Meu Diário
20/06/2014 00h01
AMOR-DOAÇÃO

            Tenho a convicção de procurar seguir a vontade Deus assim como Ele colocou-a em minha consciência, sem temer as ameaças que surjam neste caminho, desde que eu consiga manter dentro do meu coração as lições que o Cristo deixou.

            Procuro ter a consciência reta dentro deste caminho a fim de que, mesmo naquilo que falem mal de mim, terminem por se confundir por perceberem o meu honesto procedimento em Cristo. É melhor padecer por fazer o bem, se Deus assim o quiser, do que por fazer o mal.

            Devo lembrar que o próprio Cristo padeceu na carne e mataram o seu corpo físico, mas Ele sempre estava com a consciência reta na vontade do Pai, procurando sempre defender os injustos por causa de suas ignorâncias, com a força dEle, do justo, do Cristo. Com esse comportamento Ele passou a criar um caminho que nos levará a Deus. Por isso ele dizia: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Padeceu a morte na carne, mas o seu espírito foi mais vivificado que antes.

            A sua lição básica era o Amor que era recebido do Pai e devia ser refletido de volta ao Pai e por todas as criaturas da Natureza, principalmente o próximo. Ele era bem enfático quanto a isso: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”.

            Como seu discípulo procuro guardar esse mandamento máximo do Amor Incondicional e aplicar em todos os meus relacionamentos, principalmente os relacionamentos íntimos. Daí surgir na consciência que esse tipo de comportamento iria gerar um novo formato de família, uma família mais ampla comparada àquela que observamos hoje como família nuclear. Essa família ampliada estaria mais próxima da família universal que constituirá a célula do Reino de Deus.  

            Então, o amor que Jesus pede que eu pratique deve ser parecido com dele, se não puder ser semelhante: amor-doação. A retribuição que ele quer não é para ele, mas para os outros. Assim, no trabalho comunitário temos a maneira concreta de vivenciar essa realidade: o Amor gera a própria vida, mostra-se forte, produz frutos.

            Reflito que Deus é a essência do Amor e que o próprio ato de minha criação foi um ato de Amor. Devo vencer o orgulho próprio do egoísmo da minha animalidade e aceitar o Amor gratuito que Ele me oferece, e dessa forma amar gratuitamente os meus irmãos e irmãs. Também devo lembrar sempre, que meu Amor pelos outros nada mais é do que o Amor de Deus no meu coração.

            Jesus nos escolheu para seus amigos, em qualquer tempo e lugar. Para o Cristo a amizade é a expressão máxima do Amor. Sem a amizade, mesmo o casamento e a vida matrimonial não duram muito.

            Ser amigo de Jesus é o resumo da espiritualidade cristã. Essa amizade nos leva a oração e a ação. Preciso cultivar essa amizade com Jesus, já que sou tão falho nas orações. Preciso pelo menos compensar com as ações. Devo fazer as obras e gestos que o imitam.

            Essa amizade engloba lealdade e fidelidade, que implica em partilha e segurança. É estarmos certos de que nossos amigos responderão se precisarmos deles. Implica também em começar tudo de novo, nos casos de desentendimento.

            Esse aspecto é importante, pois se a amizade implica em lealdade e fidelidade, temos que observar em que sentido. Se eu tenho o pensamento evangélico e outra pessoa é ateia, podemos ter uma amizade? Dentro da Igreja podemos pensar que todos devem ser amigos, por força do principal ensinamento cristão que é o Amor Incondicional. Mas não é o que observamos. Vejo que eu tenho uma amizade recíproca com o meu colega no departamento, mesmo ele sendo declaradamente ateu e eu declaradamente cristão. Por outro lado vejo pessoas declaradamente cristãs que não são minhas amigas, por diversos motivos passam a ser minhas adversárias. Não observam o ensinamento máximo da doutrina cristã.

            Como eu procuro seguir essas lições à risca, termino por considerar todos que se aproximam de mim como meus amigos, por amar ao próximo como a mim mesmo. Mesmo que a pessoa seja um inimigo ou adversário declarado, eu não devo manter essa mesma postura. É claro que a amizade nesse nível não irá vingar, pois somente o meu amor-doação é quem sustenta essa perspectiva e que deve se concretizar na prática com a reciprocidade. É como Jesus ensinou, ser amigo de todos, mesmo sabendo que nem todos são seus amigos e alguns podem até lhe crucificar.


Publicado por Sióstio de Lapa em 20/06/2014 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr