Meu Diário
17/03/2022 00h01
A ÚLTIMA CRUZADA (03) – O FIM DO MUNDO

            Vou fazer este trabalho de resgate da nossa História, transferindo para este espaço o documentário produzido pela Brasil Paralelo, publicado em 20 de setembro de 2017, com a participação de diversos convidados que colocam suas opiniões, como forma de contribuir para o burilamento de nossas consciências quanto a Verdade.

            A terra que hoje abriga Portugal era considerada o fim do mundo.

A fronteira com o oceano desconhecido sempre foi atraída e cobiçada. Diversos povos viveram por lá até virarem sessão do império Romano, a entrada das tribos germânicas, dos suevos e visigodos.

            Os visigodos formaram cidades na Europa Ocidental e durante três séculos ocuparam grande parte da Península Ibérica, preservando e absorvendo a cultura dos seus antepassados.

            Como essa cultura veio parar no Brasil?

            O que a guerra entre diferentes visões de mundo tem a ver com nossa história?

            Para enxergar melhor o presente, nós precisamos voltar um pouco no tempo.

            No ano 700 ad, aproximadamente, surge a fé mulçumana. Ela estava se ampliando em todo Oriente médio, norte da África.

            A fé mulçumana nasce em Meca, na Arábia Saudita, com Maomé. Era o pregador que dizia ter recebido a revelação de ser um enviado de Deus. Nesta revelação, a missão dele seria resgatar ensinamentos feitos por profetas como Moisés, Abraão e Jesus. Mas ao longo do tempo muito foi distorcido. Então, muitos adeptos, após sua morte, compilaram seus ensinamentos no Alcorão, livro que embasa a fé islâmica e discorda das crenças judaicas e católicas.

            Também eles criaram a jihad, a guerra de manter o islamismo pleno dentro de si para o maior número de pessoas possíveis.

            Desta forma, buscaram alargar os horizontes do território islâmico, incialmente tomando o Oriente Médio e o norte da África, depois entraram na Europa Ocidental.

            A estratégia foi longa na duração e rápida na conquista. Os muçulmanos precisaram de menos de uma década para dominar a maior parte do território europeu.

            A invasão começou em 711 ad e em três anos já habitavam a maior parte da Península Ibérica. O curioso é que essa ocupação foi incentivada pelas mesmas pessoas que habitavam a região.

            Os visigodos viviam em disputas internas, e por causa dessa rivalidade uma facção dos visigodos pediram ajuda a um líder muçulmano do norte da África. Ele não só atendeu o pedido, mas também deu-se conta da riqueza do território e aproveitou para toma-lo para si.

            A entrada foi muito rápida. Eles entraram precisamente por Gibraltar e se espalharam pela Espanha, e gradualmente foram tomando as vilas e cidades. Aos poucos a península foi sendo conquistada e se expandiu até a Luzitânia.

            As teorias que os historiadores levantam quanto a facilidade da invasão, foi em primeiro lugar que o reino visigótico não deixava que as populações de origem romana tivessem acessos a armas ou a exércitos. Era um processo de desarmamento que facilitou a queda do seu próprio Estado.

            Os que escaparam fugiram para o alto das grandes montanhas no norte da Península Ibérica. Estabeleceram o chamado Reino das Astúrias. Aclamaram Dom Pelágio como seu novo rei.

            A fé muçulmana surge quando já existia a fé cristã. Os muçulmanos invadem as terras habitadas pelos cristãos e impõem a sua fé à força da espada. Os cristãos recuam para sobreviver e manter a sua fé.

            Observamos neste ponto um conflito ideológico sobre a fé, sobre o verdadeiro Deus e seu representante aqui na Terra. Como sair de tal conflito de fé sem o uso da espada? Como uma compreensão adquirida da existência de Deus e de como agir para nos melhorar e aproximar dessa divindade que é imaginada como o Criador de tudo, o Pai de todos?

            O Cristianismo defende que todos somos filhos do mesmo Pai, por isso somos todos irmãos. Devemos compreender a ignorância dos irmãos e por isso devemos amá-los como a nós mesmos, pois se nós fôssemos ignorantes de alguma verdade, gostaríamos que algum irmão viesse nos ensinar. Foi isso que Jesus fez em sua missão junto de nós. Ensinar essa forma de amar, até mesmo aos inimigos, até mesmo de oferecer a outra face ao adversário ignorante que nos machuca. Exemplificou isso na cruz, sob os mais ignóbeis suplícios.

            Ao aceitar Jesus como o filho mais evoluído que Deus mandou para nos ensinar sobre a Sua essência que é o amor, como trocar por outro, à força da espada? A esse agressor que nos atinge com tais objetivos, não podemos oferecer a outra face, pois ele não está no nível de aprendizado e sim de aplicar o seu método de cooptação ou de escravização. O nosso método cristão de cooptação é pelo exercício do amor, mas devemos usar a espada para nos defender da ameaça de nos obrigar a abandonar o nosso Pai em direção a outro, cuja essência não é o amor racional, fraterno, construtivo, e sim a obediência fanática, destrutiva, mortal.

            O Islamismo marchou contra o Cristianismo na Europa Ocidental, com pouca resistência organizada. Portugal, o nosso berço enquanto nação, estava localizado no ponto mais extremo do ocidente, no fim do mundo. Mas foi aí que a história que vamos conhecer mostra que o Cristianismo se fortaleceu e deu condições para suas caravelas identificadas pela cruz do Cristo chegar até nós, com a indicação espiritual que seríamos “O coração do mundo e a pátria do Evangelho”.


Publicado por Sióstio de Lapa em 17/03/2022 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr