Meu Diário
14/11/2019 00h58
O AMOR E SEUS CORRELATOS

            Para o estudante do Evangelho, o conjunto de lições que o Cristo nos deixou, ele deve ter atenção com os correlatos do amor: simpatia, amizade, desejo, paixão. Todos são metamorfoses da expressão do amor, de um grau mais leve para um mais profundo.

            A simpatia é aquele sentimento de bem-estar na presença de alguém que vemos pela primeira vez. Não é necessário nenhum tipo de comunicação, basta o olhar, sintonizado ou não. Tudo nessa pessoa nos atrai, sua forma de agir, de falar, de sorrir, de olhar...

            A amizade pode ser feita por qualquer pessoa que se aproxima de nós. Claro, se é uma pessoa simpática a amizade se torna mais fácil. Se é uma pessoa do sexo oposto, a amizade se torna mais fácil ainda. Existe uma força instintiva de aproximação.

            O desejo é a força instintiva que faz a aproximação, de preferência das pessoas simpáticas. É aqui que reside o maior perigo da transformação do amor, que deve ser sempre uma força positiva dentro dos relacionamentos. Quando o desejo visa apenas o prazer, desconsiderando os interesses do parceiro, torna-se negativo. Não merece mais o título de correlato do amor, pois dele se desprendeu. Torna-se mais relacionado ao egoísmo, ao prazer individual que não tem cuidado com o outro, considera mais um objeto de prazer do que um parceiro com idênticas necessidades. O desejo quando permanece como correlato do amor, tem todo o cuidado com a pessoa que despertou seus desejos. Mede suas palavras, suas ações e até o seu olhar. Não pode causar constrangimento no outro. Se sentir que a manifestação dos seus sentimentos pode causar mais dano do que bônus, jamais ele se manifestará. Agora, como saber que essa revelação não irá causar prejuízos? Mesmo que não exista nenhum impedimento jurídico ou social? Mas cada pessoa possui seus paradigmas de vida, e esses podem se considerar invadidos. Forma-se a dúvida! O Cristo já nos ensinou que devemos eliminar a dúvida, batia sempre em Tomé por causa disso. Mas, eliminar a dúvida quando estivermos certo de alguma condição, como acreditar no mundo espiritual sem nunca ter percebido tal mundo com os sentidos naturais. Neste caso, de um relacionamento que tende a se aprofundar, não existe essa certeza. Ficamos num impasse. A simples revelação dos sentimentos pode ser positiva ou negativa. Pode ser causa de um bem ou de um mal. Que faria o Mestre nessa condição? Revelaria ou não o que sentia. Bem, essa é uma comparação tola. O Mestre teria condições de perceber se a pessoa receberia bem ou mal a informação, se seria útil ou não para ela. Estou muito aquém dessa condição. Tenho que usar a bússola que Ele, o Mestre ensinou para situações de dúvida como esta: “fazer ao próximo o que desejarias que fizessem a ti”. Sim, se a pessoa usa o desejo como correlato do amor, eu desejaria que ela confessasse a realidade do que sente. Não que isso servisse de obrigatoriedade para gerar um sentimento semelhante. Mesmo que isso não acontecesse, da reciprocidade de sentimentos, de desejos, a amizade seria reforçada, pois ambas estariam sintonizadas com o amor. Aquela máxima que dizem sempre, que homem e mulher não podem ser amigos, seria derrubada pela força do amor.

            A paixão surge quando a força do desejo é tão forte que domina os pensamentos, a criatividade. Se vem da fonte do desejo divorciado do amor, é um perigo enorme para ambos os envolvidos, principalmente para aquela pessoa que é o motivo da paixão. Mas se a paixão vem da fonte do desejo correlato do amor, tudo é positivo, a motivação de fazer máximo de bem possível para a pessoa amada é o que prevalece, tudo é administrado com harmonia, na base da verdade, em todas as circunstâncias ao redor.


Publicado por Sióstio de Lapa em 14/11/2019 às 00h58


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr