Meu Diário
27/05/2014 23h18
A FÉ E A PRUDÊNCIA

            Essas são duas virtudes que Jesus nos ensinou a desenvolver. Mas tem algumas ocasiões que parece uma ir de encontro a outra. Aquele momento que eu estava determinado a falar com a governadora do meu Estado, se assim tivesse oportunidade, e deixar todos os meus empregos e compromissos financeiros para seguir algo determinado pela Fé, parece que é algo que vai de encontro, que é contra à Prudência.

            Talvez ontem o Pai tenha aproveitado uma oportunidade de conflito social para me fazer refletir sobre esses dois aspectos, para que eu possa melhor balancear um e outro dentro do meu comportamento e também avaliar o contexto social como um todo.

            Semana passada eu estava temendo deixar todo meu padrão de vida para me interiorizar pelas comunidades do Rio Grande do Norte, uma ocorrência mais difícil de acontecer, mas que não era impossível.

            Ontem com a tomada da estrada pelos sem-terra, um fato real aconteceu: toda uma cidade ficou sitiada. Será que eu atendendo pela Fé poderia ir até lá por caminhos alternativos? Será que eu apresentaria o item da persistência para realizar esse ato de Fé? Mesmo que para isso tivesse que entrar por caminhos distantes e isolados, desconhecidos e sem nenhum socorro à disposição se algum acidente acontecesse? Será que a prudência falaria mais alto e evitaria correr tal risco por algo que poderia ser adiado?

            O item Fé falou mais alto. Mas no caminho solitário eu avaliava que estava completamente nas mãos de Deus, não tinha nenhum plano B como alternativa, caso surgisse uma ocorrência negativa, algum tipo de acidente.

            Sei que Deus que tudo sonda em nossas vidas, deve ter ficado satisfeito com o meu graus de Fé, naquilo que sinto como sintonizado com Sua vontade. Mas por outro lado sinto também que Ele ficou pouco satisfeito com o meu grau de prudência frente aos desafios da vida, da falta de raciocínio quanto alternativas que eu poderia ter encontrado sem necessariamente ter enfrentado a solidão das estradas.

            A conclusão que fiquei é que tenho que valorizar mais a prudência em todos os atos ou planejamentos que eu possa realizar. Fico a pensar agora que tenho que exercer a Prudência neste trabalho que estou fazendo nas comunidades e que eu pretendo entrar em suas intimidades com o gesto de amor e amizade, para corrigir defeitos sociais que levem à violência e oferecer ajuda que for necessária dentro de nossas possibilidades.


Publicado por Sióstio de Lapa em 27/05/2014 às 23h18


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr