Meu Diário
19/01/2017 02h18
HISTÓRICO DE UMA VIDA (12) – EM BUSCA DO REINO

            Finalmente estou na fase final da minha vida. Já começo a descer a montanha do gráfico da vida, os erros metabólicos começam a se acumular, os hormônios vitais para a reprodução começam a diminuir... a vantagem é que no cérebro existe uma seleção dos neurônios mais importantes com relação ao Juízo Crítico das circunstâncias ao meu redor e que guardam importantes informações na memória. Se eu conseguir evitar o ataque de qualquer tipo de demência, poderei usar essas informações para privilegiar minhas ações no campo da espiritualidade, pois é nesta dimensão que meu foco de atividades está definido, fazer a vontade de Deus seguindo as lições do Mestre Jesus e respeitando todos os avatares, pré e pós o Cristo.

            Por esse motivo coloquei no último slide desta apresentação a frase BUSCAI PRIMEIRO O REINO DE DEUS na posição central.

            Coloco acima a palavra Amizade para dar o significado dos rastros que devo fazer durante todos os momentos da minha vida, e principalmente neste. A Amizade é o sentimento que deve estar na base de todos os relacionamentos, dos mais superficiais aos mais íntimos e profundos. Mesmo que por qualquer razão um nível de relacionamento tenha se rompido, por exemplo, o companheirismo, a sociedade num negócio, o coleguismo no trabalho ou na escola, jamais a amizade deve desaparecer, por mais que fique distante a pessoa. A qualquer momento que haja a aproximação, a Amizade deve ressurgir com todo vigor, como acontece com os animais que hibernam em sono profundo e em determinado tempo acordam com todo o vigor.

            Seguindo as imagens do slide no sentido dos ponteiros do relógio, vamos encontrar a figura da minha mãe. Foi a pessoa responsável por me trazer à luz desta vida material, que me ensinou, com seu sacrifício pessoal, a necessidade de se deixar um ente querido à distância para que ele tenha melhor oportunidade de evoluir na vida. Ela me deixou convivendo com minha avó, e pouco tempo eu tinha para estar ao seu lado, e por poucos momentos. Talvez tenha sido essa lição sem livros que minha mãe me deu, que me proporcionou a devida compreensão de eu me afastar circunstancialmente de algumas pessoas queridas, praticar a abnegação, para promover a evolução, conforme a vontade do Pai, em outras situações.

            A próxima figura é um retrato da minha avó e do meu pai. A minha avó teve a importância de me dar uma educação que eu não teria se permanecesse morando com minha mãe. Sofri os rigores de uma educação rígida, onde a punição física era frequente e o trabalho, tanto doméstico como fora de casa era constante. Mas não a critico por causa disso, pelo contrário. Acredito que essa forma de educação burilou os meus impulsos instintivos, favoreceu o controle do meu espírito às exigências da carne. Pode ter havido algum exagero, alguma ação inapropriada, afinal de contas ela era uma mulher iletrada, lutando pela sobrevivência num mundo machista e egoísta. Quanto ao meu pai, que nunca me deu qualquer apoio, financeiro ou afetivo, também não o critico. Ele tinha suas próprias deficiências, verdadeiras taras sexuais, mas foi quem deu a semente a minha mãe para a minha geração. E acredito que Deus tenha feito isto para me colocar em provação, para ver se eu conseguiria resistir com dignidade, sem prejudicar ninguém, à imensa força sexual que o meu pai legou para todos os seus filhos. Também para mostrar que no caminho que eu teria que seguir, de formar uma família ampliada que implicava ter várias companheiras, e que elas não conseguiam seguir o caminho que eu trilhava, eu não iria poder ficar constantemente próximo dos filhos, ou de ninguém, se os preconceitos levantassem as suas barreiras. Bastaria que eu fosse justo e seguisse a lei do Amor.  

            A próxima foto do slide mostra os integrantes do grupo de estudo semanal que intitulamos Escola do Evangelho, uma forma de ensinar a teoria do Evangelho do Cristo associado à sua prática, no meio de uma família excessivamente religiosa, mas com tanta dificuldade de aplicar na prática os conceitos cristãos, principalmente o perdão e a tolerância.

            A foto seguinte mostra os membros do Projeto Foco de Luz e da Associação Cristã de Moradores e Amigos da Praia do Meio – AMA-PM, um ensaio comunitário de como colocar em prática as lições do Evangelho dentro do tecido social, sem sofrer a contaminação da exclusividade que pode existir dentro da política partidária ou das afiliações religiosas.

            Todas essas ações são desenvolvidas dentro de um clima de fraternidade. Por mais que a pessoa seja difícil, não entenda ou não consiga aplicar as lições do Cristo, nós, que pretensamente sabemos mais, devemos dar o exemplo. Ser tolerante, perdoar 70 x 7, aplicar o amor incondicional dentro das diversas famílias, mesmo que sejam rivais. Principalmente nós, que estamos dentro dos grupos com denominações cristãs, não podemos jamais esquecer dessa condição, de nos considerar como irmãos.

            E, finalmente, a construção do Reino de Deus. Se conseguirmos fazer dessa forma em nossas vidas, aplicar o Amor Incondicional em nossos relacionamentos, já seremos cidadãos do Reino de Deus. Foi isso que Jesus ensinou. Se conseguirmos fazer a reforma íntima, limpar nossos corações do egoísmo, tratar a todos como irmãos, então já podemos ser considerados cidadãos do Reino dos Céus. Mesmo que ao nosso lado o inferno esteja fervilhando de almas cruéis, perversas, dissociadas do Pai. Mas, como cidadão do Reino de Deus, devemos dar o nosso testemunho e suor para construir as famílias ampliadas que irão logo mais formar a família universal. Então, estará chegado para todos o Reino dos Céus.


Publicado por Sióstio de Lapa em 19/01/2017 às 02h18


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr