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COMPREENSÃO (06)
Quando pretendemos levantar uma casa, primeiro cavamos as valas, para que acolham o alicerce. Depois que este já está familiarizado com a argila, é que vem as paredes pedindo para suportar o seu peso. Logo, vem o telhado para, em seguida, entrarem os moradores, em segurança, na moradia.
Nós, humanos, precisamos construir, cada pessoa, a sua própria casa no reino da mente, pois em primeiro plano, as necessidades exigem as limpezas das valas entulhadas de ideias imprestáveis. Em seguida à colocação das pedras nos alicerces que os ideais superiores nos oferecem, com a liga da Boa Vontade, deveremos levantar as paredes, com cada tijolo representando um conceito que as leis de Deus interligam. Finalmente aparece o telhado, com a vivência e o tempo chancelando a segurança daquilo que aprendemos.
Se não fossem os contrastes que encontramos dia-a-dia, como provar a nós mesmos se aprendemos as lições da vida? Todas as invenções requerem provas incontáveis. Para nos tornarmos cooperadores de Deus, na vinha infinita da criação, o laboratório do mundo nos testa permanentemente, até chegarmos à condição de sermos servos fiéis do Senhor, respondendo a todos os ataques à verdade, com a própria vida imperturbável no serviço da caridade e do amor, dentro e fora de nós, compreendendo e sentindo Deus, pelo bem que não deixamos de praticar, sem interrupção.
Nessa disposição, não há lugar para as dúvidas que a ignorância faz vicejar.
A Compreensão é, mais ou menos, aquilo que pensamos, quando podemos dedicar alguns instantes de feto à algo ou alguém que se encontra carente. Conquanto tal atitude seja fácil, por haver carência de afeto e de troca de calor em todas as partes, na sensibilidade do amor universal.
Compreensão é mais difícil diante da maledicência, quando somos ofendidos e caluniados e sem revolta, o coração nos obriga a transformar nossos sentimentos em perdão, um perdão que não exige condições.
Nesses momentos, por vezes perdemos o ambiente da segurança, assimilando a violência e a intolerância dos ignorantes e, se fizermos a justiça que a razão nos pede, passamos a pensar do mesmo modo de quem nos injuria.
Aí, a semente de Deus, que procurava terra fértil na área do coração, é retirada pelos ventos da invigilância, deixando o agricultor à espera de outras oportunidades para tornar a semear.
Ocupemos mais a nossa mente com a Compreensão que devemos ter com os outros, sem exigir o mesmo dos outros para conosco, a não ser quando isso vem pelas linhas da espontaneidade.
Se você passa a compreender a quem desconhece a lei do amor e da caridade, mesmo sem palavras, essa pessoa passa a te admirar, e esse é o primeiro passo para o alcance da verdade.
O entendimento dos que procuram pela verdade tem que alcançar uma feição mais pura, porque a quem muito foi dado, muito será pedido.
Nós todos que participamos da claridade do Evangelho, percebemos que, em outros olhos vidrados pelo egoísmo, isso produzirá cegueira.
Viemos todos, sem exceção, para servir, sem que exigência de qualquer tipo perturbe nossa confiança em Deus e em nós mesmos.
O mal maior, mesmo no seio dos que estão despertando para a luz, é dar querendo receber; é perdoar esperando perdão; é sorrir porque precisa receber um sorriso; é dar pousada a um viajante, pensando que o destino poderá colocá-lo viajando também; é amar pensando, primeiro, no amor que poderá receber em troca.
Espero que isso não aconteça conosco, que conhecemos ao Pai, conhecendo a Jesus.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 09/05/2019


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr