Meu Diário
15/05/2013 23h46
A ORAÇÃO

            Cada vez mais eu reconheço que a oração verdadeira é uma linguagem que  somente conhece aqueles que reconhecem o Criador e a importância do amor. Antes de se encontrar com o Mestre no caminho de Damasco, Saulo de Tarso podia ser chamado de um homem religioso, intenso, zeloso, convicto, mas não um homem de oração. Saulo memorizou e repetia todas as orações judaicas. As palavras do Mestre sobre os religiosos hipócritas bem que podia se aplicar duplamente a um fanático como Saulo: “E quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam seu galardão” (Mateus, 6:5). Talvez a oração do orgulhoso fariseu em Lucas 18:10 poderia refletir exatamente o coração de Saulo antes de sua conversão: “Ò Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens”.

            Mas a oração de Saulo se tornou diferente depois de ter se encontrado com o Mestre. Seu espírito perseguidor e orgulhoso se transformou em pó. Seus olhos que haviam testemunhado o martírio de Estevão sem desenvolver amor ou compaixão, agora não conseguiam ver ninguém. Seu corpo inteiro permaneceu vazio por três dias, sem comida nem bebida. Mas quando ele voltou e se tornou Paulo, encontrou a linguagem da oração, o caminho para Deus, a Lei do Amor.

            A minha conversão não foi tão dramática quanto a de Saulo, mas tem alguns pontos de contato. No início de minha vida produtiva assumi o “nome de guerra” dado pela Marinha, Rodrigues, como aconteceu com todos os meus colegas que assumiram seus sobrenomes. Nessa fase eu tinha desconfiança da existência de Deus, apesar de O procurar em diversas igrejas, templos ou terreiros. Fazia as orações repetitivas e entoava os cânticos religiosos, mas sem o aprofundamento na alma, ficava sempre a grande interrogação na minha mente, se tudo aquilo que eu fazia não era mera fantasia, um delírio coletivo. Não dava a devida importância a oração, apesar de fazer por hábito aqui acolá uma reza decorada. Acostumei até a rezar uma Ave Maria toda vez que eu avistava no início da noite a Estrela Dalva, a que eu considerava como minha estrela protetora, a regente do meu signo. Quando um dia, forçado pelas evidências da existência de Deus por todo o lado que me virasse, eu assumi que não iria mais duvidar da Sua existência. Eu O via constantemente, como poderia não existir? Então descobri que o mundo espiritual era mais importante que o material e era lá que a vida real se processava. Aqui no mundo material, tudo são aparências, as formas surgem e vão embora ao saber do tempo, inclusive o corpo biológico. Então era lógico que eu procurasse um meio de comunicação com os seres que habitam o mundo espiritual, principalmente a energia criadora de tudo, Deus. Passei a dar mais importância ao meu prenome, Francisco, tem uma ligação mais forte com o mundo espiritual.

            Hoje ainda não tenho muita habilidade com a linguagem da oração, fico tímido e as palavras não saem como eu espero. É diferente daquele hipócrita que a Bíblia refere, que rezava para todos verem. Eu prefiro rezar num canto isolado, sem nenhuma testemunha por perto. Mas sei da sua importância e que devo orar com o coração, com os sentimentos, falar ao Pai ou aos espíritos superiores, capitaneados por Jesus de Nazaré, com respeito e como irmãos que todos somos, já que somos filhos do  mesmo Pai. Faço o esforço diário para obter o hábito da prece e perder a timidez de falar com meus irmãos espirituais que estão dispostos a me ajudar, a partir do Anjo da Guarda que me protege desde o nascimento, até o Pai que me criou e que está comigo a todo instante. Então, por que a timidez?


Publicado por Sióstio de Lapa em 15/05/2013 às 23h46
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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr