Meu Diário
23/06/2017 17h11
CAPELA DE OSSOS

            O médium Divaldo Franco escreveu um artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 26-01-17, que levam a uma interessante reflexão:

            NÓS OSSOS QUE AQUI ESTAMOS PELOS VOSSOS ESPERAMOS

            Na cidade de Évora, em Portugal, os franciscanos do passado, desejando encontrar um método eficaz para fixar-se nos postulados de imortalidade da alma, construíram uma capela com ossos humanos, especialmente de pessoas que se encontravam sepultadas em volta das igrejas.

            Com as alterações naturais do tempo, o recinto que era dedicado a orações, meditação e profundas reflexões, transformou-se em lugar de turismo. 

            À entrada encontra-se uma frase muito peculiar: “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”.

            Surpreendentemente é uma grande verdade e deveríamos, com certa frequência, pensar na realidade que somos espíritos imortais!

            Observamos que a maioria das criaturas humanas, mesmo aquelas que se vinculam a doutrinas religiosas, vivem como se a sua fosse uma existência eterna, fadada ao prazer e às comodidades, como privilégios que merecem.

            Para que sejam alcançadas essas metas frívolas dos gozos ligeiros, entregam-se, não poucas vezes, a comportamentos lamentáveis, distantes de todo e qualquer conceito ético-moral, de respeito a si mesmo, à sociedade, à vida.

            Enriquecer, adquirir prestígio social e fama, aumentar o orgulho e a ostentação, zombar do bom senso e das condutas retas, parecem constituir objetivos que devem ser alcançados a qualquer custo.

            Os desatinos morais e os crimes de toda ordem predominam em nossa cultura, aureolados como normais, tal o cinismo de quem os comete.

            Olvidam-se que a morte espreita, e que, a cada momento, todos somos arrancados do mapa existencial, exatamente quando pensamos estar em máxima segurança.

            A fatalidade dessas ocorrências nefastas tem afetado o Brasil, numa sucessão de lances dolorosos, nos quais mulheres e homens notáveis, que trabalham e zelam pelo bem, que confiam no destino histórico da nacionalidade, causando impactos terríveis e dores indefiníveis.

            Estamos vivendo um desses momentos cruéis com a desencarnação por acidente aéreo do Exmo. Sr. Ministro do Supremo Tribunal Federal, Dr. Teori Zavascki, cuja existência fez-se caracterizar pela honradez e nobreza de caráter.

            Essa tragédia dantesca dá-se num momento muito grave no país, quando S. Exa. Deveria prosseguir na tarefa nobre a que se dedicava, trabalhando pela dignidade e justiça contra a corrupção de autoridades insensatas e de outros cidadãos criminosos que se locupletaram nos bens públicos e nos valores que poderiam solucionar os graves problemas do país...

            Várias hipóteses têm sido levantadas para esclarecer o infausto acontecimento, no entanto, merece considerarmos que nada impede que se manifeste a Justiça Divina, alcançando-nos a todos, cujos ossos estão sendo esperados por aqueles que edificaram a capela portuguesa.

            Divaldo constrói uma metáfora espiritual, onde a Capela de Ossos mostra às pessoas que todos irão ter esse mesmo destino, e que existe alguém do outro lado da vida para guardar os ossos, como matéria mais resistente do antigo corpo vivente. Mas, como está escrito que se espera pelos ossos dos que ainda caminham com a carne, implica que uma consciência esteja por trás dessa organização no mundo espiritual, e da mesma forma que organiza esses ossos deve ser organizado o procedimento de cada um dentro dos princípios da Justiça Divina.

            Portanto, nós que caminhamos por este planeta de provas e expiações, por mais bens materiais ou cargos públicos ou privados, devemos esclarecer a nossa mente da virtualidade deste mundo de formas, que nossos ossos que facilitam a nossa movimentação aqui, nenhuma função terão no mundo espiritual, onde a prestação de contas será feita com base em nossas atitudes, aquelas que geraram o bem ou o mal.


Publicado por Sióstio de Lapa em 23/06/2017 às 17h11


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr