Meu Diário
06/08/2020 00h04
ANIVERSÁRIO... DE QUEM?

            Sabemos da existência do corpo e do espírito. Sabemos que Deus criou a matéria e o principio inteligente. Sabemos que estamos com nosso princípio inteligente, evoluído para espírito, está encarnado na matéria, evoluído para um corpo biológico. Sabemos que em nossa cultura costumamos festejar o dia que nosso corpo biológico foi parido, veio à luz, como o dia do nosso nascimento. A maioria das pessoas acreditam que nossa existência é contada a partir dessa ocorrência, do parto. Mas, façamos algumas reflexões...

            O Espírito imortal, portador de nossa consciência, evolui por séculos e séculos, usando o corpo físico como uma farda escolar. Cada existência biológica terminada, implica em deixarmos a farda e voltarmos para o nosso lar original, a pátria espiritual, e nos preparar novamente para voltar à escola de posse de nova farda biológica.

            Portanto, a hora do parto significa apenas que o Espírito eclodiu para a luz equipado com o novo corpo, uma nova farda escolar, que ele deverá administrar nesta nova existência. É um momento importante, reconheço, mas não significa que seja o início de uma vida. Se a cada ano festejamos, conforme a cultura, o aniversário do nascimento de uma pessoa, devíamos ter na consciência que isso é um ato simbólico para a entrada do Espírito em uma nova existência, com autonomia biológica, mesmo que seja dependente comportalmente.

            O Espírito se expressa através da função cerebral que deixa fluir a consciência e dentro dela os atributos espirituais com autonomia suficiente para direcionar o comportamento de acordo com a vontade acionada pelo livre arbítrio.  

            O livre arbítrio é o setor onde é processado o raciocínio com esteio na genética e na educação. É exercido pela ação da vontade, dentro das circunstancias oferecidas por Deus e escolhidas conforme o menu à nossa disposição.

            Uma pessoa sofre AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais) e fica próximo a entrada no mundo espiritual. Mas, com muito esforço, os familiares deixam esse espírito preso ao corpo, procurando manter a sua vida a todo custo. Chega o dia do aniversário do corpo dessa pessoa ter eclodido para o mundo, mas o espírito não consegue mais operar dentro dele, dentro da mente, pois o cérebro sofreu destruição significativa e não consegue mais concluir as operações suficientes para manter as funções mentais superiores (memória, inteligência, coerência, estabilidade do humor, afeto, etc) dentro da sanidade mental. 

            Durante a simples festinha de aniversário, presente apenas os parentes mais diretos, talvez o espírito lute para fazer alguma conexão, mas somente é expresso comportamentos repetitivos, reflexos, sem qualquer profundidade racional.

            Cria-se dessa forma um dilema afetivo: devemos estar contentes pelo corpo ainda está vivo e segurar o espírito ou ficar tristes pois o espírito já merecia estar solto e ficar mais perto de Deus, como era sempre sua intenção na vida? 


Publicado por Sióstio de Lapa em 06/08/2020 às 00h04


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr