Meu Diário
04/04/2017 23h59
ESTRANHO CARRASCO

            Verdugo invisível, onde se lhe evidencie a influência, aparecem a rebeldia e o azedume no coração e nas ações, preparando a perturbação e a discórdia.

            Mostra-se na alma que, sem crítica, lhe ouve as pérfidas sugestões, sobre quem quer que seja, à maneira de fera oculta a atirar-se sobre a presa.

            Assimilando-lhe a faixa de treva, cai a mente em aflitiva cegueira, dentro da qual não mais enxerga senão a si mesma.

            E assim dominada, a criatura, ao lado das outras, é a personificação da exigência, desmandando-se, a cada instante, em reclamações descabidas, incapaz de anotar os sofrimentos alheios. Pisa nas dores do próximo com a dureza do bronze e recebe-lhe os pedidos com a agressividade do espinheiro, jogando pragas e maldições.

Onde surge, pede os primeiros lugares, e, se lhes negam, devido à inconveniência das tarefas que a providência organiza, não se envergonha de exigir direitos imaginários, condenando, sem análise, tudo quanto se lhe coloca como justificativa.

Desatendida nos caprichos particulares com que se aproxima dos setores de luta que desconhece, mastiga a maledicência ou gargalha o sarcasmo, lançando lodo e veneno sobre nomes e circunstâncias que demandam respeito.

Se alguém formula ponderações, buscando-lhe o ânimo à sensatez, grita desesperada, contra tudo o que não seja adoração a si mesma, na falsa estimativa dos minguados valores que carrega na fardo de ignorância e bazófia.

            E, então, a pessoa, invigilante e infeliz, assim transformada em temível fantasma de incompreensão e intransigência, enrodilha-se na própria sombra, como a tartaruga na carapaça, e, em lastimável sofrimento e isolamento de espírito, não sabe entender ou perdoar para ser também perdoada e entendida, isolando-se na inconformação, que se lhe amplia no pensamento e na atitude, na palavra e nos atos, tiranizando-lhe a vida, como a enfermidade letal que se agiganta no corpo pela multiplicidade indiscriminada de perigosas bactérias.

            Atingido esse estado de alma, não adota outro rumo que não seja o da crueldade com que, muitas vezes, se arroja ao despenhadeiro da delinquência, associando-se a todos aqueles que se lhe afinam com as vibrações deprimentes, em largas simbioses de desumanidade e loucura, formando o pavoroso inferno do crime.

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            Irmãos, precavei-vos contra semelhante perseguidor, vestindo o coração com a túnica da humildade, que tudo compreende e a todos serve, sem cogitar de si mesma, porque esse estranho carrasco, que nos estimula o egoísmo, em toda parte chama-se “orgulho”.

            Esse texto, adaptado de Chico Xavier/Emmanuel, em “Religião dos Espíritos” traça um perfil muito prático da influência maléfica do orgulhos em nossas vidas, estimulando o egoísmo em todos os sentidos. A única forma de nos livrar dessa influência perversa e vestirmos a túnica da humildade e assim cobrirmos os nossos corações.

            Interessante que o texto veio reforçar o estudo da Cruzada dos Militares na última sexta feira, onde foi verificado a importância da abnegação e da humildade no nosso processo evolutivo.

 


Publicado por Sióstio de Lapa em 04/04/2017 às 23h59


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr