Meu Diário
25/02/2017 23h59
CASAMENTO E AMOR

            Podemos observar ao longo da história da humanidade, o relacionamento homem-mulher que leva à convivência e geração dos filhos. Inicialmente se imagina que era baseado exclusivamente na força física, o homem era atraído por determinada mulher, esperava uma oportunidade, a arrastava pelos cabelos e a levava para sua caverna. A moral cristã ensinada há dois mil anos colocou uma série de observações no sentido de controlar a selvageria que existe neste ato instintivo de aproximação de um homem a uma mulher, e vice-versa. Colocou o amor como o sentimento mais importante para consolidar uma série de compromissos que eram feitos e deveriam ser cumpridos pelo casal por toda a vida. Esse tipo de algema que prende o homem e mulher no relacionamento conjugal, começa a ser melhor compreendido quando os conceitos do Amor Incondicional mostram a incoerência de muitas ações que praticamos.

            Dessa forma o imaginário popular começa a fazer críticas ao processo do casamento e a obrigação do Amor que deveria ser o motor principal. Irei transcrever abaixo a fala de um colega da internet falando sobre o assunto com outra colega:

            Querida KP, esse é um assunto que merece profunda reflexão. É importante que atentemos bem para essa frase: “Não separe o que Deus juntou.” É muito comum os homens interpretarem essa colocação como sendo a cerimônia que é feita por ocasião do matrimônio, e isso não é a referência que o Evangelho se reporta, mas sim, a união pelo amor. Quando o verdadeiro amor está presente em uma união, ela é por toda a existência, sem que isso tenha a presença de um sacerdote ou juiz de qualquer procedência.

            Casar significa unir-se. Desde que duas pessoas se unam com o propósito de convivência e que nessa relação exista amor e respeito, para Deus elas estão casadas, com ou sem cerimônia, com a presença ou não de uma pessoa para falar em nome de Deus. Se a cerimônia fosse importante no casamento, Jesus teria dado exemplo disso, e teria feito muitos casamentos.

            Em verdade, a cerimônia não passa de uma satisfação e registro para a sociedade, que muitas vezes são cheias de pompa e vaidades, sem nenhum valor para Deus. Quantos casamentos são abençoados com festas suntuosas para em alguns dias serem desfeitos? É porque não havia a presença do amor verdadeiro.

            Perguntado a Jesus porque Moisés permitia o divórcio, ele respondeu que era pela dureza de nossos corações, isto é, pela falta de amor.

            Quando a Igreja instituiu o celibato, obrigou todos os padres, bispos e cardeais a abandonarem suas famílias para se dedicarem somente à Igreja, e dessa forma contrariou o que ela mesma prega.

            Posso observar que o Amor como sentimento mais importante na relação conjugal começa a se mostrar no imaginário popular. Mesmo que o Evangelho não faça com clareza essa distinção, mas quando ele defende o Amor Incondicional como a principal força do Universo, sinônimo do próprio Deus, raciocinando com coerência iremos chegar a essa conclusão, que ele é o motivo da relação com respeito e liberdade por toda a existência.

            O fato intrigante é, porque Jesus conhecedor de toda essa importância do verdadeiro Amor nas diversas relações, principalmente na conjugal, não ensinou como deveria ser o verdadeiro comportamento de quem quisesse se unir para a geração da família e educação dos filhos? Preferiu falar sobre Amor de forma mais genérica, baseado na caridade, exemplificar com curas milagrosas, mas sem dizer como deveria ser o comportamento do homem e mulher que aplicassem o Amor Incondicional em suas relações? Certamente esse assunto era explosivo demais para ser colocado naquela época com a devida clareza. Preferiu deixar para o advento da terceira revelação, o espiritismo, onde cada um reconhece a necessidade de aprender a amar e de construir com ensaios repetidos de erros e acertos a sua própria evolução em direção ao Criador.           

            A frase citada, “não separe o que Deus juntou” pode ser dita de forma mais prática, “não separe o que o Amor juntou”. Nesse sentido, todo relacionamento que envolva o Amor, e que chegue ao nível mais profundo do relacionamento que é a intimidade sexual, não pode ser separado. Infelizmente, a força do amor romântico associado aos diversos sentimentos egoístas, forçam às pessoas que ainda não tem a firmeza do verdadeiro amor, a rejeição, intolerância, raiva, ira, desarmonia, conflitos e culminam na separação.


Publicado por Sióstio de Lapa em 25/02/2017 às 23h59


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr