Meu Diário
05/12/2017 00h59
POTÊNCIA DE AMAR E DE TRANSAR

            Quem tem olhos para observar o rio da vida que flui pela própria Natureza, o Corpo de Deus, irá ficar encantado com o que acontece com o seu próprio corpo. Eu, estando com 65 anos, tenho oportunidade de falar assim com tanto entusiasmo, vendo o que acontece com o meu próprio corpo e os relacionamentos que ele permite.

            Um ponto importante que foi gerado no corpo e nele se mantém praticamente durante toda a vida, é a sexualidade. Freud já havia descoberto, apesar da críticas preconceituosas que sofreu na época, que desde a infância temos uma sexualidade corporal, mesmo que nós, crianças, não tivéssemos esse entendimento e buscássemos nos comportar simplesmente pela curiosidade e desejos.

            Quando chega a puberdade nossos corpos são inundados pelos hormônios, os desejos se tornam mais fortes, o cérebro já está habilitado para estudar e participar do fenômeno com mais consciência crítica.

            Quando vem a senectude, os hormônios escasseiam e a potência para a realização do sexo vai se perdendo. No entanto, o cérebro mantem sua capacidade crítica cada vez mais elaborada, desde que não tenha sido acometido por qualquer espécie de demência. O idoso percebe que sua potência masculina, erétil, vai se perdendo. É um fenômeno irreversível que irá acontecer inevitavelmente, apesar de podermos fazer alguma compensação com substituição de hormônios ou comprimidos que facilitam a ereção.

            Estou no ponto de observar essa fenomenologia ocorrendo no meu corpo, pode até surgir o desejo sexual, mas não tem o devido acompanhamento da ereção. Posso usar hormônios e comprimidos eréteis, mas percebo uma certa resistência dentro do meu campo mental. É como se eu, fazendo uso desses artifícios, tivesse fugindo do fluxo da Natureza ao qual devo me adaptar e não lutar contra ela. Ainda não usei hormônios, e penso não usar em nenhum momento. Mas já usei comprimidos como Viagra, Helleva, que tem o objetivo de facilitar a dilatação dos vasos penianos e favorecer o enchimento de sangue promovendo a ereção. Não tive muito sucesso. Acredito que a minha forma de pensar associada ao fluxo da Natureza tenha entrado em conflito com o desejo sexual, desejo esse que quer forçar o corpo a funcionar como antes.

            Além desse aspecto puramente biológico, existe também o aspecto espiritual. A minha consciência consegue dar prioridade ás atitudes espirituais em comparação com as biológicas, materiais. Então, tenho a compreensão que o desejo sexual que ainda existe em minha mente, não encontra mais respaldo na arquitetura fisiológica do meu corpo para a potência necessária ao ato. É como se o meu espírito tivesse sido dado o sinal para que a minha mente se volte com mais vigor para os aspectos profundos da espiritualidade.

Por exemplo, uma mulher que tenha um terço da minha e que se relaciona comigo, desperta em minha mente material o desejo forte do sexo, por ela ter com exuberância os recursos sensuais próprios da reprodução (lábios, seios, nádegas, etc). A minha mente espiritual leva à crítica de que não posso pensar em leva-la para a cama, para obter um prazer que se encontra entre nós defasado pelo tempo. Enquanto ela tem todo o potencial de gerar filhos e seguir o seu destino biológico e espiritual dentro do ritmo da Natureza, eu perdi o meu potencial reprodutivo e mesmo que o consiga artificialmente o filho gerado irá perder o apoio do pai, pela morte, muito antes da morte da mãe.

Não quero dizer que isso não possa acontecer, e até acontecer de forma ética, de acordo com o relacionamento dos envolvidos. Quero dizer que isso foge um pouco do ritmo da Natureza. Será mais coerente, para nós que respeitamos a Natureza como o “Corpo e Fisiologia” de Deus, o Criador, entender essa jovem, que desperta nossos desejos instintivos como uma filha e que merece o Amor Incondicional, assim como todos os nossos irmãos. Agindo assim, acredito que estaremos fluindo com mais naturalidade no fluxo da Natureza, na construção da família universal que viabilizará o Reino de Deus, assim como Jesus previu.

            A nossa capacidade de amar incondicionalmente deve entrar em queda de braço com o desejo sexual instintivo. Não é porque eu perdi minha potência sexual, que eu perdi também a capacidade de amar, pelo contrário. Quando isso acontece, de eu perder a potência sexual, é o momento que a capacidade de amar deve ficar mais potente, o espirito estar mais fortalecido, e cada vez mais que o tempo passa, que nos aproximemos do falecimento da carne, mais nossa mente e alma estará associadas aos interesses espirituais.


Publicado por Sióstio de Lapa em 05/12/2017 às 00h59


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr