Meu Diário
10/05/2017 22h23
PARÁBOLA – A TRISTEZA

            Certo homem caminhava um dia pelas estradas da Judéia, ia para o seu trabalho quando se deparou com um grupo que protestava contra o imperador de Roma, dos impostos que lhes eram cobrados, do enriquecimento e da orgia que eram feitos na corte com o dinheiro arrecadado dos trabalhadores. O homem em vão pediu para passar a barreira, justificando que tinha um trabalho a realizar, que pessoas carentes, necessitados e doentes estavam a esperar por ele. Mas a turba, violenta e agressiva não aceitava os argumentos, não queria ouvir de quem quer que fosse. O homem, cioso de seus deveres, mas não podia ultrapassar a muralha humana que acabava de colocar pedras e queimar troncos na estrada.

            Porém, o Senhor Altíssimo, entendendo os argumentos caritativos do homem, enviou um anjo na forma de um trabalhador rude, sem camisa, que saiu do meio daquela turba e disse ao ouvido do homem que não se preocupasse, que ele iria ensinar um atalho pelo meio da floresta para ele alcançar o seu destino. O homem aceitou e somente quando estava no meio da floresta, totalmente à mercê das informações daquele rude trabalhador é que percebeu o risco em que estava metido, pois se essa pessoa fosse um salteador ele já estaria dentro da emboscada. Mas, ao mesmo tempo sabia que era filho de Deus, bondoso e poderoso, e que Ele não permitiria que nada de ruim aconteceria consigo. Ficou mais aliviado por se sentir dentro da proteção de Deus, mesmo no meio da floresta, tão estranha e difícil de caminhar. Logo mais ele alcançou a estrada desejada num ponto além do bloqueio e agradeceu a ajuda desinteressada dada por aquela pessoa.

            Ao chegar em casa, o homem comentou com sua companheira o ocorrido, como foi impedido de passar pela estrada, de ir fazer o seu trabalho, e como foi ajudado por um estranho que o levou por atalho esquisito dentro da floresta.

            A mulher, que também era contrária ao pagamento dos impostos para manter o poder e a orgia da corte romana, disse que apoiava esse movimento e que estaria dentro dele se tivesse oportunidade. O homem sentiu de imediato uma grande raiva, mas como filho de Deus não podia guardar tal sentimento. Então, se abateu sobre ele a sombra da tristeza por entender que a sua companheira poderia estar junto àquele grupo, violentando a sua vontade e obrigando a entrar em caminhos perigosos.

            A mulher não conseguia entender tal tristeza, pois o seu companheiro sempre foi alegre e atencioso. Pensou que estava sendo atacada por pensar diferente e se trancou em si mesma, não iniciava nenhuma conversa, não procurava ouvir o que lhes diziam.

            O homem percebeu que as sombras da sua tristeza havia manchado os delicados sentimentos de sua companheira. Rogou a Deus que lhe ajudasse a sair de tal situação e o Pai Divino disse em sua consciência que ele não poderia ensinar ou esperar de cada criatura o que ela não é capaz de aprender ou fazer. Que devia entregar sua raiva ou tristeza, quando não pudesse ajudar ou quando não tivesse solidariedade as suas frustações ou sofrimentos no seu colo de Pai, Ele saberia muito bem o que fazer.

            O homem percebeu que recebera mais uma lição do Pai, que está sozinho neste mundo no sentido de ninguém entender a totalidade dos seus pensamentos, que a solidariedade que recebe dos irmãos está mais condicionado aos próprios interesses deles. Mas ele, como filho mais próximo do Pai, deve entender tudo isso e não deixar que os seus sentimentos sejam entendidos como instrumento de vingança por quem está próximo.

            O homem deixou cair lágrimas de compreensão e depositou suas tristezas no colo do Pai. Voltou a trazer o riso aos lábios e o brilho ao olhar, sabendo a quem poderia deixar suas tristezas sem prejudicar a ninguém.

            Continuaria o seu trabalho de Amor Incondicional ao próximo, sabendo, com certeza, que alguém também o ama de forma incondicional.


Publicado por Sióstio de Lapa em 10/05/2017 às 22h23


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr