Meu Diário
29/11/2023 00h01
GERAÇÃO DE PREDADORES

            Para ter a compreensão da realidade brasileira atual, este texto do filósofo Olavo de Carvalho é de grande importância.



Uma geração de predadores



Olavo de Carvalho



Diário do Comércio, 3 de junho de 2011



Desde que me distanciei do Brasil, tenho visto a inteligência dos meus compatriotas cair para níveis que às vezes ameaçam raiar o sub-humano. Não posso medi-la pela produção literária, que veio rareando até tornar-se praticamente inexistente num país que já teve alguns dos melhores escritores do mundo. Meço-a pelas teses universitárias que me chegam, cada vez mais repletas de solecismos (erros de sintaxe na construção de um trecho ou combinação de palavras, podendo ser de concordância, de regência, de colocação e de má estruturação) e contrassensos grotescos, pelos comentários de jornal, pelos pronunciamentos das chamadas “autoridades” e, de modo geral, pelas discussões públicas. Em todo esse material, o que mais salta aos olhos não é o vazio de ideias, não é a estupidez dos raciocínios, não é nem mesmo a miséria da linguagem: é a incapacidade geral de distinguir entre o essencial e o acessório, o decisivo e o irrelevante. Não há problema, não há tema, não há assunto que, uma vez trazido ao palco – ou picadeiro –, não seja infindavelmente roído pelas beiradas, como se não tivesse um centro, um significado, um sentido em torno do qual articular uma discussão coerente. Cada um que abre a boca quer externar apenas algum sentimento subjetivo deslocado e extemporâneo, exibir bom-mocismo, angariar simpatias ou votos, como se se tratasse de uma rodada de apresentações pessoais num grupo de psicoterapia e não de uma conversa sensata sobre – digamos – alguma coisa. A coisa, o objeto, o fato, o tema, este, coitado, fica esquecido num canto, como se não existisse, e depois de algum tempo cessa mesmo de existir. A impressão que me sobra é a de que toda a população legente e escrevente está sofrendo de síndrome de déficit de atenção. Ninguém consegue fixar um objeto na mente por dez segundos, a imaginação sai logo voando para os lados e tecendo, embevecida, um rendilhado de frivolidades em torno do nada.



Se me perguntarem quais são os problemas essenciais do Brasil, responderei sem a menor dificuldade:



1) A matança de brasileiros, entre quarenta e cinquenta mil por ano.



2) O consumo de drogas, que aumenta mais do que em qualquer país vizinho, e que alguns celerados pretendem aumentar ainda mais mediante a liberação do narcotráfico – o maior prêmio que as Farc poderiam receber por décadas de morticínio.



3) A absoluta ausência de educação num país cujos estudantes tiram sempre os últimos lugares nos testes internacionais, concorrendo com crianças de nações bem mais pobres; num país, mais ainda, onde se aceita como ministro da Educação um sujeito que não aprendeu a soletrar a palavra “cabeçalho” porque jamais teve cabeça, e onde se entende que a maior urgência do sistema escolar é ensinar às crianças as delícias da sodomia – sem dúvida uma solução prática para estudantes e professores, já que o exercício dessa atividade não requer conhecimentos de português, de matemática ou de coisa nenhuma exceto a localização aproximada partes anatômicas envolvidas.



4) A falta cada vez maior de mão-de-obra qualificada de nível superior, que tem de ser trazida de fora porque das universidades não vem ninguém alfabetizado.



5) A dívida monstruosa acumulada por um governo criminoso que não se vexa de estrangular as gerações vindouras para conquistar os votos da presente, e que ainda é festejado, por isso, como o salvador da economia nacional.



6) A completa impossibilidade da concorrência democrática num quadro onde governo e oposição se aliaram, com o auxílio da grande mídia e a omissão cúmplice da classe rica, para censurar e proibir qualquer discurso político que defenda os ideais e valores majoritários da população, abomináveis ao paladar da elite.



7) A debilitação alarmante da soberania nacional, já condenada à morte pela burocracia internacional em ascensão e pelo cerco continental do Foro de São Paulo (aquela entidade que até ontem nem mesmo existia, não é?).



8) A destruição completa da alta cultura, num estado catastrófico de favelização intelectual onde a função de respiradouro para a grande circulação de ideias no mundo, que caberia à classe acadêmica como um todo, é exercida praticamente por um único indivíduo, um último sobrevivente, que em retribuição leva pedradas e cuspidas por todo lado, especialmente dos plagiários e usurpadores que vivem de parasitar o seu trabalho.



Se me perguntam a causa desses oito vexames colossais, digo que é a coisa mais óbvia do mundo: quarenta anos atrás, as instituições que se gabam de ser as maiores universidades brasileiras lançaram na praça uma geração de pseudo-intelectuais morbidamente presunçosos, que na juventude já se pavoneavam de ser “a parcela mais esclarecida da população”. Hoje essas mentes iluminadas dominam tudo – sistema educacional, partidos políticos, burocracia estatal, o diabo –, moldando o país à sua imagem e semelhança. Matança, dívidas, emburrecimento geral, debacle do ensino, é tudo mérito de um reduzido grupo de cérebros de péssima qualidade intoxicados de ideias bestas e vaidade infernal. Dentre todas as gerações de intelectuais brasileiros, a pior, a mais predatória, a mais destrutiva.



Se querem saber agora por que os temas fundamentais não podem ser enxergados e discutidos na sua essência, por que as atenções são sempre desviadas para detalhes laterais e por que, em suma, nenhum problema neste país tem solução, a resposta também não é difícil: quem molda os debates públicos, por definição, é a elite dominante, e esta não permite que nada seja discutido exceto nos moldes do seu vocabulário, dos seus interesses, da sua agenda, da sua irresponsabilidade psicótica, da sua ambição megalômana, da sua auto adoração abjeta.



Enquanto vocês não perderem o respeito por essa gente, nada de sério se poderá discutir no Brasil.



Uma análise crítica, lúcida e verdadeira do que acontece no Brasil, onde sofremos esses efeitos deletérios e que custarão muitos esforços para a correção.



Publicado por Sióstio de Lapa em 29/11/2023 às 00h01
 
28/11/2023 00h01
DIA DA TRAIÇÃO

            O dia 15 de novembro é festejado entre nós como uma data importante para a nossa nação, foi proclamada a República, tirando a Monarquia do poder.



            Esta é uma forma de manter o nosso povo de olhos vendados para a verdade dos fatos. Nosso povo não estava reivindicando essa mudança de poder, nós estávamos satisfeitos com a Monarquia. Tínhamos um rei que governava sintonizado com o povo, que era respeitado em todo o mundo.



            Acontece que a Proclamação da República foi um golpe militar que marcou o fim do Império do Brasil, executada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, tido como amigo do Monarca, Dom Pedro II. Algumas questões podem ser elencadas como pivores dessa traição. Uma dessas foi a questão religiosa.



            Em 1864, o papa Pio IX determinou a excomungação de todos os católicos que tivessem envolvimento com a Maçonaria, instituição muito influenciada pelo positivismo e que tinha muitos representantes no Brasil. O próprio D. Pedro II, que embora não fosse efetivamente maçom, possuía forte relação com os seus membros. Os bispos Dom Vital Maria, de Olinda, e Dom Macedo Costa, de Belém, decidiram cumprir a ordem do Papa e acabaram sendo punidos com prisão e trabalhos forçados. Isso foi visto pela Igreja Católica como um ato autoritário e passou a se afastar do imperador.



            A abolição da escravatura foi outro motivo que levou descontentamento e críticas ao império por parte da elite que dependia da mão-de-obra escrava. Tiveram que libertar os escravos após a assinatura da Lei Áurea e não receberam nenhuma indenização por parte do governo central



            Também podemos acrescentar como mais um pivô para a traição do Marechal Deodoro, o conflito armado no qual o Brasil envolveu-se na Guerra do Paraguai (1864-1870). Embora o Brasil tenha vencido, a guerra trouxe uma grande baixa entre os que combateram ao lado do império brasileiro e também um grande endividamento com a Inglaterra, trazendo um forte desgaste político ao imperador.



            Interessante que o Marechal Deodoro tinha fortes convicções monarquistas, como atestam trechos de duas cartas que ele escreveu ao seu sobrinho Clodoaldo Fonseca, aluno da Escola Militar de Porto Alegre:



            “República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-educados para republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia. Se mal com ela, pior sem ela.”



            “Não te metas em questões republicanas, porque República no Brasil e desgraça completa é a mesma coisa, os brasileiros nunca se prepararão para isso, porque sempre lhes faltarão educação e respeito.”



            Mas o que chama a atenção em toda essa história é a ingratidão do Marechal para com seu imperador, do qual mantinha uma amizade de longa data.



            Em 1842, quando deixou sua terra natal de Alagoas em viagem ao Rio de Janeiro, com 15 anos de idade, Deodoro passou por grandes dificuldades, e pediu uma audiência com o então jovem imperador. No dramático apelo ao imperador disse que era filho de um Capitão-do-mato sem recursos suficientes para manter a numerosa família (13 filhos e a mulher, Dona Rosa da Fonseca) e que fizera uma penosa viagem de aventura confiando na magnanimidade do grande Soberano. Ouvindo atentamente, Dom Pedro II bastante comovido diante do apelo do angustiado alagoano, determinou que Deodoro fosse abrigado no próprio Palácio Imperial de São Cristóvão, onde foi tratado quase como um membro da Família Imperial. Dom Pedro II matriculou Deodoro no prestigiado Colégio Militar com recomendações especiais, onde Deodoro começou sua carreira no Exército Imperial. Mais tarde, o imperador ajudou os outros irmãos de Deodoro a entrarem na Carreira Militar. Durante 47 anos de amizade, Deodoro da Fonseca tratava do Imperador quase como um Pai, visitando a Família Imperial no Palácio, onde antes foi abrigado, sempre que podia. Porém, ao meio-dia de 15 de novembro de 1889, Dom Pedro II recebe a notícia mais chocante de sua vida, ao ler a carta recebida do major Frederico Sólon, onde estava escrita a Proclamação da República Brasileira, a destituição do trono, e exigia que o Monarca deixasse o País dentro das próximas 24 horas. A mensagem não continha assinatura do remetente. Sua Majestade indagou: “o Manuel (como chamava ele a Deodoro) já sabe disto?” “É ele o líder do movimento!” informou o emissário Sólon. Ninguém poderia calcular a profundidade da dor íntima sentida pelo Monarca àquela hora! E o Imperador então exclama furioso quase perdendo a voz “Vocês perderam a cabeça!?” Logo em seguida o Imperador, a Imperatriz Tereza Cristina, amigos e empregados da Família Imperial irromperam em prantos convulsos, numa crise de angústia irreprimível, ao saberem de quem partira aquele ato cruel, impiedoso, jamais esperado... Apenas a Princesa Isabel e o Conde d’Eu permaneceram calmos naquele momento, já pensando nas preparações para a partida para o exílio. (O NORTE FLUMINENSE, Bom Jesus do Itabapoana (RJ) – Jornal fundado por Ézio Martins Bastos em 25 de dezembro de 1946 e dirigido por Luciano Augusto Bastos no período de 2003-2011. E-mail: onortefluminense@hotmail.com).



            Com estas observações, não seria mais coerente lembrar essa data como o Dia da Traição? Quando um amigo covarde não soube enfrentar a pressão adversária golpeou de morte um governo honesto com o povo brasileiro e abriu as portas para os corruptos de todas as cores que governam até hoje se fantasiando de democratas, e colocando o povo em nova forma de escravatura, esta muito pior, pois a maioria não sabe que é escrava, apenas lutam pela sobrevivência recebendo bolsas para repetir chavões como mantras de sua ignorância.



Publicado por Sióstio de Lapa em 28/11/2023 às 00h01
 
27/11/2023 00h01
CORREIO FRATERNO

            Estou construindo este texto com base no texto do mesmo nome publicado no livro “Pontos e Contos” pelo Espírito Irmão X, psicografado por Chico Xavier.



            Faz referência às comunicações que existem no mundo material e de cá para o mundo espiritual, e vice-versa.



            O texto do Irmão X se refere a uma pessoa que, em vernáculo (linguagem correta) precioso, diz que a crença nos Espíritos desencarnados é característico de miséria intelectual. Logo fiz comparação com os Modernista que fazem crítica parecida ao Cristianismo, criticando a divindade do Mestre Jesus.



            Portanto irei adaptar meus pensamentos as palavras do douto Irmão X.



            No pedestal da Ciência e da História, os Modernistas antigos e contemporâneos, criticam o Cristianismo como uma exploração de baixa estirpe, alimentada por uma chusma de idiotas, nos quais o sofrimento ou a ignorância galvanizaram o complexo da fé inconsciente.



            Com a maior sem-cerimônia deste mundo, os modernistas/comunistas asseveram que a convicção transcendental dos cristãos, surgidas com o carpinteiro da Galiléia há dois mil anos, não tem correspondência com o pensamento aristocrático da História, da Antiguidade. Se tivesse correspondência, o Cristo estaria inserido na História e seria correto a aceitação dos seus ensinamentos, que todos temos um Pai comum, criador de tudo, e nós como seus filhos devemos nos amar uns aos outros como a nós mesmos.



            Por isso, é importante lembrar aos materialistas históricos que a verdadeira História confirma o transcendental.



            Observemos a história do Egito, onde há milênios a nobreza faraônica admitia, sem restrições, a sobrevivência dos mortos, que seriam julgados por um tribunal presidido por Osíris, dentro do mais elevado padrão de justiça.



            Os grandes condutores hindus, há muitos séculos, chegavam a dividir o Céu em diversos andares e o Inferno em vários departamentos, segundo as leis de Manu.



            Os chineses, não menos atentos para com a suprema questão, declaravam que os mortos eram recebidos, além do túmulo, nos lugares agradáveis ou atormentados que haviam feito por merecer.



            Os romanos viviam em torno dos oráculos e dos feiticeiros, consultando as vozes daqueles que haviam atravessado o leito escuro do rio da morte.



            Narra Suetônio que o assassínio de Júlio César foi revelado em sonhos.



            Nero, Calígula e Cômodo eram obsidiados célebres, perseguidos por fantasmas.



            Marco Aurélio sente-se inspirado por entidades superiores, legando suas reflexões à posteridade.



            Na Grécia, os gênios da Filosofia e da Ciência formulam perguntas aos mortos, no recinto dos santuários.



            Tales ensina que o mundo é povoado por anjos e demônios.



            Sócrates era acompanhado de perto por um Espírito-guia, a ditar-lhe conselhos pertinentes à missão que lhe cabia desempenhar.



            Na Pérsia, o zoroastrismo acende a crença na lei de retribuição, depois do sepulcro, sob a liderança de Ormuzd e Arimã, os doadores do bem e do mal.



            Em todos os círculos da cultura antiga e moderna, sentimos o sulco marcante da Espiritualidade na evolução terrestre.



            Acima de todas as referências, porém, invocamos o Evangelho, o Novo Testamento, o manancial da espiritualidade divina.



            O nascimento de Jesus é anunciado por vias mediúnicas, não só à pureza de Maria, mas à preocupação de José e à esperança de Isabel, Ana e Simeão.



            Em todos os ângulos da passagem do Mestre, há fenômenos de transubstanciação da matéria, de clariaudiência, de clarividência, de materialização, de cura, de incorporação, de levitação e de glória espiritual.



            Em Caná, transforma-se a água em vinho; junto à corrente do Jordão, fazem-se ouvir as vozes diretas do Céu; no Tabor, corporificam-se Espíritos sublimados; em lugares diversos, entidades das trevas apossam-se de médiuns infelizes, entrando em contato com o Senhor; no lago, Cristo caminha sobre a massa líquida e, depois do Calvário, surge o Amigo celeste, diante dos companheiros tomados de assombro, demonstrando a ressurreição individual, além da morte.



            Tudo isso é realidade histórica, insofismável, mas, para os modernistas, tudo deve ser anulado e passar a crer agora somente no que vem do inconsciente, incognoscível.



            Não serei eu, acadêmico encarnado, ou o Irmão X, autor desencarnado, que seremos capazes de vencer essas forças inconscientes, incognoscíveis, dos irmãos materialistas/comunistas, pois eles já formaram a sua fé inabalável, mesmo que ela distorça a História como ela se apresenta.



Publicado por Sióstio de Lapa em 27/11/2023 às 00h01
 
26/11/2023 00h01
CE 12 – BASE DA CRÍTICA HISTÓRICA

            Continuamos com a reprodução comentada da Carta Encíclica do Papa São Pio X, publicada em 08-09-1907. Esta é a quinta parte da primeira parte, onde o Papa faz a “Exposição do Sistema e sua Divisão” começando pelo “O Modernista Filósofo”.



            Entretanto, em todo este processo (do incognoscível gerando sentimentos) donde, segundo os modernistas, resultam a fé e a revelação, deve atender-se principalmente a uma coisa de não pequena importância, pelas consequências histórico-críticas, que daí fazem derivar. Aquele incognoscível, de que falam, não se apresenta a fé como que nu e isolado; mas ao contrário, intimamente ligado a algum fenômeno que, embora pertença ao campo da ciência ou da história, assim mesmo, de certo modo, transpõe os seus limites.



            Este fenômeno pode ser um fato qualquer da natureza, contendo em si algum quê de misterioso, ou poderá também ser um homem, cujo talento, cujos atos, cujas palavras parecem nada ter de comum com as leis ordinárias da história. A fé, pois, atraída pelo incognoscível unido ao fenômeno, apodera-se de todo o mesmo fenômeno e de certo modo o penetra da sua vida. Donde se seguem as duas coisas.



            A primeira é uma certa transfiguração do fenômeno, por uma espécie de elevação das suas próprias condições, que o torna mais apto, qual matéria para receber o divino.



            A segunda é uma certa desfiguração, resultante de que, tendo a fé subtraído ao fenômeno os seus adjuntos de tempo e de lugar, facilmente lhe atribui aquilo que em realidade não tem; o que particularmente se dá em se tratando de fenômenos de antigas datas, e isto tanto mais quanto mais remotas são elas. Destes dois pressupostos, os modernistas deduzem outros tantos cânones que unidos a um terceiro já deduzido de agnosticismos, constituem a base da crítica histórica. Esclareçamos o fato com um exemplo tirado da pessoa de Jesus Cristo. Na pessoa de Cristo, dizem, a ciência e a história não acham mais do que um homem. Portanto, em virtude do primeiro cânon deduzido do agnosticismo, da história dessa pessoa se deve riscar tudo o que sabe de divino. Ainda mais, por força do segundo cânon, a pessoa histórica de Jesus Cristo foi transfigurada pela fé; logo, convém despojá-la de tudo o que a eleva acima das condições históricas.



            Finalmente, a mesma foi desfigurada pela fé, em virtude do terceiro cânon; logo, se devem remover dela as falas, as ações, tudo enfim que não corresponde ao seu caráter, condição e educação, lugar e tempo em que viveu. É em verdade estranho tal modo de raciocinar; contudo é esta a crítica dos modernistas.



            A forma de pensar dos modernistas pretende anular uma forma aceita de raciocínio onde o transcendental foi incluído com forte protagonismo. O malabarismo racional dos modernistas termina por criar uma narrativa com fortes incoerências. Eles defendem que o inconsciente incognoscível que emerge na consciência na forma de fé, de revelação é o que deu origem aos pensamentos divorciados da realidade do passado. Então, os modernistas, sabedores desse mecanismo mental, passam a julgar esses erros a partir da figura material de Jesus. Ele era simplesmente um ser humano, conforme sustenta a ciência e a história, sem nenhuma divindade delirante. Portanto, ele não pode ser colocado acima da história, da ciência. Nada que não sintonize com o humano pode ser aceito, como o seu caráter incorruptível, sua condição de pobreza e de nobreza ao mesmo tempo, sua educação tão simplória no interior da Galiléia e no entanto tão douta na Capital junto aos sacerdotes do Templo de Jerusalém, situado numa cidade tão acanhada quanto Nazaré, num tempo com pouca ciência mas que conseguiu dividir as épocas históricas de antes e depois dEle. Estes são os argumentos propostos pelos modernistas para alcançarmos de imediato a sociedade perfeita com base nos movimentos revolucionários, e deixarmos a idiotice de construir um Reino de Deus com base na solidariedade humana. Confesso que observando os dois argumentos, o que a história produziu até hoje com base nesses “enganos” do Cristianismo, não vejo muita coerência neles, mas, por outro lado, vejo que essas colocações trouxeram convicções em muitas pessoas que conseguiram construir movimentos revolucionários com bandeiras infiltradas com palavras do Cristianismo, como Liberdade, Igualdade e Fraternidade, da Revolução Francesa. Estes argumentos continuam a se infiltrar até hoje nas sociedades, inclusive na própria Igreja Católica, defensora da fé no Cristianismo. Não importa mostrarmos os desastres que acontecem nas sociedades que adotam o pensamento modernista, nas bandeiras socialistas e comunistas, a forma de agir dos novos acadêmicos, juristas, parlamentares e até eclesiásticos, como acontece no Brasil.



            Podemos entender essa distorção do pensamento em busca de uma sociedade ideal, que ao invés de trazer paz e evolução material e espiritual, traz guerras, escravidão e destruição dos valores éticos e morais, tudo isso pela existência de nossos dois cérebros. O primeiro o cérebro localizado na caixa craniana, o mais conhecido, o que trabalha com os dados racionais, da verdade e produz os diagnósticos corretos; o segundo cérebro, recém descoberto pela ciência, é o intestino, o órgão responsável por captar os elementos básicos para a sobrevivência, alimentos que irão nutrir todo o corpo, incluindo o próprio cérebro. Passamos a entender, dessa forma, porque o primeiro cérebro fica ameaçado de sobreviver e termina por fazer diagnósticos incorretos para quem ver de fora, mas corretos para ele, primeiro cérebro, que quer sobreviver. Portanto, podemos imaginar que é quase impossível um irmão nosso que vive na ignorância, na pobreza, ameaçado pela fome, não ver naquele que lhe traz uma esmola, uma bolsa, como um pai, um santo, um salvador. Essa é a grande estratégia dos modernistas, socialistas e comunistas, defender a pobreza, a ignorância e não deixar nunca ela acabar.



Publicado por Sióstio de Lapa em 26/11/2023 às 00h01
 
25/11/2023 00h01
MESTRE E DISCÍPULO

            A crise na Santa Igreja Católica está sendo impulsionada pela ação do atual Papa Francisco quando coloca uma questão nova para discutir dentro da liturgia da fé. Ele diz que os Bispos são ao mesmo tempo mestres e discípulos. Mestres quando anunciam “a palavra de verdade em nome de Cristo, cabeça e pastor”. Mas são também discípulos quando, “sabendo que o Espírito desce a cada pessoa batizada, ele ouve a voz de Cristo que fala por meio de todo o povo de Deus”.



            De acordo com isso, o Sínodo da Sinodalidade que ele está convocando implica na escuta de toda a comunidade e numa reformulação da autoridade da Igreja. É preciso inverter a estrutura piramidal da Igreja, invertendo o vértice para ficar abaixo da base.



            Essa autoridade como uma pirâmide invertida abate uma antiga concepção da Igreja como uma economia eclesial de gotejamento na qual o Espírito Santo era dado primeiro ao Papa e aos sacerdotes, depois ao clero e aos religiosos e, finalmente, aos fiéis.



            À primeira vista parece um absurdo tal concepção para a hierarquia da Santa Igreja Católica. Afinal Pedro foi eleito o primeiro Papa por Cristo e que é substituído de acordo com a sucessão apostólica, sempre levando a mesma catequese evangélica ensinada pelo Cristo a todo o mundo, em busca da construção do Reino de Deus. Como poderia, as ovelhas que precisam de um pastor para entrarem no redil da família universal e agora em vez de aprendizes passam a ser professores dos seus pastores? Parece muita incoerência.



            Mas, fazendo um esforço cognitivo para superar essa incoerência, vejamos como pode isso ser a manifestação da vontade de Deus.



            Primeiro, vamos reconhecer que tudo acontece de acordo com a vontade de Deus e através daqueles que estão dispostos a fazer a Sua vontade.



            No caso de Jesus, veio Ele até nós cumprindo a vontade de Deus. Organizou um discipulado bem próximo para ajudar na Sua missão de informar que é chegado o Reino de Deus. Dos 12 que ele organizou, sabia que um deles seria o culpado por sua prisão e em seguida a crucificação. Também sabia que iria passar por uma eleição onde o vitorioso foi Barrabás, um criminoso. Podíamos dizer nessa eleição a céu aberto, que a vontade do povo não foi a vontade de Deus. Mas acontece que se Cristo tivesse sido libertado naquela eleição, não teríamos o Cristianismo como temos hoje, a vontade de Deus não seria realizada. Portanto, tanto Judas quanto aquela célula eleitoral foi importante para Cristo cumprir Sua missão.



            Neste momento, que há tanta profecia positiva do que vai acontecer após passarmos por esse momento de teste, não será necessária uma situação de crise, de dores, que nos instigue a ir adiante? E assim sendo, o papel que o atual Papa está desempenhando na se assemelha aquele papel feito por Judas?



            Sigamos então, seguindo os ensinamentos do Cristo, fazendo a evangelização de todos como Ele nos sugeriu e deixemos que Deus crie os caminhos por onde a Sua vontade seja cumprida, mesmo que não tenhamos consciência de que isso esteja acontecendo.



Publicado por Sióstio de Lapa em 25/11/2023 às 00h01



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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr