Meu Diário
22/12/2017 09h26
POLÍTICA E CARIDADE

            O Papa Francisco fez as seguintes considerações:

                        Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, os cristãos, não podemos fazer de Pilatos e lavar as mãos. Não podemos! Temos de nos manter na política, porque política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política. A política está muito suja, mas eu pergunto: está suja por que? Porque os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico? É a pergunta que eu faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros... Mas eu, o que faço? Isto é um dever! Trabalhar para o bem comum é um dever do cristão.

            O Papa tem boas intenções, o seu comportamento franciscano tem mostrado com atitudes de humildade por onde anda. Agora, quanto à política... tenho minhas dúvidas. Ele interroga se a política está tão suja não é porque os cristãos que estão dentro dela não tem um comportamento evangélico. Sou obrigado a concordar. Inclusive políticos pastores, padres, etc. Os princípios evangélicos não são observados na prática política.

            Mas, por outro lado, sei que existem muitos políticos que trabalham neste campo com espírito evangélico, mas não evoluem. Digo isso porque posso me considerar como um deles. Militei por um bom período da minha vida desenvolvendo os princípios cristãos. Meu lema de campanha foi sempre pela “Dignidade Humana”. Apesar de médico e praticar os meus conhecimentos e até doar amostras grátis de medicamentos aqueles necessitados, nunca condicionei essa prática a troca de um voto. Sempre deixei o eleitor e beneficiado por minhas ações à vontade para votar de acordo com a sua consciência, de votar naquele que para ele era o melhor candidato, que podia ser o meu concorrente.

            Tenho muitos amigos nas comunidades, pessoas carentes que têm um laço afetivo comigo por terem se beneficiado em algum momento por minhas ações. Na época da campanha política, eu sabia que essas pessoas votavam em mim, mas trabalhavam como cabos eleitorais para pessoas que podiam pagar para que elas levassem benefícios à comunidade em troca de votos. Conclusão, tenho o voto dessa pessoa, mas ela consegue 200 ou mais votos para o outro candidato. Esse meu amigo, cabo eleitoral, está lutando por sua sobrevivência, não deixa de ganhar os seus trocados, que por sinal saem do bolso dos contribuintes, meu inclusive... eis a ironia!

            Dessa forma tive militando por diversos anos, sem me afastar do lema da Dignidade Humana, do lema evangélico. Fui candidato por diversas vezes: vereador, deputado estadual, deputado federal e até vice-governador. Estava dentro da linha evangélica, da maior das caridades, segundo o Papa Francisco, sem dizer nada a ninguém sobre isso, afinal a caridade não é para se divulgar aos quatro ventos, deve ser uma relação nossa com Deus.

            Não vi ao meu redor durante as campanhas políticas, nenhum candidato com o mesmo comportamento que o meu, mas acredito que existam e como eu também não alcançaram a eleição. Se todos seguissem o conselho do Papa Francisco, não teríamos tanta sujeira como observamos hoje, mas infelizmente não é assim.

            A maioria dos políticos são cristãos, assim como a maioria da população, dos eleitores que os elegem. Acontece que os princípios evangélicos passam longe de suas atitudes, apesar de que no discurso público estar bem próximo. Hipocrisia!


Publicado por Sióstio de Lapa em 22/12/2017 às 09h26


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr