Meu Diário
14/10/2017 02h10
DIMENSÕES DA VERDADE (20) – JUSTIÇA EM NÓS MESMOS

            Muitos caminham hipnotizados à margem da consciência, vivendo trágicos espetáculos íntimos, remontando sempre ao passado. Essas pessoas passam pela vida hibernados espiritualmente, autoflagelam-se e estão apagados para a liberdade.

            Inúmeros infelizes obstinados na ideia de fazerem justiça pelas próprias mãos ou confiados a vicioso apego, quando desafivelados do “carro físico”, envolvem sutilmente aqueles que se lhes fazem objeto da calculada atenção e, auto-hipnotizados por imagens de afetividade ou desforço (vingança), infinitivamente repetidas por eles próprios, acabam em deplorável fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo.

            Quando estamos no mundo astral passamos por experiências na erraticidade associadas às diversas vivências que estão registradas em nosso psiquismo que formam uma impressão no perispírito coerente com a elevação ou não dos nossos pensamentos. O renascimento pode acontecer de forma coercitiva de acordo com as evocações mentais, as ideias extravagantes nos centros mentais e que exalamos no astral. Essa situação pode nos deixar em semi-transe e as extravagâncias podem se enovelar a cada dia, enrolados nas cordas do próprio desequilíbrio.

            Quando atingimos esse nível, estamos mumificados em espírito, dignos de compaixão, crendo apenas no poder da posse material, desprezando a Justiça, zombando da verdade, vivendo para nós próprios e esmagando as esperanças alheias. Olhando ao redor, podemos ver muitas pessoas com esse perfil, zumbis espirituais, apesar de máscaras (personas) de civilização e cristandade.

            Pode ser observado um jogo de hipnose entre encarnados e desencarnados, que dormiram enquanto na carne, na inconsciência da verdade, e se machucam, agridem e punem reciprocamente, petrificando os sentimentos e enregelando o coração. Renascem prisioneiros de si mesmos, depois de aflições punitivas em relacionamentos conflituosos, obsessivos, vividos antes e depois do berço.

            Há quatro tipos de obsessões que são: 1. De desencarnado para encarnado, que é a mais comum; 2. De desencarnado para desencarnado, que acontece nas trevas do mundo astral, uma verdadeira hipnose; 3. De encarnado para desencarnado, que acontece pelo apego e pelo ódio; e 4. De encarnado para encarnado, na forma de inveja, ciúme, egoísmo, etc.

            Para fugir dessa hipnose relacional e coletiva é importante a prática da Justiça dentro de nosso comportamento. Disciplinar o querer para conduzir com equilíbrio o que temos. Corrigir o ambicionar para viver longamente o que possuímos. Respeitar o direito alheio frente ao próprio direito.

            Na realidade o que Deus pede de nós se resume a: “Praticar a Justiça, amar a Misericórdia e andar na Humildade com Deus” (Miqueias, 6:8).

            É importante a compreensão da transitoriedade do corpo físico, que devemos meditar nele como um carro que dirigimos, aplicando as mesmas regras de conduta que observamos no trânsito, pois nada passa ignorado à consciência individual que representa a consciência divina em nós.

            Se tivéssemos a consciência plena do quanto nossa vida é passageira, talvez pensássemos duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes.

            Todos possuímos o patrimônio mental onde está registrado todos os atos, aspirações e cuidados que desenvolvemos. Não adianta praticar o engano, a fraude, pois podemos passar despercebido diante de todos, mas sempre estaremos desnudos perante nós mesmos.

            O Dr. Lorusso quando aborda o conceito de Saúde Mental diz o seguinte: “É o equilíbrio emocional entre o patrimônio interno e as exigências ou vivências externas. É a capacidade de administrar a própria vida e as suas emoções dentro de um amplo espectro de variações sem contudo perder o valor do real e do precioso. É ser capaz de ser sujeito de suas próprias ações sem perder a noção de tempo e espaço. É buscar viver a vida na sua plenitude máxima, respeitando o legal e o outro.”

            A meta da Justiça aplicada a nós mesmos é acomodar o coração, harmonizar o pensamento, aceitar as dificuldades, disseminar otimismo e entusiasmo, mesmo que chova sobre nossa cabeça incompreensões e apupos.

            Segundo Shannon A. Moore, “a meta é reparar o dano ocorrido e restaurar relacionamentos entre indivíduos e comunidades de modo a criar uma sociedade mais civilizada. Justiça Restaurativa está preocupada em ‘tornar as coisas tão corretas quanto possível’ para todas as pessoas.”

            Mas, agir com Justiça tem suas consequências. Os vivos-mortos não nos compreenderão; os hipnotizados não alcançarão os nossos esforços; os hibernados estarão mentalmente distantes; os atormentados demorarão lá atrás; os precipitados não terão tempo de refletir; e muitos irão querer nos esmagar na ânsia louca de prosseguir na busca de coisa nenhuma.

            Lembremos do texto áureo encontrado em 2Co. 6:14 – “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a Justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?”

            Devemos meditar e agir. Prosseguir com o espírito alentado e alentando, com o coração amante e amando, vivo e atuante para a vida imortal. Apesar das sombras e de tudo, banhados e revigorados intimamente pelo sol do Amor total.

            Sigamos Jesus, o Bom Pastor, compreendendo a necessidade de fazer esforços para nos modelar conforme Ele, tornando-O o nosso Caminho para a Verdade e a Vida, construindo o Reino de Deus dentro de nós mesmos.

            Jesus foi tanto positivo quanto educativo quando afirmou: “Quando se vos disser que o Reino de Deus permanece ali ou acolá não acrediteis, porque, em verdade, o Reino de Deus está dentro de vós.”

            Não esqueçamos que a consciência está ligada aos débitos, assim como a sombra está ligada ao nosso corpo.     


Publicado por Sióstio de Lapa em 14/10/2017 às 02h10


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr