Meu Diário
22/05/2017 23h59
SAUDADE, DE NERUDA

            As grandes almas deixam sempre ao nosso redor seus pensamentos como aromas de flores que não se acabam, por isso dizemos que são eternas. Agora, em plena madrugada, veio pelos canais do Youtube um desses perfumes da imaginação de Pablo Neruda, que contaminou a minha mente e ficou impossível ficar indiferente. Peguei o notebook e resolvi transcrever o texto, misturando o meu perfume com o dele, ao som da inesquecível melodia de “Luzes da Ribalta” de Charles Chaplin:

            Saudade é solidão

            Que estranha sensação, da solidão, de uma alma que se sente estranha ao mundo, que o ideal do amor que sozinho sente, não corresponde ao amor que todos sentem...

            Acompanhada é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já...

            A minha solidão sempre está acompanhada, pois as minhas amadas todas já foram embora, mas o meu amor por elas se recusam a sair do peito...    

Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...

            Sim, esta pode ser a fonte de meus sofrimentos, amar um passado que na minha mente ainda não passou, mas não recuso o presente que pode se tornar outra fonte de saudade, de sofrimento, no futuro que sempre está me convidando a amar...       

Saudade é sentir que existe o que não existe mais.

            Este é o meu perfeito diagnóstico, sinto os amores que partiram, que para elas não existem mais, mas para mim continuam vivos e fazendo brotar os sentimentos resgatados pela memória. 

Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam...

            Não estou no inferno porque perdi um amor, pois mesmo tantas ficaram para trás não me deixam gosto de morte

            Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou.

            Eu tanto amei e continuo a amar, mas não desejo sentir saudade, mesmo acompanhada, pois isso significa que não tenho o amor ao meu lado.  

            E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver.

            Dessa forma estou vacinado contra o maior dos sofrimentos, pois tenho muito a quem sentir saudade, vivo a vida vivendo com todos os meus amores, próximos ou distantes, achados ou perdidos... 

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

            Os diversos sofrimentos que tenho, evita o maior deles... nunca ter sofrido!


Publicado por Sióstio de Lapa em 22/05/2017 às 23h59


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr