Meu Diário
03/03/2020 00h02
ALMA EM BRISA

            Encontrei um poema nas redes sociais, pretensamente escrito por Mário de Andrade, dirigido a pessoas acima de 50 anos, portanto dirigido também para mim, que achei interessante reproduzir aqui e dividir com meus leitores da mesma faixa etária as nossas reflexões.

MINHA ALMA ESTÁ EM BRISA

 Mário de Andrade

Contei meus anos e descobri que tenho menos tempo para viver a partir daqui, do que o que eu vivi até agora. Eu me sinto como aquela criança que ganhou um pacote de doces; O primeiro comeu com prazer, mas quando percebeu que havia poucos, começou a saboreá-los profundamente. Já não tenho tempo para reuniões intermináveis ​​em que são discutidos estatutos, regras, procedimentos e regulamentos internos, sabendo que nada será alcançado. Não tenho mais tempo para apoiar pessoas absurdas que, apesar da idade cronológica, não cresceram. Meu tempo é muito curto para discutir títulos. Eu quero a essência, minha alma está com pressa ... Sem muitos doces no pacote ...

Quero viver ao lado de pessoas humanas, muito humanas. Que sabem rir dos seus erros. Que não ficam inchadas, com seus triunfos. Que não se consideram eleitos antes do tempo. Que não ficam longe de suas responsabilidades. Que defendem a dignidade humana. E querem andar do lado da verdade e da honestidade. O essencial é o que faz a vida valer a pena. Quero cercar-me de pessoas que sabem tocar os corações das pessoas.

Pessoas a quem os golpes da vida, ensinaram a crescer com toques suaves na alma

Sim ... Estou com pressa ... Estou com pressa para viver com a intensidade que só a maturidade pode dar. Eu pretendo não desperdiçar nenhum dos doces que eu tenha ou ganhe... Tenho certeza de que eles serão mais requintados do que os que comi até agora.

Meu objetivo é chegar ao fim satisfeito e em paz com meus entes queridos e com a minha consciência. Nós temos duas vidas e a segunda começa quando você percebe que você só tem uma...

            Belo desabafo com a percepção da finitude que se aproxima. Pena que o autor não tenha a percepção da vida eterna, como nós, espíritas, possuímos. Os doces que nesta atual vida já começam a escassear, sinaliza a volta a pátria espiritual, onde a vida real se processa. Voltarei para tentar corrigir os erros que cometi e não consegui resolver. Terei novamente meu pacote de doces completo. Irei ter novamente a oportunidade de saboreá-los, principalmente se os erros registrados na minha alma puderem ser superados.

            Ficarei perto de minhas responsabilidades, tentando cumprir a missão que o Pai me destinou, por isso não poderei me esquivar de reuniões para implantar diversos serviços, mesmo sabendo que irão ficar a cargo de pessoas que talvez não consigam colocar em prática. Saberei ter a humildade de reconhecer que dependo do próximo para a realização de minhas tarefas, que estamos todos conectados nesta grande teia da vida, mesmo que o ciúme, egoísmo e orgulho de muitos tentem desatar alguns nós de relacionamentos que o Pai nos proporciona. Mas isso faz parte de nossas deficiências, o Pai vê tudo e compreende e fica torcendo que nós absorvamos as lições do Cristo para nos livrarmos de tantas mazelas, e podermos todos caminharmos para a Luz, na harmonia da família universal onde todos estaremos incluídos, vivendo no Reino de Deus.


Publicado por Sióstio de Lapa em 03/03/2020 às 00h02


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr