomaníacas... e quase deu certo. Faltou um pouquinho mais de paciência dentro da cervejaria com um bom controle nas ruas. Mas eles sentiam que não podiam perder tempo, e figuras mais tolerantes, atraídos para o círculo para viabilizar a revolução, terminam por dar um passo em falso e logo todo o esforço revolucionário vai por água abaixo.
Caso semelhante aconteceu no Brasil, obedecendo as características nacionais. Um grupo guerrilheiro que passou a fazer ofensivas dentro da nação para conquistar o poder e implantar uma ditadura do proletariado, com toda a inspiração do marxismo russo e cubano. Felizmente, essa ideologia não alcançou o poder pelas armas, os militares assumiram a gerência do país e manteve o país longe da ideologia socialista. Isso nas ações de gerência pública, pois sorrateiramente o socialismo se instalava nos meios acadêmicos, jornalísticos e demais estruturas, como sindicatos e grêmios estudantis.
Foram tais forças sorrateiras que terminaram alcançando o poder pelo meio dos votos, inclusive de pessoas ingênuas, como eu, que acreditava que o meu voto para a esquerda iria ajudar a tirar o meu povo da miséria... tal qual estava acontecendo na Alemanha de Hitler e seus liderados.  
 
 
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 05/03/2019


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr