Meu Diário
27/10/2012 02h41
AMOR OU EGOISMO?

            Fui abordado de forma carinhosa por uma amiga muito querida e irmã espiritual. Conhecedora do meu comportamento, da minha forma de amar sem exclusividade, ela perguntava se isso não era egoísmo, se eu dizia amar a tantas e por outro lado deixava todas elas a sofrer devido meus pensamentos e comportamentos.

            Também tenho essa compreensão de que faço sofrer as mulheres que se envolvem comigo de forma íntima e desejam uma relação exclusiva. Porém não engano ninguém para obter prazeres sexuais. Deixo bem claro, antes que o afeto se aprofunde, como é a minha forma de pensar e de agir, qual é o meu histórico. Não mostro nenhuma hostilidade com aquelas que não aceitam esse pensamento e esse comportamento, continuo sendo amigo/irmão da mesma forma. Aceito a forma dela pensar como gostaria que ela respeitasse a minha forma de pensar também. Se isso inviabiliza o aprofundamento íntimo, devemos aceitar com maturidade e fraternidade. Porém tem outra que aceitam essa condição e assim o amor atinge todos os níveis de profundidade conveniente para os dois, sem preocupações de ordem cultural ou preconceituosa. Mesmo assim, minhas parceiras/amantes/amigas/companheiras desenvolvem ciúme que gera sofrimento por quererem uma relação exclusiva. Mas já não foi resolvida essa questão na origem? Quando elas se envolvem com essa profundidade já não sabem das condições? Será que elas querem que eu me transforme para me adequar ao pensamento delas sem jamais eu ter sinalizado nesse sentido?

            Assim minha amiga, mesmo eu sabendo de todo o sofrimento que é gerado por causa do meu comportamento, eu não sinto que estou sendo egoísta, e sim desenvolvendo o amor na dimensão que eu compreendo. Lembro que eu falei para você que tento pautar todo meu comportamento nas lições que o mestre Jesus deixou para nós, principalmente o aprendizado do Amor Incondicional; que as leituras que me chegam as mãos sempre me levam as interpretações de que estou no caminho correto. Pois veja só, no mesmo dia que conversamos sobre isso, quando chego em casa e vou dar sequencia a leitura que estou fazendo do livro “Um modo de entender uma nova forma de viver” ditado pelo espírito Hammed ao médium Francisco do Espírito Santo Neto, em seu segundo capítulo ele diz assim:

            “Em verdade, o exercício da aprendizagem do amor inicia-se pelo amor a si mesmo e, consequentemente, pelo amor ao próximo, chegando ao final na plenitude do amor à Deus.

            Esses elos de amor se prendem uns aos outros pelo sentimento de afeto desenvolvido e conquistado nas múltiplas experiências acumuladas no decorrer do tempo em que nossas almas estagiaram e aprenderam a conviver e melhorar.

            Muitos de nós nos comportamos como se o amor não fosse um sentimento a ser aprendido e compreendido. Agimos como se ele estivesse inerte em nosso mundo íntimo, e passamos a viver na espera de alguém ou de alguma coisa que possa despertá-lo do dia para a noite.

            Vale considerar que quanto mais soubermos amar, mais teremos para dar, quanto maior o discernimento no amor, maior será nossa habilidade para amar; quanto mais compartilhá-lo com os outros, mais ampliaremos nossa visão e compreensão a respeito dele.

            Iniciamos a conquista do amor pleno pelos primeiros degraus da escada da evolução. No começo, nossas qualidades e valores íntimos se encontravam em estado embrionário e, ao longo das encarnações sucessivas, estruturaram-se entre as experiências do sentimento e as do raciocínio. Quando congelamos a concepção sobre o amor, passamos a enxergá-lo de forma romântica e simplista.

            O amor a Deus e aos outros como a si mesmo é noção que se vai desenvolvendo pelas bênçãos do tempo. As belezas do Universo nos são reveladas à proporção que amamos; só assim nos tornamos capazes de percebê-las cada vez mais e em todos os lugares.

            Disse Jesus que toda a lei e os profetas se acham contidos nestes dois mandamentos: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: amarás o teu próximo como a si mesmo.”

            Apenas damos ou recebemos aquilo que temos. Quem ainda não aprendeu a amar a si próprio não pode amar aos outros. Não peçamos amor antes de dá-lo a nós mesmos, pois o amor que tenho é o que é o que dou e o que recebo.

            A medida que aprendemos a nos amar, adquirimos uma lucidez que nos proporciona identificar nos conflitos um alerta de que estamos indo na direção contrária à nossa maneira de sentir e de pensar. Quanto mais aprendemos a nos amar, mais nos desvinculamos de coisas que não nos são saudáveis, a saber: pessoas, obrigações, crenças e tudo que possa nos invadir a individualidade e nos prostrar ou rebaixar. Muitos chamarão essa atitude de egoísmo, no entanto deveremos reconhecê-la como o ato de amar a si mesmo.

            Quando nos colocamos a serviço do amor verdadeiro, a autoestima nascerá em nossa vida como valiosa aliada nas dificuldades existenciais.”

            Assim, minha amiga, mais uma vez um texto com inspiração nas lições do mestre, fortalece meus pensamentos, acredito. Que achas?

            Também gostaria de lhe agradecer do fundo do meu coração a sua preocupação com a saúde da minha alma e apontar possíveis enganos, talvez até fascinação. Procuro fazer as devidas considerações e rogo ao Pai para que mantenha o meu psiquismo íntegro e associado à Sua vontade, para que eu não entre em desvios da Lei.


Publicado por Sióstio de Lapa em 27/10/2012 às 02h41
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