Meu Diário
04/06/2012 23h43
A ÚLTIMA PAIXÃO

            A última paixão que tive ligou hoje para mim. Não reconheci sua voz, ela teve que dizer referências paralelas para que eu lembrasse. Queria um encontro profissional comigo. Claro, concordei de imediato. Acertamos para amanhã à tarde. Ela é uma das pessoas mais dignas que conheci. Depois que desenvolvi minha paixão por ela, o meu comportamento afetuoso fez com que ela desenvolvesse também uma paixão por mim. Mas tínhamos projetos diferentes. Ela queria um companheiro para viver juntos a família tradicional. Eu queria usar todos os recursos do amor, inclusive as paixões, para construir a família universal através do amor inclusivo (ou não-exclusivo), o contrário do amor romântico que leva ao casamento tradicional, da relação exclusiva. Ela tinha os seus ideais, eu os meus. A paixão que fomos tomados, em tempos diferentes, eu primeiro, ela depois, não foi o suficiente para anular os nossos projetos. Ela tinha muita dificuldade financeira. Mesmo assim recusou minha proposta de termos um filho que seria uma forma legal ao meu ver, dela ter uma cobertura financeira decorrente dos direitos do filho que eu teria que honrar. Ela achava que essa proposta iria dificultar os seus projetos de ter um companheiro e formar a família tradicional. Realmente, logo ela achou uma pessoa do seu nível sócio-econômico e não teve dúvidas em o acompanhar, mesmo não tendo por ele o mesmo amor que tinha por mim, não podendo ele oferecer o mesmo apoio que eu poderia oferecer. Achei lindo esse comportamento. O amor romântico dela não teve forças para dobrar as suas convicções. Nesse ponto ela se equiparou comigo. Também o meu amor romântico por ela não teve força para dobrar minhas convicções. Prevaleceu em mim o Amor Incondicional. Fiz tudo ao meu alcance para ajudar o casal a se estabelecerem como marido e mulher. Nossos encontros deixaram de ter a conotação de encontro de amantes.

            Então, é essa pessoa que amanha deve se encontrar comigo. O amor jamais esquece e com certeza sinto ainda o amor por ela, um carinho todo especial. Mesmo que não exista nenhuma paixão entre nós, o amor eu sei que existe, e um amor especial. Não tem a conotação de amantes. Não tenho essa expectativa amanhã. Sei que vou ser convocado para ser útil em alguma coisa e com certeza, se estiver ao meu alcance, serei útil. É mais uma comprovação de que esse comportamento que tenho, constrói uma nova sociedade, uma nova relação familiar. De alguma forma sinto que ela pertence a minha família e tudo que ela ama, eu também amarei com deferência; tudo que ela precisa, eu ajudarei sem qualquer intenção de cobrança. Estarei assim cada vez mais perto do Reino do Pai.


Publicado por Sióstio de Lapa em 04/06/2012 às 23h43
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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr