Meu Diário
22/11/2016 12h32
VIVER O EVANGELHO

            São Francisco de Assis foi à presença do Papa Inocêncio III para que o grupo de 12 pessoas, incluindo ele, fossem reconhecidos através de uma Ordem para seguir essa vocação sem atropelos religiosos.

            Através de amizades, pelo reconhecimento de suas atividades em Assis, foi contatado um cardeal, bispo de Sabina, que se chamava João de São Paulo, verdadeiramente cheio de graça e que amava muito os servos de Deus, foi o intermediário e disse ao senhor Papa Inocêncio III o seguinte:

            “Encontrei um homem perfeitíssimo que quer viver segundo a forma do santo Evangelho e observar a perfeição evangélica em tudo, por meio do qual creio que o Senhor queira reformar no mundo inteiro a fé da santa Igreja.”

            Este fato acontecido há mais de 800 anos mostra a ação de Deus sobre certas pessoas, sensíveis às diretrizes do mundo espiritual. Francisco morava em Assis, filho de pai abastado, comerciante, que fazia tudo que o filho desejasse, desde que fosse para se projetar no mundo material, com os amigos em bebedeiras e orgias, ou mesmo no campo de batalha em busca de um título de nobreza.

            No entanto, Francisco ouviu uma voz na sua consciência de que deveria servir ao Senhor e não aos servos, ao Criador e não aos criados. Após um momento de confusão, ele percebeu o verdadeiro caminho que o Pai queria que ele seguisse e foi adiante.

            Assim deve acontecer com cada pessoa até os nossos dias atuais. Cada um deve ter um caminho determinado por Deus e orientado pelo Evangelho que Jesus, na condição de filho mais preparado espiritualmente veio nos ensinar. Cada um tem as suas virtudes que foram conquistadas ao longo das diversas vivências e cada vez que passa por nova experiência material deve assumir um novo caminho que lhe faça evoluir mais um degrau e corrigir erros do passado.

            Às vezes somos tentados a seguir o exemplo de uma pessoa mais capacitada, e isso não é ruim, mas sempre haverá motivos para o caminho dessa pessoa não ser totalmente igual ao caminho do seu modelo comportamental. Por exemplo, tenho em São Francisco um modelo comportamental, no cumprimento da vontade de Deus com firmeza e determinação. Porém o modo como ele fez, o caminho que ele seguiu conforme seu entendimento da vontade de Deus, de seguir os passos do Mestre Jesus, de desposar a senhora pobreza, se confundir com os mendigos e divulgar o Evangelho na base da humildade e dependência dos irmãos mais aquinhoados, que passavam a ser instrumentos de Deus para a sua sobrevivência e dos demais irmãos, não é o meu caminho.

            Entendo que a vontade de Deus na minha consciência tem o propósito de usar todas as informações espirituais prévias, principalmente as lições evangélicas de Jesus, e aplica-las na vida prática, em todos os sentidos, principalmente na vida íntima, sentimental, na formação da família. Para que isso seja realizado o Amor Incondicional deve ser um pré-requisito fundamental. Tem que haver um deslocamento do Amor Romântico que continua sendo a base da formação das famílias, para esse Amor Incondicional que não exige nenhuma recompensa por sua doação.

            Entrar por esse caminho significa uma nova experiência, que os principais avatares da humanidade não tiveram de formar uma família com essas características. Acredito que não seja por incapacidade espiritual, pois um ser da estirpe de Jesus poderia muito bem exemplificar essa família construindo a sua própria. Acontece que a Sua missão era ensinar sobre o pré-requisito do Amor Incondicional, e Ele não poderia misturar as duas coisas, com o risco de não ensinar o objetivo principal.

            Agora, já que todos conhecemos a lição do Amor Incondicional, podemos colocá-la em prática na construção de nossas famílias e nos capacitar para a formação do Reino de Deus, como Ele previu.


Publicado por Sióstio de Lapa em 22/11/2016 às 12h32


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr