Meu Diário
13/01/2017 09h25
HISTÓRICO DE UMA VIDA (10) – AMOR INCONDICIONAL

            Apesar de toda resistência que eu sentia ao meu redor, eu caminhava pelas trilhas do amor incondicional, me envolvendo afetivamente com as pessoas que o Pai colocava na minha vida e que atendia os critérios deste amor divino, então, eu me permitia o aprofundamento do relacionamento afetivo, até o clímax da relação sexual, se fosse o caso.

            Nesse caminhar, a minha esposa se apaixonou por uma pessoa e eu tive a oportunidade de mostrar a coerência de meus pensamentos e comportamento. Tolerei e defendi a minha esposa neste momento, mas cometi um erro, ao sugerir o aborto que provavelmente seria do filho do seu amante. Da minha parte tive diversas amantes, algumas paixões, todas toleradas pela minha esposa, pois ela tinha o mesmo direito de fazer o mesmo. Mas ela não conseguiu tolerar uma paixão que desenvolvi por minha prima, o que fez ela me expulsar de casa de forma violenta, esbofeteou-me e jogou minhas roupas para fora. Devido a isso fui morar com essa prima, com a qual tinha acabado de romper o relacionamento, pois ela disse que não toleraria conviver comigo sabendo que eu não iria desistir da minha esposa. Mesmo ambos sabendo que o mesmo fato de eu me apaixonar por outra pessoa podia acontecer, nós passamos a conviver juntos até quando fosse possível. Não aconteceu uma paixão, mas nasceu uma criança dentro desses relacionamentos afetivos que eu mantinha com diversas pessoas. Tive que informar a essa atual companheira, minha prima, que eu iria ser pai e que iria reconhecer esse filho caçula e dar a ele todos os direitos, pois a mãe não quis seguir o meu conselho para fazer o aborto.

            Todas essas crises foram toleradas dentro do relacionamento com minha prima e eu já tinha cinco filhos, contando com um que geramos por acidente, pois ela não queria. Todos os filhos estavam devidamente cobertos pelos direitos legais, mas sempre alguém se prejudicando por minha ausência física, pois era impossível a minha presença simultânea em todos os lugares. Isso ficava mais complicado, pois se tudo isso era gerado, era porque os meus paradigmas de vida assim o permitia. E a pessoa que se relacionava comigo, mesmo sabendo desses paradigmas, não os aceitava e passava a ficar agressiva comigo e com as outras companheiras que por acaso ficassem comigo em algum momento e lugar. 

            Foi neste momento que me apaixonei pela empregada doméstica que trabalhava em nossa casa, o fato foi descoberto e foi nesse momento que resolvemos fazer uma separação de corpos e bens materiais com a minha prima, pois nesse momento já estávamos casados. Mas combinamos que eu continuaria a morar com ela como amigo, e que teria que obedecer alguns critérios para voltar para casa. Não poderia chegar depois das 23h e teria um dia que eu poderia dormir fora de casa. Foi quando eu fiquei dormindo nas quartas feiras no apartamento de uma amiga, assistente social, com a qual fui diversas vezes a congressos médicos.

            Também desenvolvi uma paixão pela internet com uma moça que morava em Juiz de Fora, Minas Gerais. Foi o único momento que disse a minha prima que eu iria deixa-la por essa moça, se tudo desse certo quando nos encontrássemos. Nunca tinha dito isso para ela e foi um grande choque. Fui até a cidade de Juiz de Fora, conheci a moça, mas não deu certo a continuidade do romance.

            A minha amiga das quartas feiras passou a exigir mais tempo com ela e sempre por causa disso havia conflitos, pois eu não achava interessante dormir mais de uma noite fora de casa. Devido a isso nos afastamos e passei a dormir nesta quarta feira na casa da mãe da minha filha caçula. Foi nesse momento que Deus colocou no meu caminho uma pessoa carregada de espiritualidade, saída de um convento franciscano. Percebi mais uma vez a manifestação de Deus querendo me ensinar mais alguma coisa, tanto da vida franciscana quanto do relacionamento de uma família excessivamente católica, ao se deparar com uma pessoa com pensamentos espirituais radicalmente diferentes e um projeto de vida muito estranho para quem acredita em todo o simbolismo da Bíblia, como se tudo fosse a livre expressão de Deus.

            Na vida profissional estava muito envolvido com o trabalho de prevenção e tratamento das dependências químicas, muito próximo dos trabalhos de mútua ajuda, como os Alcoólicos anônimos e seus derivados.

            Finalmente, no dia que o meu filho com minha prima passou no vestibular, fiquei incomodado porque a minha filha caçula era a única que não podia telefonar para minha casa e o parabenizar como ela queria. Notei que ela estava sendo tratada como uma pessoa inferior e isso eu não podia tolerar. A noite enquanto o meu filho saia com a mãe e demais parentes maternos para jantar e comemorar a vitória no vestibular, fui encontrar com minha filha para reparar a injustiça que estava sendo cometido sobre ela. Isso foi a gota d’água para a sua mãe me expulsar com brutalidade da sua casa. Fiquei morando um tempo na casa do meu irmão, depois comprei um apartamento na Praia do Meio e fui morar sozinho lá, mas tinha a convivência frequente com minha filha caçula e sua mãe. Mas, devido ao ciúme que sua mãe não conseguia evitar, mesmo dizendo em particular que iria conseguir, sempre sofria recaídas e isso levava ao nosso cada vez mais forte afastamento. Mesmo que o amor por minha filha caçula tenha alcançado níveis exagerados, mesmo assim isso não foi suficiente para conter esse afastamento de sua mãe, e consequentemente dela também, devido o forte laço emocional que uma tem pela outra. Isso favoreceu a constante aproximação da moça que veio do convento e que morava em Ceará-Mirim.  

            Continuava seguindo a trilha do Amor Incondicional e deixando um rastro de pessoas que se aproximam de mim e não conseguem se livrar dos critérios instintivos do amor romântico.


Publicado por Sióstio de Lapa em 13/01/2017 às 09h25


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr