Meu Diário
24/01/2017 03h28
AMOR FECHADO

            Encontrei no site do Recanto das Letras um texto assinado por A. Beringhs com o título acima, que diz procurar por textos e canções, coisas que não sabe dizer ou que não teve coragem, sobre o amor. Logo enviei um comentário da seguinte forma: “Eis uma ótima oportunidade de interação e complementação. Enquanto você tem tanta dúvida quanto o amor, eu tenho tantas certezas; enquanto você precisa tanto aprender, eu preciso tanto ensinar... mesmo sabendo que estamos aqui na Terra funcionando em mão dupla, todos aprendem e ensinam a todos, e o melhor professor é aquele que mais aprende com seu aluno. Convido você a visitar meu diário no endereço neste site do autor Sióstio de Lapa, meu codinome. Muito prazer.

            Fiquei então motivado de responder a pergunta que poderia ter sido feita: o que é o amor?

            O amor é a maior energia que existe no universo, se confunde com a energia do próprio Criador que está sempre criando dentro das características da infinitude, perfeição, beleza, harmonia e integração.

            Nós, como criaturas inteligentes, possuímos a centelha desse amor nas memórias armazenadas nos trilhos dos sentimentos. É nossa responsabilidade a percepção dessa fagulha de amor no nosso psiquismo e desenvolvê-lo dentro dos nossos relacionamentos, quer seja com a Natureza em geral, quer seja dentro da humanidade em particular, principalmente os relacionamentos íntimos.

            Portanto, nutrir essa fagulha do amor divino livre de qualquer tipo de condicionamento, até mesmo o materno que é o mais forte, é a nossa responsabilidade para a evolução espiritual. Foi com esse objetivo de nos ensinar essa forma de amar que Jesus encarnou entre nós: amar incondicionalmente, com liberdade, solidariedade, justiça e inclusividade.

            Devido nosso espírito assexuado está encarnado num corpo biológico sexuado, com objetivos evolutivos materiais de reprodução, devemos aprender a controlar essas forças enormes que surgem do atavismo milenar na forma de instintos. O amor romântico surge para atender as exigências do egoísmo dos instintos de sobrevivência, de reprodução. Elege uma pessoa do sexo oposto, principalmente, com forte energia de afeto que recebe o nome de paixão. Nesse momento a preocupação principal é manter a pessoa pela qual está sentindo a paixão perto de si, de forma exclusiva, o maior espaço de tempo possível. Mesmo que a paixão se atenue, o sentimento de posse permanece. O sentimento de amor pode surgir com naturalidade ou ser mascarado pelo ressentimento da pessoa se sentir preso a outra pessoa por regras culturais protegidas pela lei. O amor incondicional, nesse contexto, não foi alcançado.

            Vamos observar que, se aprendemos sobre o amor incondicional, iremos observar que ele tem como maior rival no campo dos sentimentos, o amor romântico. Enquanto este defende e luta pelo exclusivismo do afeto, pelo ciúme, pela formação de uma família fechada, nuclear, aquele defende a inclusividade do afeto, da liberdade, da formação de uma família aberta, ampliada, universal.

            O estudante do amor incondicional se ver na responsabilidade de dar a liberdade plena ao seu companheiro amado, para ele ir na direção dos seus sentimentos, mesmo que seja por outra pessoa. Deverá passar pelo teste máximo de se sentir feliz por perceber que o seu companheiro (a) está feliz trocando afetos com outra pessoa, no mais profundo nível de intimidade que os dois queiram seguir. Isso implica em quebrar as regras culturais cristalizadas por milênios dentro das diversas comunidades humanas.

            Este é o ponto de confusão afetiva que muitas pessoas apresentam. Aprendem sobre o amor incondicional e estão presos dentro das cadeias do amor romântico. Praticam um amor fechado, exclusivo, e ao mesmo tempo desejam a liberdade, a inclusão de novos afetos. Caso decidam, com honestidade e força de vontade, irão perceber que a prática do amor incondicional é o caminho mais coerente com a verdadeira felicidade, de se sentir bem em qualquer consequência do caminho, sozinho ou acompanhado. Sabe que na vida tudo passa, que companheiros que por acaso decidam ir por outros caminhos deixam sempre uma saudade do amor que fica e sempre permanece, que nem o tempo consegue apagar.

            Esta é a minha contribuição para as dúvidas e medo da autora A. Beringhs. Espero ter contribuído para ensinar algo, e desejo também aprender com algumas de suas sugestões ou de qualquer leitor que esteja nos acompanhando e queira colocar também o seu pensamento, crítica e discernimento lógico.


Publicado por Sióstio de Lapa em 24/01/2017 às 03h28


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr