Meu Diário
20/03/2014 09h58
A LIÇÃO PRÁTICA DO SENHOR

            Acordei cedo na terça feira passada e fui para a praia participar pela primeira vez de uma hidroginástica, a convite de uma amiga. Quando voltei para o apartamento, já no início do caminho comecei a sentir que os meus intestinos queriam expulsar alguma coisa. Achei esquisito, porque estou em pleno regime da Quaresma e estou comendo muito pouco, quase um jejum total. Lembrei que na noite anterior comi um alimento vencido que estava na geladeira. Poderia ter sido isso.

            Quanto mais eu andava em direção ao apartamento mais aumentava o tenesmo, a vontade de ir ao banheiro. Não podia correr, pois o problema aumentava. A solução era eu caminhar o mais rápido possível sem pensar em ficar sentado no trono e me aliviar, pois percebi que isso piorava muito. Porém a medida que cheguei no prédio, fui ao elevador e chegava na porta do meu apartamento, era como se o cérebro tivesse dado a ordem: pronto, pode se aliviar. Acontece que eu não tinha chegado ainda no trono, mas  o corpo já havia recebido o sinal de liberação da mente. Já tinha entrado no apartamento, fechado a porta, mas antes que eu alcançasse o banheiro, senti que estava sendo aliviado com o produto retido na sunga da praia. Sentei no trono já com o desastre acontecido e dessa forma tirei a sunga com a sujeira inevitável se espalhando no meu corpo e ao redor. Procurei manter a paciência e ir limpando tudo de forma lenta e cuidadosa. A própria sunga foi lavada com a água do bojo, não havia outra condição mais lógica. Depois fui fazer a limpeza de tudo com o maior cuidado. Tomei banho diversas vezes, lavei a sunga com detergente e ao final coloquei perfume de forma generosa. Mesmo assim sai de casa com a sensação que ainda havia um cheirinho ruim ao redor de mim.

            Depois de todo o ocorrido fiquei a refletir no que Deus quis me ensinar com isso, já que tudo que acontece na minha vida tem a participação direta de dEle, ensinando e apontando caminhos. O que Ele queria me ensinar com essa lição tão dolorosa e vergonhosa?    

            Logo veio à mente os prazeres e necessidades do corpo que em função disso são cometidos os excessos, e quando esses são cometidos uma reação corretiva pode surgir em seguida. Foi uma amostra grátis do que aconteceu com relação a alimentação. Mas pode ser aplicado em qualquer área da vida que se cometa excesso motivado pelos instintos do corpo que sempre procura o prazer.

            Foi a partir desse raciocínio que foquei na sexualidade que é um dos mais fortes instintos do corpo e que funciona muito bem dentro do meu. Eu sinto os instintos sexuais sempre se manifestando na minha mente, mas o meu espírito tem o controle absoluto dessa força erótica. Isso explica porque não tenho nenhum interesse em utilizar o sexo pago, como se fosse um objeto, que está constantemente à minha disposição no local onde moro. Porém existe uma condição onde o instinto sexual pode se manifestar acima do conveniente, cometendo excessos. É quando existe no relacionamento com a outra pessoa uma sintonia afetiva, espiritual. Nesse contexto logo o instinto sexual emerge na consciência e reforça a aproximação com essa pessoa. Existe a tendência de que o relacionamento evolua com o objetivo única e exclusivamente de alcançar o prazer sexual que o corpo deseja. Mas o espírito deve estar atento a essa possibilidade e não se deixar guiar exclusivamente pelo prazer e esquecer todos os outros aspectos sócio-culturais e familiares que permeiam esse relacionamento. O Espírito que comanda o meu corpo tem a responsabilidade de ser o freio para ações inconvenientes, e de também ser o libertador de ações pertinentes e convenientes. A consciência deve ser livre para se aliar exclusivamente à vontade do Pai e enfrentar se for possível e conveniente todo tipo de preconceitos que queiram impedir a ação coerente, adequada e sintonizada com a essência de Deus, o Amor Incondicional.

            Foi nesse ponto que o Pai quis me advertir. Está sendo gerada uma situação de relacionamento afetivo que pode terminar em relação sexual. A afetividade é positiva e se fosse apenas ela considerada, não haveria mal nenhum, estaria dentro dos critérios do Amor Incondicional. O prazer pode ser atingido com facilidade. Agora, avaliando as circunstâncias vem a pergunta: continua a procura desse prazer sendo coerente com o Amor Incondicional. Pois se eu não tiver esse cuidado e for somente à busca do prazer, pode haver conseqüências negativas como aconteceu com a alimentação indevida que ingeri e que me causou o problema intestinal. Será que esse prazer sexual que irei experimentar também não é indevido? Terei que avaliar os dois aspectos principais, o meu e o da minha provável “namorada”. O meu aspecto é mais fácil, pois já deixei claro para todas as minhas companheiras e demais pessoas do circulo de amizade mais próxima, essa característica do meu comportamento, de ter um amor inclusivo com quantas e quantos Deus colocar no meu caminho, e que considero fazer parte da vontade dEle, e que Ele colocou em minha consciência. Agora com relação a outra pessoa o trabalho é mais complicado, mais difícil. Eu posso cometer erros por excesso (entrar na intimidade sem ser conveniente) e erros por omissão (deixar de entrar na intimidade quando era conveniente). Até hoje tenho um peso na consciência de ter possivelmente cometido um erro de omissão, quando não entrei na intimidade com uma amiga, e que ela terminou por se suicidar por conflitos em outros relacionamentos que não conseguiu administrar convenientemente. Agora, se eu faço um erro por excesso? Se entro na intimidade de alguém de forma indevida? Algo mais grave, muito mais complicado do que a alimentação vencida pode acontecer. Os preconceitos sociais podem se abater sobre mim e sobre ela sem o devido amparo do Amor Incondicional. Estaremos fragilizados frente à opinião pública e principalmente frente a Deus. Foi para isso que o Pai quis chamar minha atenção. Permanecer no caminho do meio na construção de sua vontade, não cometer pecados nem por excesso, nem por omissão. Os pecados de omissão até são mais simples, pois a prejudicada mais forte é de quem não recebeu o Amor devido, mas os pecados por excesso são muito mais complicados e destruidores para ambos.

Assim, eu devo avaliar todos os sonhos que essa pessoa possa ter e verificar se um comportamento íntimo comigo vai atrapalhar sua vida. Se for identificado qualquer fator negativo nesse sentido, a intimidade sexual jamais deverá ser realizada, no entanto a amizade nutrida pelo Amor deve ser construída e mantida, mesmo que apesar de todos esses cuidados ainda existam os preconceitos sociais. Mas agindo assim como estou agindo, eu sinto que estou sintonizado com o Pai, com a tarefa que Ele me encarregou, de aplicar o Amor Incondicional em todo e qualquer relacionamento, mesmo que isso vá de encontro a outras formas de amar, e a todo tipo de preconceito.


Publicado por Sióstio de Lapa em 20/03/2014 às 09h58


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr