Meu Diário
22/04/2015 00h01
A NATIVIDADE

            Assisti um documentário interessante na NETFLIX, “Os mistérios de Jesus”, que provocaram boas reflexões na minha consciência. Vou reproduzir na íntegra as legendas do primeiro trecho que aborda o tema da NATIVIDADE.

            Jesus Cristo talvez seja o homem mais famoso que já habitou neste planeta. Pensamos que já sabemos tudo que há pra saber sobre Ele, mas isso está muito distante da verdade. Sua vida ainda está envolta em mistérios, completa de acontecimentos estranhos e perguntas sem respostas. Este programa esclarece sete dos mistérios existentes no mundo cristão, há séculos.

            Os mistérios começam no nascimento de Jesus, no dia que hoje celebramos o Natal. A maioria de nós acha que a Natividade é só alegria e felicidade pelo nascimento de Jesus. Estamos muito errados. Há sinais claros de algo diferente. Então, qual é a mensagem sombria oculta em uma história que acreditamos conhecer tão bem? Dizem que a igreja da Natividade em Belém foi construída no local onde Jesus nasceu. Há séculos, centenas de milhares de peregrinos cristãos vêm rezar nesse local sagrado. Mas são devotos de uma Natividade obscurecida e pausterizada por mitos e lendas. O relato bíblico original é assustadoramente distinto. Levam-nos diretamente ao mundo real da Terra Santa há dois mil anos, uma terra sob o jugo estrangeiro dividida por diferenças políticas e religiosas. Segundo o evangelho de Lucas, a história da Natividade começa com José e Maria a caminho de Belém, onde ela dá à luz, Jesus. O Evangelho de Lucas diz que os pastores testemunharam o nascimento. Porém o Evangelho de Mateus possui mais minúcias dramáticas, como a estrela de Belém e os três Reis Magos. Há séculos todos esses elementos têm-se combinados.

            “Quando o Natal é celebrado, misturam essas duas histórias para gerar um grande relato.” (Professor Bart D. Ehrman)

            A natividade agora é uma das histórias mais conhecidas e mais descritas, com cenas lindas e até mágicas. Comunidades cristãs do mundo inteiro copiaram todos os detalhes. O problema é que essa imagem nos desviou do que os evangelistas queriam de fato dizer.

            “Acho que temos o desejo romântico de achar que algo fantástico deve ter acompanhado o nascimento, e assim acrescentamos coisas à história. Isso a torna mais romântica, mais empolgante.” (Professor Mark Goodagre)

            Ao longo dos séculos a mensagem mais profunda da Natividade foi revestida com chamadas de romantismo e sentimentalismo.

            “Acho que pausterizamos essa coisa toda, juntamos todas essas imagens e criamos uma imagem bela e afetada.” (Dra. Helen Bond)

            Os relatos dos Evangelhos são para oferecer consolo e alegria. Os símbolos famosos da cena da Natividade pretendem dar um soco paralisante que atinja o alvo logo no início, quando o nascimento de Jesus é representado sobre o céu noturno. A Estrela de Belém é um dos mais famosos símbolos da Natividade. Segundo o evangelista Mateus, ela é vista pelos sábios ou três Reis Magos do oriente, e os guia até Belém. Segundo algumas teorias eram dois planetas bem próximos, ou uma estrela distante se tornando supernova. Existe uma ideia que a vincula diretamente à mensagem real dos evangelhos.

            Há uma frase em especial no Evangelho de Mateus, que essa estrela que os Magos viram no céu parou sobre o local que a criança nasceu. Os Magos estavam viajando de Jerusalém para Belém. Durante a viagem viram essa estrela acima deles, mas como pode uma estrela parar sobre um lugar como Belém? Só existe uma única explicação, uma estrela que pode fazer isso é um cometa.” (Sir Colin Humpheys)

            Há dois mil anos quando aparecia um cometa no céu noturno todos paravam e prestavam atenção. Ninguém tinha a menor dúvida de que estava para acontecer um fato marcante, mas não eram boas novas.

            “Também temos a noção de que a estrela de certa forma poderia ser encarada como anúncio do nascimento de uma grande pessoa, mas as estrelas também podiam ser interpretadas como cometas, e cometas eram um mal sinal que geralmente significava morte.”

            Os Reis Magos eram considerados os maiores pensadores e meteorologistas dessa época. Eles sabiam que esse sinal das estrelas marcavam o nascimento de um novo rei dos judeus. Mas se era um cometa, seu futuro poderia ser negro. Então, eles a seguiram até Belém levando presentes repletos de significados.

            “Acho que a maioria nem imagina que exista esse simbolismo nos presentes. O ouro, o incenso, a mirra.”

            Não são presentes para uma criança comum. Primeiro, tem o ouro.

            “O ouro é algo de extraordinário valor e acho que significa que Jesus será um rei, e esse é um presente apropriado para um rei.”

            O próximo é o incenso.

“Sempre se oferece incenso a Deus. então demonstra, não a realeza de Jesus, mas a divindade de Jesus.”

Mas é o significado do terceiro presente que foi mais esquecido nos tempos modernos. A mirra é uma resina vegetal usada para preparar cadáveres.

            “Isso dá uma ideia de que Jesus vai morrer e que a morte fará parte de sua história.”

            Então a mirra nos adverte da morte de Jesus e os paleocristãos teriam captado essa mensagem essencial.

            Até o famoso cântico de Natal, “nós, os três reis do oriente somos”, escrito em 1857, se refere diretamente ao verdadeiro significado da mirra em seu quarto verso. As palavras assustadoras: “trancado em um frio túmulo de pedra”, são a referência clara à morte de Jesus.

            “Esta é uma coisa surpreendente que me faz pensar se estamos mesmo absorvendo tais coisas quando cantamos os cânticos.”

            O simbolismo do presente da mirra dos Reis Magos é claro, traz o espectro da morte ao nascimento da criança. E esse espectro não é só para o futuro. Ele paira sobre a Sagrada Família naquele mesmo momento na pessoa do rei Herodes, o Grande. Herodes é o rei da Judéia, o mandatário da nação judaica. Ele é também um tirano sanguinário que matou a esposa e três filhos quando achou que estavam conspirando contra ele. Por uma trágica ironia, os Reis Magos dão a Herodes o significado do sinal que nascera um novo rei dos judeus, quando passam por Jerusalém. O Evangelho de Mateus descreve a maneira sádica como Herodes tenta livrar-se desse novo rival pelo trono.

            “Acontece que ele organiza uma extraordinária, impiedosa, violenta e cruel chacina dos inocentes. Assim, todas as crianças com menos de dois anos de idade são assassinadas.”

            Quando um anjo avisa da chegada dos assassinos, Maria e José fogem de Belém com Jesus para se salvarem.

            “Essa história termina de forma horrível, com violência.”

            “Isso é horripilante. É uma realidade, e é claro que está maquiada. Porque se definir os fatos não é politicamente correta para cartões de Natal.” (Archpriest Andrew Phillips)

            A história brutal do massacre herodiano dos inocentes é um elemento importante do relato da Natividade, mas não é o que queremos ouvir no Natal.

            “Não queremos que nos lembrem que o nascimento de Jesus tem algum tipo de ligação com a morte de outras crianças.”

            A fuga de Belém da Sagrada Família, encerra o relato da Natividade feito por Mateus. O último detalhe põe em destaque como uma história mais sombria foi transformada numa espécie de conto de fada.

            O carneiro é o mais conhecido na cena tradicional da Natividade. Ele é inocente, humilde, inofensivo. Mas o cordeiro da Natividade foi despido de seu verdadeiro significado.

            “O cordeiro e a ovelha são simbólicos. Simbólicos porque eram sacrificados e se tornaram o símbolo de Jesus, que será sacrificado como um cordeiro ou uma ovelha. (Father Mario Murru)

            Os pastores que aparecem no nascimento de Jesus não estão na cidade por acaso. Belém era o local onde se criavam carneiros usados em sacrifícios religiosos, principalmente durante a festa judaica da páscoa. E isso não é coincidência.

            “O relato do Evangelho de João é bem claro, que Jesus foi crucificado exatamente na mesma hora que os primeiros cordeiros da páscoa foram abatidos, portanto, a simbologia é bem exata para que Cristo seja visto como um cordeiro sacrificatório.”

            Do início ao fim a história da Natividade está repleta de símbolos. A estrela de Belém que pode ser um cometa significando a morte; os três Reis Magos trazendo a mirra, usada para embalsamar cadáveres; Herodes e o massacre das crianças; e o cordeiro, uma imagem de sacrifício. A mensagem não poderia ser mais clara.

            “O personagem principal da história, ainda bebê, vai morrer horrivelmente. Existe algo desagradável em tudo isso. Há algo que no faz parar e dizer: espere aí, essa não é dessas histórias do herói que marcha para a vitória. É um tipo de história bem diferente. Os paleocristãos que tivessem lido ou ouvido essas histórias da Natividade não teriam dúvidas de que de fato essa não é uma história cheia de ternura para que voce se sinta bem em 25 de dezembro.

“É a história do nascimento de um salvador e toda questão da vida dEle que se pronuncia na própria cena da Natividade é que ele vai morrer e é a sua morte que realmente importa.”

Assim, há séculos o sentimento e o comercialismo quase sempre mascaram o verdadeiro sentido da cena da Natividade. Longe de oferecer calor, conforto e tranquilidade, essa história tão conhecida, que está no âmago das nossas celebrações do Natal, é de fato uma profecia da morte brutal de Jesus.

Eu já conhecia essa história e um pouco do seu simbolismo, mas não com essa profundidade e direcionamento para o verdadeiro significado de tudo que estava acontecendo naquela ocasião. Costumava focar a importância do nascimento do Mestre, mas sem realçar a importância da morte brutal e como cordeiro, uma maneira que iria fazer a repercussão desse fato em toda a humanidade e se tal não tivesse acontecido a importância do seu nascimento se perderia após a sua morte natural. Irei agora ajustar a importância do nascimento de Jesus à importância da sua morte e que todos os fatos simbólicos ao seu redor ressaltavam mais essa parte funesta.


Publicado por Sióstio de Lapa em 22/04/2015 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr