Meu Diário
12/10/2019 00h11
A ORAÇÃO (28)

Simão Pedro quando era mais moço, ouvira contar sobre pelos seus ancestrais, a vida de Jacó e sua família, a história de José e de seus irmãos, e tinha vontade conhecer essa região, essa terra onde esses homens moraram, e principalmente do poço que Jacó construíra e tomou o seu nome.

Um dia, saiu com mais dois que gostavam de viagem e foram até Sicar, onde existia o Poço de Jacó. Sentiu uma emoção diferente. Não via naquele trabalho um feito das mãos humanas. Via a glória das mãos espirituais que abençoavam aquelas águas. Bebeu do líquido e pôde saborear coisas diferentes das águas comuns.

Pedro encontrou um velho comerciante grego que falou sobre o poço, que muitas pessoas haviam visto um anjo, nas bordas do poço, abençoando as águas.

Pedro notou nas paredes do poço alguns molhos de planta que o velho informou ser peganon (mastruz), serve de tempero para as comidas, remédio para vista cansada e afasta os males espirituais e do corpo. Pedro usou a orientação do velho e passou a usar a planta com a água do poço sobre a vista. Repetiu várias noites em que ali permaneceu.

Na última noite, como num sonho, Jacó apareceu e disse-lhe que a água quando acrescentada a fé fazia milagres, e por isso ele estava curado.

Pedro voltou a Betsaida com os companheiros e não contou esse segredo para ninguém. Na hora costumeira se encontraram com Cristo e após a oração feita por Tiago Menor, Pedro, instigado pelo olhar de Jesus, levantou-se e propôs com desembaraço:

- Mestre! Estou ansioso por saber qual o valor real da oração. Muitos sacerdotes, sábios e Tu mesmo, têm na oração um princípio, a súplica a Deus. Será mesmo indispensável para nosso dia a dia?

O Cristo, revestido de energia mesclada com paciência, instruiu com segurança.

- Pedro, a oração devia anteceder a todos os encontros dos homens, em qualquer sentido de conversação, pois ela é uma força reguladora de nossas emoções. A prece é uma manifestação de gratidão ao nosso Pai Celestial, é como se estivéssemos pedindo orientação para nossos feitos. Quando feita com humildade, estabelecemos, em torno de nós um ambiente parecido com o dos anjos, e estes, por simpatia, nos visitam, incentivando mais as qualidades que Deus guardou em nossos corações.

“Pedi e obtereis”, essa é a lei do Senhor.

‘No entanto, é necessário saber pedir, para que o pedido abra caminhos compatíveis com a dádiva que mora no reino do amor. Quem não gosta de orar, certamente não acordou para as realidades do espírito. Se manifesta algum interesse pelas coisas espirituais, é só aparentemente. No fundo do coração é como aquele poço que o sedento furou, mas não encontrou água para beber. É o homem seco de sentimentos, capaz de fazer escândalos em nome da religião e dos bons princípios.

‘É bom que vejamos este exemplo: a criança quando chora – é uma forma de oração que faz à sua mãe, que como anjo tutelar, apareceu imediatamente, já sabendo da necessidade do filho. Pois assim é o nosso Pai Celestial. Ele sabe bem mais do que nós do que precisamos. Mas espera por nós, porque quem pede desenvolve em si certa humildade, tonificando as almas pelo carinho e abrindo diálogo entre as criaturas.

‘Pedro! Tocaste em um assunto dos mais lindos que a vida nos apresenta: os segredos da oração. Essa força que nos impulsiona a todos é instinto, inspiração e intuição em todos os reinos da Natureza. É que Deus já nos fez assim, com certa predisposição para falarmos com Ele através dos meios de que dispomos, de conformidade com o grau que atingimos na escala da vida. Quem não ora e desconhece a ação benfeitora da prece, mesmo o Senhor estando nele, por meio que ele próprio desconhece, sente-se distanciado de Deus pela ignorância.

‘Toda alma que reconhece os altos benefícios da vida espiritual e trabalha para o auto aperfeiçoamento não despreza a oração. Tem nela uma arma que previne e que ajuda no combate a todos os tipos de imperfeições materiais e espirituais. Negar a sua claridade é negar a própria existência do Criador. A prece é o prefácio da vida. Quando uma alma se esquece da oração, ela, por si mesma, é atrofiada. Na verdade, eu vos digo para não esquecerdes de orar em todos os trabalhos que Deus vos confiou nos caminhos da Terra. No entanto, deveis fugir dos exageros, do fanatismo, das lamentações sem sentido, principalmente os que já conhecem e entendem a Boa Nova do Reino. Quando orardes, não o façais em público, pois esse ato é muito sagrado para que jogueis aos que passam. Não façais como orienta a hipocrisia, o farisaísmo.

Ser dado a oração para satisfazer amizades e mostrar à sociedade que se reverencia a Deus é típico de hipócritas.

Orar, acima de tudo, é trabalhar no coração para que todos os sentimentos de ódio desapareçam, deixando de existir a vingança; é perdoar as ofensas; é doar sem que a recompensa circule em nossa mente como troca. É amar constantemente. O Evangelho da primeira à última letra é uma oração. E aquele que começar a vive-lo está orando nos moldes que a vida espera.

A prece, Pedro, tem várias modalidades, e a que mais agrada ao Criador é a que tem a forma do Bem. Quando estamos orando, emitimos luz de vida, que traz de volta a luz de Deus. E, nesse ambiente de permuta divina, sentimo-nos felizes: a felicidade de quem ora, poderá se transformar em cura para os enfermos, em alegria para os tristes, em paz para os atribulados e poderá ajudar muito na aquisição da sabedoria.

Quando oramos por um determinado objetivo, enriquecemos a área em que desejamos servir. Orar é muito grande para a alma, e saber orar é muito maior.


Publicado por Sióstio de Lapa em 12/10/2019 às 00h11


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr