Meu Diário
18/11/2019 00h16
ESPÍRITAS À ESQUERDA

            Vejamos esse material que encontrei nas redes sociais que trata do comportamento que deve ter o cristão, nesse momento de conflitos ideológicos em que nos debatemos. Importante raciocinarmos com os argumentos que o Mestre nos ensinou...

A educadora Dora Incontri, da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita (ABPE), enviou aos espíritas progressistas reunidos no I Encontro Nacional Espíritas à Esquerda, em Salvador, a mensagem abaixo.

A leitura dessa mensagem, feita durante o evento pela querida Ana Claudia Laurindo, foi mais um momento de extrema alegria para todos.

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Carta aos Espíritas à esquerda

Queridas e queridos presentes aqui, ou conectados pela mente e pelo coração, como eu, que escrevo de Bragança Paulista, pelo menos para me fazer presente com palavras e ideias, já que não pude comparecer em carne e osso.

Não é preciso dizer que estamos atravessando um momento histórico complexo e que muitas vezes nos deixa atônitos e angustiados. O capitalismo, encarnado agora como neoliberalismo, sustenta-se nas raízes milenares do patriarcado, da escravização dos povos, da opressão violenta dos corpos e das almas. Mais miséria, mais exploração, mais repressão se delineiam no horizonte, já que a ideia do Estado mínimo é o Estado com nenhum benefício social e com o máximo de repressão militar – como estamos assistindo agora mesmo no Chile – país que foi o laboratório dessa agenda neoliberal predatória.

Ainda nesse cenário, apresenta-se o nosso planeta, em graves convulsões climáticas, também provocadas pelo poder do capital, inconsequente, que devasta, queima, explora e mata.

E nós, espíritas, que nos achávamos possuidores de todas as respostas, de todas as soluções, como nos supúnhamos no ápice da evolução espiritual, estamos divididos entre aqueles que aderem a essa agenda, seja por má fé ou ignorância, e aqueles que, como nós aqui dessa ala, nos vemos perplexos e às vezes desanimados.

Considero, entretanto, alvissareira a notícia de que estamos nos unindo, pelo menos uma parte do movimento espírita – e a meu ver este grupo está crescendo – para tratarmos pautas urgentes de mudança do mundo e de ativismo consciente.

O espiritismo é uma filosofia progressista – vem do iluminismo e atualmente deve ser relida como tal, dentro dos parâmetros progressistas do século XXI. As pautas que nos interessam hoje, a nós, espíritas à esquerda são inúmeras: a igualdade e a justiça social, a superação do patriarcado; o combate a toda espécie de preconceito e discriminação; o cuidado com a Mãe terra, tão extenuada, que grita por socorro… Como são pautas que interessam a outros grupos progressistas como nós, fora da redoma espírita, devemos fazer pontes de diálogos com eles – porque mais do que nunca precisamos unir forças em torno de objetivos comuns.

Há tanto a fazer, há tanto por que lutar… por isso não nos cabe o desânimo, não nos cabe a apatia, não nos cabe a deserção e nem uma suposta neutralidade, que possa significar conivência com o ódio, com a violência e com a exploração.

Como espíritas, cabe-nos a luta, sem violência; a resistência firme, sem ódio; o trabalho pela melhoria da sociedade e do planeta, mesmo com sacrifício de nossos interesses pessoais.

Como espíritas, cuidemo-nos uns dos outros, para aguentarmos os tempos sombrios que ainda demorarão um tanto a passar; conectemo-nos também com os Espíritos que já lutaram em suas épocas em todas as plagas, para melhorar um tanto esse mundo. Lembro aqui o próprio Jesus, que entendemos não como um mito a ser adorado, mas como um exemplo de amor e fraternidade a ser seguido; lembro Francisco de Assis, Gandhi, Martin Luther King. Entre os educadores, lembro Comenius, Pestalozzi, Kardec. Entre os brasileiros, lembro Eurípedes Barsanulfo, Anália Franco, Herculano Pires, Chico Mendes, Betinho, Darcy Ribeiro, Paulo Freire e tantos outros. Lembro também Léon Denis, operário, autodidata, que promoveu um diálogo entre socialismo e espiritismo. Entre esses citados, há católicos, protestantes, espíritas, hindu e ateus… a todos esses e outros que possamos lembrar, evocamos para nos inspirar e nos fortalecer nessa luta. Porque agora é a nossa vez! Agora é a nossa oportunidade de dar a nossa contribuição. E que essa contribuição não seja apenas de palavras, mas de gestos concretos, de vivências reais.

Um grande abraço a todos os presentes e envio meus votos de que esse evento seja o início de um grande e fecundo movimento de espíritas à esquerda… Que esse e outros encontros possam gerar propostas de ação palpáveis, coletivos atuantes e engajar a todos nós, mais ainda, no propósito de resistir ao avanço das sombras, clareando os caminhos para um novo tempo!

Dora Incontri

Associação Brasileira de Pedagogia Espírita

Bragança Paulista, 25 de outubro de 2019

            Nós, espíritas cristãos, que pretendemos seguir as lições de Amor que o Cristo veio nos ensinar e construir o Reino dos Céus a partir da renovação íntima, devemos ter o máximo de cuidado para não sair do caminho da luz, da verdade e terminarmos enrodilhados em narrativas que se pretendem justas, mas carregadas de ideologia materialista, seja de direita ou de esqu9erda.

            Nós, enquanto seres humanos, ainda cheios de ignorância, podemos ser induzidos em direções falsas até com certa facilidade. Por isso o grande esforço que o Mestre veio até nós para nos ensinar sobre o caminho, a verdade e a vida, com o seu próprio exemplo, sacrifício e morte.

            Aprendemos que devemos fazer a vontade do Pai, construir o Reino de Deus com a base da família universal. A vontade do Pai não pode estar desviada nem à direita nem à esquerda. Quem pode ficar nesses desvios somos nós, sem a sabedoria necessária para permanecer no centro, na vontade do Pai.

            Então, como ficar no centro? Fazer a vontade do Pai? Primeiro, limpar o coração de todo o egoísmo e seus derivados (orgulho, vaidade, prepotência, narcisismo, agressividade, falsidades, etc.). Segundo, permanecer no centro, não entrar nem a direita nem à esquerda, e orientar a cada irmão que esteja fanatizado ou hipnotizado dentro de qualquer desvio, para não cometer as iniquidades morais ou materiais que sejam incentivados. Lembrar que estamos em guerra espiritual e que nossos principais adversários são os principados e potestades, influenciados pelas trevas da ignorância.


Publicado por Sióstio de Lapa em 18/11/2019 às 00h16


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr