Meu Diário
06/09/2016 19h53
AMOR – CONDICIONAL OU INCONDICIONAL?

            Hoje acordei com um sonho na minha memória, onde sou provocado para ensinar a diferença entre o amor condicional e incondicional. Pensei, com certa demora, confesso, que esta foi mais uma orientação divina para eu repensar a pauta de meus textos e colocar neste momento a lição que Jesus veio ensinar sobre o amor e que nós, a humanidade, até agora só fazemos deturpar.

            Primeiro, vamos colocar no confronto os dois conceitos: qual deles é o mais forte, o mais amplo? O amor condicional, ou o amor incondicional? Sabendo que o amor condicional depende para sua existência de algum fator, de algum condicionante. Por outro lado, o amor incondicional não exige nenhum condicionante, simplesmente se manifesta. Fiz essa pergunta no sonho aos alunos, e não obtive resposta. Todos ficaram calados, mesmo sendo uma pergunta tão óbvia.

            Prosseguindo com a explicação, a pergunta seguinte se tornava mais complicada: como saber que estou agindo, nos diversos níveis de relacionamento interpessoal, dentro dos princípios do amor incondicional?  Não esperava de nenhum dos alunos essa resposta, já que aquela anterior, bem mais fácil, ninguém havia respondido.

            Disse então, que o Mestre Jesus havia nos ensinado como nos comportar dentro da lei do amor incondicional, sem riscos de desvios: bastava amar a Deus, enquanto Natureza, em todas as suas dimensões, material e espiritual, acima de todas as coisas; e amar ao próximo como a si mesmo, isto é, não querendo fazer ao próximo aquilo que não queremos para nós, e, principalmente, fazer ao próximo aquilo que gostaríamos que fizessem a nós.

            O silencio dos alunos, sem nenhum tipo de contestação, dava pistas de que eles estavam aceitando a lógica da argumentação. Então prossegui. - Muito bem, falava de forma didática, procurando levar a mente dos alunos pelos caminhos da minha racionalidade.

            Vamos agora imaginar o relacionamento conjugal, que é o relacionamento mais íntimo que podemos observar e portanto essa questão do amor deve ficar bem na superfície com fortes raízes na profundidade das emoções.

            Vamos imaginar que o casal teórico e em estudo é adepto do Amor Incondicional. Eles se amam sem esperar do outro qualquer tipo de recompensa, a recompensa de cada um pelo fato de amar alguém, é o próprio sentimento de amor que ele sente sair de si para o outro no sentido de aperfeiçoar aquela alma e de colaborar com a sua evolução, tanto material quanto espiritual.          

            Agora vamos imaginar que um dos indivíduos que compõe o par conjugal, de companheirismo, encontra outra pessoa e desenvolve por ela uma simpatia mútua. Tão profunda que justifica o relacionamento íntimo que cada um passa a desejar. Não há mentiras, esse novo parceiro sabe da cognição daquela nova amizade, que ela tem uma relação de companheirismo com outra pessoa, que vivem muito bem dentro da filosofia do amor incondicional e que nenhum pretende quebrar o relacionamento em função de qualquer outra pessoa. Mesmo assim essa terceira pessoa está decidida a ter essa experiência íntima, pois sente que vai ser útil para os seus sentimentos, que melhorará a sua qualidade de vida, mesmo que não tenha possibilidade de se manter ao longo do tempo.

            Chega nesse ponto a avaliação crítica. Qual seria a conduta dessa pessoa que tem um companheirismo baseado no amor incondicional com o seu par? Deve evitar o aprofundamento da relação afetiva e até do relacionamento sexual? Sabendo que essa ação será satisfatória tanto para si quanto para a nova amizade que construiu? Caso ele não tenha esse relacionamento por impedimento de qualquer natureza, ele não está cumprindo a bússola comportamental do Cristo: fazer ao próximo o que deseja para si.

            Nesse contexto podemos concluir que a relação afetiva com uma terceira pessoa, dentro dessas circunstâncias, deve ser realizada para que os princípios do Amor Incondicional sejam cumpridos. Mas como ficará o companheiro que está observando à distância esse novo relacionamento? Como essa pessoa também cumpre os princípios do amor incondicional, irá se sentir feliz por seu companheiro ter tido oportunidade de uma nova relação afetiva, e ficará grata aquela terceira pessoa que proporcionou isso e que indiretamente a deixou feliz, pelo seu companheiro.

            Esta dimensão relacional entre duas pessoas ainda não tive oportunidade de observar, nem na vida real nem na ficção. Sempre o amor condicional, na forma do amor romântico é quem prevalece com toda sua carga de egoísmo e de exclusivismo, causando as mais dolorosas reações emocionais que podem atingir o desenlace fatal.


Publicado por Sióstio de Lapa em 06/09/2016 às 19h53


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr