Meu Diário
20/09/2021 00h18
À PROCURA DO CENTRO 

            Entendo que a minha vida funciona como uma roda girando em torno de um eixo. Fui criado por Deus, simples e ignorante, para aprender com as oportunidades que me chegam por sua providência, principalmente no campo material que é o “campus” de aprendizagem. Assumo um corpo material que me permite ir adquirindo esse aprendizado, desde as lições mais primárias, ligadas ao reino mineral, passando pelo vegetal, pelo reino animal, até atingir a condição do hominal, onde me encontro agora. Tendo me desvencilhar das influências instintivas do reino animal e assumir cada vez mais as virtudes do reino angelical. Para isso acontecer, tenho que corrigir os diversos erros que cometo na escola material, principalmente no planeta que me encontro, classificado como planeta de Provas e Expiações. A cada necessidade de corrigenda, volto a reencarnar no planeta, na periferia da “roda”, que gira e com sua força centrífuga tende a me levar cada vez mais à periferia. Tenho que vencer essa força de distanciamento do centro, onde se encontra a energia imanente e transcendente de Deus, que faz tudo funcionar, todas as rodas. 

            Com a ajuda do Cristo, que veio enviado por Deus para nos ensinar como se aproximar do centro, como se aproximar do Pai, aprendi que a forma mais eficaz é praticar o amor incondicional ao invés do amor condicional. Entendo a lógica do que o Mestre ensinava, aceitei a verdade de suas lições e, para ser honesto com o aprendizado, passei a praticar, mesmo que sofresse severas críticas de todos ao meu lado, pois parece que todos entendem a teoria, mas que ninguém entende a prática. Não era essa falta de compreensão que iria me deter. Eu já estava vislumbrando o caminho em direção ao Centro, em direção à Deus. Nada poderia me impedir, nem mesmo todo o sofrimento que eu passava a sofrer sem ninguém perceber, disfarçado no prazer que todos imaginavam.

            Entendi que a prática do amor incondicional iria no primeiro momento quebrar as regras do casamento, o compromisso da fidelidade conjugal, do amor exclusivo, que eu havia assumido. Mas, era minha decisão: ou ficar nesta encarnação girando na periferia e esperando nova encarnação, no mesmo nível ou mais distante do Centro, ou decidiria quebrar as regras e me aproximar de Deus, praticando o amor incondicional que o Mestre ensinou, inclusive com a bússola comportamental, de fazer ao próximo aquilo que desejamos seja feito a nós. 

            Os prazeres existiam dentro deste novo paradigma de vida que eu assumia, como todos podiam imaginar, pois com a quebra do amor exclusivo da fidelidade conjugal, eu permiti a aproximação afetiva com outras pessoas e que podiam me levar até o clímax do prazer sensual/sexual. Mas ninguém percebia o sofrimento que me atingia ao perceber o sofrimento de minhas companheiras, quando viam que meu paradigma de amor incondicional que a havia incluído, não iria ser desprezado por eu ter me aproximado delas. Elas entendiam, enfim, que eu não me aproximara delas por causa do romantismo de ter encontrado a mulher da minha vida. Entendiam que eu estava á procura de outra coisa, entendiam que eu procurava outra mulher... parece que minhas palavras de estar à procura do Reino de Deus caiam no vácuo da incompreensão, de uma espécie de loucura de alguém que coloca Deus como motivo de ter prazer sexual. Isso elas não podiam aceitar e tinham que se ver livres de mim.

Além do sofrimento por ser rejeitado e expulso algumas vezes, com raias de violência por parte delas, ainda tinha o sofrimento dos filhos que perdiam minha condição de instrutor para suas vidas e tinham apenas a opinião da mãe, opinião distorcida pelo sofrimento que ela experimentava. Eu não podia brigar por um contato que ela raivosamente dizia não querer, nem para ela e nem para os filhos. Deixei que o tempo se encarregasse de levar a verdade para cada um deles e segui o meu caminho, com a alcunha de ser perverso, de fazer todos que se aproximassem de mim afetivamente, sofrerem. Essa é uma verdade, não vou negar, mas é um sofrimento que todas sabem que podem passar, pois não nego a ninguém o caminho que estou percorrendo, e rogo a Deus que surja uma companheira que me entenda suficientemente para ser carne da minha carne, que sofra os meus padecimentos e goze dos meus prazeres, como carne da minha carne, como está escrito na Bíblia.

            Enfim, assumo até hoje esse novo caminho que me aproxima de Deus, tentando praticar o amor incondicional que já aumentou minha família nuclear em família ampliada e que me prepara cada vez mais para a família universal, como eu vejo cada vez mais sinais de sua aproximação. Este prazer de eu sentir que me aproximo do Centro, do Pai, é que me dá forças para eu resistir ao sofrimento que essa caminhada provoca.   


Publicado por Sióstio de Lapa em 20/09/2021 às 00h18


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr