Meu Diário
29/12/2019 00h28
DOIS PAPAS (03-CORRUPÇÃO)

            No filme da Netflix, baseado em fatos reais, são apresentados diálogos interessantes entre o papa Bento XVI e o cardeal Jorge Bergoglio, que é importante vermos e refletirmos. Vou ter a permissão de entrar na conversa, como uma ovelha disposta a aprender com meus pastores, podendo colocar minhas opiniões e dúvidas sobre o que se está tratando. Deixo a mesma permissão aos meus leitores, e principalmente nas críticas por minhas intervenções.

            O Cardeal Jorge Bergoglio, da Argentina, continua a conversar com o papa Bento XVI em sua residência de verão, caminhando ambos pelo jardim.

            -B – Tem respostas prá tudo, não tem? Tenho que andar... vamos! Você é esperto, muito esperto. Perceba meu dilema. Você é eloquente e popular. Se eu permitir que se aposente, pareceria um protesto. A Igreja está sendo atacada, por que abandoná-la aos inimigos? Diga-me, o pastor foge quando os lobos aparecem?

            -J – Não estou fugindo. Eu ficarei numa paróquia e serei o pastor dessa gente.

            -B – Não está entendendo. Você quase se tornou papa. Sua aposentadoria soará como uma crítica. O jeito que vive é uma crítica. Seus sapatos são uma crítica.

            -J – Não gosta dos meus sapatos?

            -B – Não faça piada com tudo que digo, por favor. É desonesto e cínico. Tenha respeito e mostre a sua raiva. Acha que a Igreja está falhando?

            -J – Estamos perdendo fiéis.

            -B – E isso é culpa da Igreja? E não da cultura, do relativismo e da permissividade? Onde aceitam tudo, ou como dizem? Do vale tudo? Tudo é permitido? Pois é. Disse que a Igreja é narcisista, ou foi mal interpretado?

            -J – Não, eu disse isso. Parece que sua Igreja...

            -B – Minha Igreja?

            -J – Nossa Igreja... está indo por um caminho com o qual não consigo compactuar, ou nem mesmo está indo para lugar algum, e nesse momento que pede mudança. Santo Padre, não quero mais ser um vendedor.

            -B – Vendedor?

            -J – É uma metáfora. Vendedor de um produto.

            -B – Produto?

            -J – Vendedor de um produto que... não consigo mais endossar.

            -B – Em que não acredita?

            Crítica forte do Papa Bento à tendência irônica do Cardeal Jorge. Desonesto e cínico. Realmente, o Papa se mostrou muito incomodado, e demonstrou.

            O Cardeal Jorge entra em outra linha de raciocínio muito complicado para a liderança da Igreja, principalmente para os princípios cristãos: a perda de fiéis! O Papa ver a mudança nos costumes, da cultura, do relativismo, da permissividade, como o motivo. O Cardeal imagina que a Igreja está indo por um caminho que não pode compactuar. Mas qual é esse caminho? O caminho dos dogmas da Igreja? O caminho das iniquidades que ocorrem entre os membros da própria Igreja? Para onde o Cardeal quer que a Igreja caminhe? Para juntar-se aos costumes modernos? Ao relativismo e permissividade?

            Acredito que a Igreja deva ser firme na manutenção dos princípios cristãos e qualquer mudança na cultura, nos costumes, que venham afrontar esses princípios devem ser combatidos e não ser cooptados por eles. Este é um ponto da máxima importância! Não devemos ficar fascinado por uma ideologia que tenta modificar os costumes somente com o seu encanto superficial, de ir em defesa dos pobres. Devemos ser simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes, pois senão iremos fazer o jogo do inimigo e ficar muito afastado das lições do Cristo.

            Ações de corrupção são graves pecados. São crimes que atingem milhões de pessoas. Algumas vezes focamos num pedófilo que usa batina e deixamos despercebido um corrupto que usa gravata e que tem milhares de comparsas ao seu redor e além. Observamos o argueiro e não observamos a trave em nossos olhos. A corrupção, presente em todos os espaços da sociedade, devem ser observados, denunciados e seus agentes punidos de acordo com sua gravidade. Mesmo que isso corte a nossa carne, pois muitas vezes alguém próximo, carnal ou espiritual, estão se beneficiando, direta ou indiretamente dos frutos podres da corrupção, sem perceberem o mau cheiro que termina por entrar na sua essência.

            Eis o maior cuidado que os gestores dos princípios cristãos deva ter a maior preocupação, e isso parece não acontecer em nenhuma parte do mundo, inclusive no Vaticano.


Publicado por Sióstio de Lapa em 29/12/2019 às 00h28


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr