Meu Diário
10/01/2015 15h53
COMBATE MENTAL

            A guerra entre os desejos da carne e a vontade do Pai se desenrola em todos os planos, em todas as existências; que estejamos conscientes ou inconscientes, mesmo assim a luta está acontecendo no campo de nossas consciências, de nossas convicções. Se temos bons pensamentos e propósitos, a tendência é que a vontade do Pai vença o embate. Mesmo assim, nossas boas intenções em fazer a vontade do Pai não representam uma segurança à toda prova.  Nossos principais adversários são internos, estão dentro de nós, e por isso às vezes pensamos que estamos fazendo a vontade dEle quando na verdade não estamos.

            Tenho um bom exemplo disso. Hoje acordei com a sensação vívida que estava dentro de uma situação, com diversas pessoas, onde o sensualismo prevalecia, que as relações sexuais eram desejadas e levadas à pratica. Não era nada compatível com a devassidão, o meu psiquismo não comportaria eu ficar num ambiente devasso, sem respeito ao próximo. Mas a circunstância era de amizade, de permissividade dentro dos desejos de cada um. Não havia nenhum tipo de constrangimento, de forçar o outro a fazer nada que ele não desejasse também. O clima era de paquera, de conquista sensual, de libidinosidade. Atendia aos desejos da carne sem afrontar os interesses do espírito.

            Ao acordar com esse clima tão “gostoso”, com todo meu corpo preparado para interação sexual, procurei manter a mesma situação mental, agora de forma consciente. Mantive na imaginação as condições do sonho e ia acrescentando novos personagens a essa “festa libidinosa”. Foi quando surgiu na minha mente a pergunta: “Será que o Pai deseja isso?”. Sei que eu não estava fazendo nada de mal, que afrontasse ou desonrasse qualquer dos meus irmãos, pois tudo acontecia na minha imaginação e com a anuência de todos eles. Mas eu lembrei que o meu corpo sempre desperta esse tipo de desejo e que sempre estou a satisfazê-lo, principalmente no campo mental. Sei que o Pai foi quem me criou com todos eles, para servirem à reprodução e que me paga com o prazer. Então, eu uso artifícios para obter o prazer e evitar a reprodução. Recebo o pagamento por algo que não fiz. Não é contrário à lei de Deus? Mas também entendo que a essência de Deus é o Amor e ele pode organizar as coisas de acordo com os interesses de cada criatura, desde que levem à harmonização e ao crescimento de todos os envolvidos. Por isso, ter o prazer sexual sem a reprodução pode ser de interesse dos dois parceiros e assim está em sintonia com o Amor. Não seria esse o caso da minha dúvida com relação a vontade de Deus. A questão é, por que sempre que vem esse desejo eu tenho que o cumprir? Não posso fazer outra atividade de interesse do Pai e deixar essa atividade de prazer, de interesse do meu corpo em segundo plano? Essa foi a natureza do embate, deixar ou não a vontade do Pai em primeiro plano, em comparação com os meus desejos carnais.

            Dessa forma fiz o enfrentamento, de não concluir o prazer sexual. A luta que se desenvolveu foi ferrenha, os desejos surgiam com uma série de argumentos, inclusive que eu poderia após obtê-lo, e compensar depois ao Pai com uma série de atividades de interesse dEle. Percebi assim que eu estava tentando negociar com Deus para atender os meus desejos e reforcei o pensamento de ficar do lado dEle desta vez, de fazer todo o trabalho necessário sem considerar isso um pagamento ou penitência.

            Sai da cama de imediato, pois sabia que esse era o campo da carne, e fui para a sala começar os trabalhos sem a conotação de pagamento.

            Meu espírito venceu a batalha mental com a carne, sem colocar essa questão dentro de preconceitos ou tabus. Sei que tudo isso poderia ser feito, não existe contradições em aproveitar o prazer que o Senhor resolveu nos proporcionar, sem prejudicar a nenhum irmão. O que estava em jogo era o princípio de quem atender primeiro, de quem é o meu senhor, a carne ou Deus.

            Reconheci a vitória do espírito e fiquei satisfeito.


Publicado por Sióstio de Lapa em 10/01/2015 às 15h53


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr