Meu Diário
01/07/2016 23h57
AARÃO

            É um dos santos relembrados hoje pela igreja católica, como primeiro sumo-sacerdote, no século XIII antes de Cristo. Aarão é o irmão mais velho de Moisés e tinha uma irmã mais jovem, Miriam. Ele foi enviado pelo Senhor para se reunir com Moisés no Monte Horeb. Os dois conversaram sobre a volta ao Egito a fim de efetuar a libertação do seu povo do cativeiro. Deus já havia aparecido a Moisés, indicando que Aarão seria seu porta-voz na nova missão. A partir daí os dois irmãos trabalharam lado a lado para garantir a liberdade para o seu povo oprimido. Mesmo depois da saída do Egito, Aarão continuou, pelo menos algumas vezes, como porta voz de Moisés para os filhos de Israel. Em Refidim, a pouca distância do deserto de Sin, Aarão e Hur sustentaram os braços levantados de Moisés na batalha vitoriosa com um grupo de amalequitas. Durante a estadia junto ao Monte Sinai, a Aarão e aos seus filhos Nadab e Abiú, juntamente com 70 anciãos de Israel, foi dado o privilégio especial de acompanharem Moisés além do limite na base da montanha do qual o povo normalmente não deveria transpor. Durante a ausência prolongada de Moisés do acampamento, Aarão condescendeu com a exigência do povo de terem “deuses” visíveis ao fazer um bezerro de ouro e liderou a sua adoração.

            Essa história traz muitas reflexões. Primeiro, sobre a Natureza de Deus, que é claramente a favor de um povo em desfavor de outro, diferente daquele Deus ensinado por Jesus, cuja essência é o Amor, que não se arbitra de juiz para condenar ninguém. Cada um é condenado de acordo com a corte da própria consciência que o julga culpado e a desarmonia íntima leva à geração do sofrimento.

            Segundo, é sobre a natureza dos homens escolhidos por Deus para serem seus profetas. São homens rudes, cheios de defeitos e fragilidades. Aaron, após pouco tempo que ficou sem a presença de Moisés, logo deixou-se abater pela opinião da turba e deixou acontecer a construção de um ídolo de adoração na forma de um bezerro de ouro, e passou a ser o sacerdote desse símbolo.

            Para mim parece tudo isso algo muito distante do divino. Serve apenas mais como uma simbologia que sirva para a orientação de nossas ações. Reconhecer que todos somos imperfeitos, mas que devemos obedecer ao chamado de Deus, que deve acontecer na intimidade da consciência. Isso acontecendo, devemos nos pôr na trilha que Deus nos oferece, e sentir a segurança de que Ele sempre vai estar por perto quando por acaso viermos a precisar.

            O objetivo que devemos alcançar pode ficar comprometido devido aos nossos próprios erros de interpretação, de voltar a nossa atenção para outros objetivos, outros deuses, e esquecer que o Deus principal nunca deixará de existir.

            Acredito que o verdadeiro Deus, aquele cuja essência é o Amor, continua a recrutar consciências mais sintonizadas com o divino, mesmo que essa pessoa seja frágil e cheia de defeitos. O que mais importa é a honestidade de sentimentos e o esforço que é feito cotidianamente para se tornar melhor e diminuir a carga da ignorância.

            Pode ser que não exista sobre essa pessoa a aura de um “profeta de Deus”, que está sendo portador de Sua palavra. Mas certamente essa pessoa possuirá a aura da fraternidade e sempre está engajada em ações sociais que visem a compreensão do mundo espiritual e da prevalência de Deus sobre tudo.


Publicado por Sióstio de Lapa em 01/07/2016 às 23h57


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr