Meu Diário
30/09/2013 00h01
A FORÇA DO AMOR ROMÂNTICO

            Assisti no youtube a canção NE ME QUITTE PAS (Não me abandone) interpretada por Jacques Brel e percebi a força do amor romântico na queda das minhas lágrimas sintonizadas às do cantor e associadas às lembranças dos amores que me abandonaram em passados nem tão distantes...

            Aconselho às pessoas românticas visitar esse momento mágico criado por Jacques Brel, mas que encontra um forte eco em nossos corações. Mesmo o meu coração sintonizado com prioridade no Amor Incondicional, não posso deixar de sentir toda a força emocional que ele provoca e que rebusca na intimidade de minhas memórias, situações em que senti o que o cantor sente com outras formas de vivência.

            Baseado nisso e procurando dar consistência ao que falei até aqui, vou tentar interpretar o que senti a partir de cada estrofe traduzida da música e com certeza cada pessoa romântica pode sentir a mesma emoção com outras experiências e outras interpretações..

 

NÃO ME ABANDONE

Não me abandone, é preciso esquecer,

Tudo pode ser esquecido, o que já ficou pra trás.

Esquecer o tempo dos mal-entendidos

E o tempo perdido tentando saber como.

Esquecer as horas que as vezes matam a golpes de porques

O coração feliz

Não me abandone

Não me abandone

Não me abandone

 

            Encontro uma justificativa para o abandono que me ameaça, e que se realiza... Faço um apelo à razão para que ajude o coração... É preciso esquecer os erros cometidos... Afinal tudo pode ser esquecido!?... Esse apelo eu sei que é muito forte, foge da realidade. Eu sei que tem coisas que não podem ser esquecidas, jamais se apagam da mente. Esse é um pedido de milagre, um milagre rogado ao Deus do amor romântico... Esquecer o passado que guarda as memórias do tempo que deixei-a esperando, que troquei-a por outras... Esquecer que eu não sabia que as horas que passei distante estavam matando o coração feliz que ama com exclusividade... com romantismo...

 

Eu te oferecerei, pérolas de chuva vindas de países

Onde nunca chove

Eu escavarei a terra, eu escaparei da morte

Para cobrir teu corpo de ouro e de luz

Criarei um país onde o amor será rei

Onde o amor será lei e você será a rainha.

Não me abandone

Não abandone

 

            Faço mais uma tentativa de não ser abandonado... Darei presentes fantásticos, nunca criados por ninguém, somente na minha imaginação e com os toques do coração... Serei ousado nessa criação, devo lhe dar total segurança da intensidade do meu amor, amor que ela não acredita mais e que somente eu sei agora... Amor que pode me transmutar em ouro, em luz, para protegê-la... Onde a lei seja o amor e você a rainha, onde eu serei o súdito mais obediente... só não quero ser abandonado!

 

Não me abandone, eu te inventarei

Palavras absurdas que você compreenderá

Te falarei daqueles amantes

Que viram de novo seus corações excitados

Eu te contarei a história daquele rei

Que morreu porque não pôde te reencontrar

Não me abandone

Não me abandone

Não me abandone

 

            Meu coração não pode falhar nesse apelo, tenho que inventar tudo, por mais absurdo que seja, pois mesmo que ninguém entenda, eu sei que o coração dela irá interpretar o que quero dizer. Direi até que eu corro risco, pois apesar de toda minha força, paixão, saúde... eu posso morrer se te perder.

 

A gente sempre viu reacender o fogo

Daquele velho vulcão

Que julgávamos parecer velho demais

Terras queimadas produziram mais trigo que no melhor abril

E quando a tarde cai, para que o céu se inflame

O vermelho e o negro não se misturam

Não me abandone

Não me abandone

Não me abandone

Não me abandone

 

            Apelo para as lembranças dela, ela sabe que nós sempre mergulhávamos em nossa paixão, o tempo nunca impediu, a velhice não nos atemorizava, pois estávamos juntos... nada parecia ser velho para nós... dos incêndios que nossos corpos provocavam em nossos corpos não víamos destruição, pelo contrário, cada vez mais o “terreno” era melhor, produzia mais prazer nos afetos compartilhados, em qualquer estação... A natureza se transformava em sintonia com nossa inflamação afetiva...

 

Não me abandone, Eu não vou mais chorar

Não vou mais falar, Me esconderei aqui

Só para te ver dançar e sorrir

E para te ouvir cantar e depois rir

Me deixa me tornar a sombra da tua sombra

A sombra da tua mão, A sombra do teu cão

Não me abandone

Não me abandone

Não me abandone

Não me abandone

 

            Finalmente, reconheço que minhas lágrimas podem ser inconvenientes, minhas palavras melodramáticas, sofridas e catastróficas podem não te fazer sentir o que sinto, podem te afastar de mim... Isso eu não quero... Prefiro ficar escondido para não anuviar tua felicidade, prefiro te ver cantar e sorrir, mesmo que seja ao lado de outro... O meu amor por ti é maior do que o meu amor por mim! Mas eu prefiro te ver feliz ao lado de outra pessoa que não te faça sofrer como eu fiz, mesmo que eu me anule, que eu me torne a sombra da tua sombra... da tua mão... ou mesmo do teu cão! Quero apenas uma pequena permissão para que eu não me sinta abandonado... Mesmo que para isso eu fique fadado a viver pelo chão, como sombra das sombras de tudo que pertence a ti, para que eu sinta que ainda sou teu de alguma forma!

 

            Belíssima!! Belíssima!!


Publicado por Sióstio de Lapa em 30/09/2013 às 00h01
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