Meu Diário
03/11/2019 08h43
KALIL GIBRAN – BIOGRAFIA (01)

            Colocarei em alguns blocos o pensamento da filósofa Lucia Helena sobre o escritor Kalil Gibran que contribuirá para a maturação de nossa consciência frente a alguns dos principais aspectos da vida. Este é o primeiro bloco.

     Gibran é um libanês, ele nasce e morre nos Estados Unidos em 1931. Chega com a família nos Estados Unido, na cidade de Chicago, ele e o irmão mais velho que era arrimo da família, sustentava toda a família, a mãe e duas irmãs, uma situação muito delicada. Eles não falam a língua, não tem muita habilitação profissional. O irmão trabalha duro pra sustentar a família e de repente vão morrendo um por um: o irmão e a irmã morrem de tuberculose, a mãe morre do coração e fica apenas ele e uma irmã, Mariana, que trabalha como costureira e ajuda a sustentar os dois. Ele é um gênio, já tinha uma habilidade muito grande, tanto para escrever, quanto para pintar. É um grande pintor também, agora, escrever libanês nos Estados Unidos... e é ali que aquele talento, sem ter muito  recurso material, talvez não tivesse ficado nos Estados Unidos, se não encontrasse um anjo da guarda que era uma professora norte americana. Uma professora que o conheceu muito jovem, recém-chegada aos Estados Unidos, e começou a apoiá-lo financeiramente, ajudou ele praticamente toda a vida.

Quando Gibran faleceu em 1931, ela ainda o ajudava de uma certa forma. É uma coisa bastante interessante, uma história á parte. Existe um livro que se chama “As cartas de amor do profeta”, são as cartas que ele troca com essa jovem, Mary Elizabeth. São 600 cartas de um lado e 600 respostas do outro, ou seja, 1.200 cartas. Passou a vida inteira, era um amor profundo entre os dois. Num determinado momento ele a pede em casamento, ela prefere que não, os dois ficam se vendo esporadicamente. Ela inspira ele em tudo que ele fez, ou seja, nas cartas trocadas entre eles nascendo o profeta; por exemplo, ela tão brilhante quanto ele. Ela vive muito mais que ele, vai morrer na década de 60 enquanto ele morre em 1931 e ela só autoriza a publicação dessas cartas logo após a morte dela e o profeta já era famoso no mundo inteiro. Ela é só renúncia. Se essas cartas fossem conhecidas com ela viva, iriam a tornar famosa e ela prefere ficar na sombra. Ela realmente o empurra para cima e muito do que você vê de Gibran tem a sombra do que acontece a grande mulher. É um amor muito profundo. Duas pessoas que se amam e trocam cartas, ficam longo tempo sem se ver fisicamente. O que se deve tratar nessas cartas? Eles falam sobre Deus, sobre sabedoria, sobre vida interior... o interesse deles era muito elevado, muito transcendente. As vezes não parecem cartas de namorados, parece um tratado de filosofia e ele não tinha intenção que fossem publicadas. Essas cartas pessoais quase foram destruídas, por um triz não foram destruídas.

Então, é algo interessante que além de Gibran ser um gênio, tem uma alma gêmea, um relacionamento maravilhoso com essa dama americana que está por trás de tudo que ele foi e fazia. Ele faleceu em 1931 e seu corpo é levado de volta para o Líbano. Em toda sua vida ama profundamente a sua terra natal e não teve oportunidade de voltar em vida.

Sua obra escrita é mais famosa que suas pinturas, e sobretudo “O Profeta” eu diria que se forem colocar livros de poesia na sua cabeceira esse tem que ser o primeiro porque ele é simplesmente perfeito em cada capitulo. Ele é pedagógico até nas virgulas, muito conhecimento sintetizado, muito bonito.  Foi traduzido em 40 idiomas até o momento, seja em termos de literatura sobretudo de prosa poética, que é o que ele faz. Não conheço um livro tão popular, enfim, em 40 idiomas esse livro foi traduzido. Acho interessante que ainda haja muita gente no Brasil que nunca leu o profeta, que nunca tinha ouvido falar.

Sim, é verdade, nossa cultura ainda é pobre, muita gente lutando pela sobrevivência, dentro da ignorância. Não tem chance de ler um livro como esse, e quando fazem, como eu fiz no passado, não encontra essa fonte de sabedoria que a Lucia Helena tão bem explica. Ajuda a incorporar alguns conceitos, mas não te forma tão completa quando fazemos a leitura orientada que a filósofa nos instiga.


Publicado por Sióstio de Lapa em 03/11/2019 às 08h43


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr