Meu Diário
20/05/2017 23h59
PERDOAR AOS OFENSORES

            O Perdão é uma das mais difíceis lições que o Cristo deixou para nós, mas, por outro, lado é a mais importante para sairmos do inferno consciencial e nos aproximar cada vez mais de Deus.

            Perdoar não é aceitar uma situação sem deixa-la sair de sua mente, se humilhar e se render a um episódio dito como fatalidade.

            Perdoar não tem nada a ver com situações ruins de desgaste, desgosto ou fracassos. Não se deve associar o Perdão com as grandes frustações da vida, pois esse ato está isento de qualquer força negativa.

            Perdoar está na capacidade de entender o fluir da vida. Está na inteligência emocional de uma pessoa que sabe tirar de tudo uma experiência e sabe olhar o outro como um aprendiz, assim como a si mesmo.

            Perdoar é só para aqueles que se elevam e conseguem perceber que quem comete erros, por mais consciente que queira estar, age por instinto, e no fundo teve seus motivos, por mais banais ou profundos que sejam.

            Perdão é para quem consegue ver o outro como um irmão que precisa de amor e não de ódio, mágoa, raiva, vingança ou rancor.

            O ato de perdoar requer a mais sincera humildade que vem do fundo da alma do ser, e é preciso muito mais que só amor ou só razão, mas a grande fusão de ambos.

            Veja o quanto antes as pessoas que te magoaram, te frustraram, ou te decepcionaram como crianças com medos secretos que nem elas mesmas sabem lidar e lhes dê a oportunidade de recomeçar.

            Tenha a firmeza de jamais permitir que aquilo se repita, mas tenha a generosidade de compreender a fragilidade do outro, o desespero do outro, o tempo de maturidade do outro.

            É mais importante lembrar-se que você também erra, magoa, fere, aborrece, entristece e machuca outras pessoas. Lembrar que você, por mais razões que tenha, também foi e ainda é capaz de cometer falhas. Não é errado errar, pois somos seres ainda muito ignorantes e o erro é uma possibilidade constante em nosso caminho, mesmo que tenhamos sempre a intenção de acertar.

            Na lição que Jesus deixou, de amar ao próximo mesmo esse sendo adversário, nosso inimigo, está a prova mais difícil que Ele espera que consigamos ser aprovados.

Amar ao próximo quando menos ele merecer, pois é quando ele mais precisa.

Vejo como exemplo os acusados de corrupção no Brasil, presos e levados para a cadeia debaixo de toda a humilhação. Surge no peito logo a sensação de prazer, de ver a Justiça sendo cumprida e o larápio de colarinho branco sendo conduzido para a prisão.

            É neste momento que o Cristo está cobrando a lição de nós. É neste momento que o irmão vai sendo conduzido para a prisão que ele menos merece nosso amor, mas é aí que ele mais precisa. Não se refere aqui aqueles atos que temos vistos de pessoas acumpliciadas fazerem gestos de apoio ao que ele fez de errado, isso não é o amor esperado pelo Cristo, é apenas um ato de sintonia com o mal.

            Cristo espera que nós consigamos trocar o sentimento de prazer por ver a Justiça sendo aplicada, pelo sentimento de compaixão, de ver um irmão tão inteligente ter sido subjugado pelas forças do mal e ter causado mal a tanta gente, iludido pela falsa compreensão de fazer um bem no futuro, ou mesmo de ajudar os parentes e amigos a subirem na vida pisando no corpo suado e ignorante de tantos outros irmãos.

            Confesso que ainda não fui aprovado nessa lição, ainda estou preso ao prazer de ver a Justiça sendo cumprida. Mas, tenho compreensão da minha fragilidade espiritual e rogarei ao Pai para que eu tenha forças para mudar o meu foco de sentimentos, de ver com piedade a quem tanto nos causou mal.


Publicado por Sióstio de Lapa em 20/05/2017 às 23h59


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr